𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potter

𝐘𝟓: A Whole New Perspective

estamos morrendo
desde que chegamos
e esquecemos de olhar a vista

– viva intensamente.

⚠️: sangue, tortura.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

Corri muito rápido, e por um momento esqueci-me de que tinha as pernas machucadas pelos maus tratos do vidro que caíra sobre mim. Ignorei os chamados de Remus, deixando qualquer racionalidade de lado quando fui atrás de Bellatrix, jurando a mim mesma que a mataria. Queria que ela experimentasse um pouco do que estava me fazendo passar, do que fizera com meu pai; e pouco me importava se fosse presa depois, contanto que ela estivesse caída aos meus pés. Eu gostaria de vê-la tentar me impedir, gostaria mesmo.

Harry veio atrás de mim, e não consegui dizer com clareza se ele estava tentando me proteger, ou se queria matá-la também. Talvez os dois.

— Eu matei Sirius Black, eu matei Sirius Black! — os gritos dela podiam-se ouvir de longe, fizeram borbulhar meu sangue.

Passei pelas portas duplas de um corredor e a vi, saltitando feito uma criança de seis anos, fugindo em direção às dezenas de lareiras enfileiradas que se dispunham atrás de grades de ouro envelhecido. Ah, se ela acreditava que ia fugir, então estava muitíssimo enganada.

Meus passos ecoaram pelo grande Átrio, fazendo atrito com o chão. Bellatrix parou e deu meia volta, desviando o olhar de meu corpo para o de Harry, e depois novamente para mim conforme divertimento dançava em seu olhar.

Ela sorriu, e o brilho do piso de mármore polido humilhou sua arcada dentária apodrecida. Parei de correr subitamente, e Harry quase tropeçou em mim.

— Por que parou, Mckinnon Black? — riu Bellatrix. — Pensei que estivesse aqui para vingar a morte de meu querido primo.

— Traga-o de volta! — gritei, dando alguns passos à frente e ficando a uma distância não muito segura da mulher. — Traga-o de volta! — dei mais um passo.

— Menina burra — zombou ela. — Aquele não é um véu mágico qualquer. Foi forjado pelos próprios deuses da Morte para que quem passasse por ele jamais pudesse voltar à vida. Somente um de seus ancestrais poderia fazê-lo voltar, e pela primeira vez agradeço por não ser uma.

Recusei-me a pensar nas vozes que falavam comigo por trás do véu, pedindo ajuda. Gritavam tanto que o ar me ensurdecia. Recusei-me a deixar que a cena se repetisse em minha cabeça, embora fosse difícil não visualizar papai tropeçando nos próprios pés e caindo de novo e de novo e novamente. Recusei-me até mesmo a pensar, bloqueando cada extinto que berrava para que eu fugisse, negando minha intuição que dizia para agarrar a mão de Harry e correr para o mais longe possível dali.

Parte de mim sabia que daria errado. Parte de mim sabia que estávamos correndo perigo; mas sequer pensei antes de avançar sobre Bellatrix e fechar o punho contra seu nariz pela lateral, fazendo o rosto dela virar para o lado devido à intensidade do golpe e derramando gotas de sangue pelo chão. O vermelho manchou o mármore tão intensamente que doía nos olhos.

Bellatrix nem mesmo cobriu o nariz com a mão para estancar o sangue, nem mesmo gemeu de dor. Não: ela sorriu, observando as gotas escuras que caíam, e lentamente levantou a cabeça, olhando em meus olhos com uma espécie de fome voraz brilhando dentro de si. Sangue escorreu por entre seus lábios e manchou os dois dentes da frente, tão tortos como agora estava seu nariz quebrado. Atrás de mim, Harry tentava controlar a própria respiração, mas eu sabia que, assim como eu, também estava tremendo.

— Você é tão ingênua, garotinha levada — cantarolou. — Tão estupidamente ingênua.

Senti uma onda de ódio me consumir.