Respirei fundo pela milésima vez e tentei relaxar no sofá que ficava de frente para a enorme tapeçaria da família Black, pensando no que acabara de acontecer.
Eu odiava não estar no controle da minha própria vida.
Odiava não poder controlar os impulsos nervosos do meu cérebro e os batimentos acelerados do meu coração. Odiava as crises de ansiedade que surgiam sem motivo algum e que iam embora com a mesma velocidade com a qual tomavam conta de mim. Odiava quando as outras pessoas tentavam me manipular e controlar, odiava brigar com os meus melhores amigos e, principalmente, odiava não poder fazer nada a respeito da morte de Cedric.
É claro que eu podia fazer as pazes com Harry, assim como podia espantar aquela sensação de fragilidade para longe sempre que eu me esforçasse um pouquinho mais do que o normal; mas eu sabia que controlar o incontrolável era impossível. Era o mesmo princípio de tentar domesticar um animal selvagem (não há como fazer isso), e eu me sentia idiota por tentar seguir esse caminho.
Eu detestava sentir que era frágil porque, na minha cabeça, eu deveria ser forte e persistente para que pudesse cuidar dos outros — e não o contrário. Talvez fosse por isso que eu não costumava pedir ajuda quando os meus problemas começavam a crescer e ficar grandes demais. Eu gostava de demonstrar força (mesmo quando tal fato fosse mentira) porque eu queria que as pessoas soubessem que eu podia estar no controle, se quisesse.
Despertei dos meus pensamentos quando Harry tropeçou na mesinha de centro e quase derrubou o meu vaso favorito. Papai o detestava, mas eu disse a ele que a falta de cores era o que o deixava interessante. Coisas quebradas também podem ser surpreendentemente bonitas.
Estreitei os olhos quando o garoto sentou ao meu lado e juntou as mãos sobre as próprias pernas. Harry não ousou encostar em mim novamente, e aquilo suavizou a minha expressão de descontentamento. Ele sabia que eu levava o lance de espaço pessoal a sério e respeitava muito isso.
— Eu achei que tinha dito que precisava de um tempo sozinha — falei, odiando a mim mesma por desejar que ele ficasse ali comigo, e que não saísse nunca mais.
Harry se levantou imediatamente.
— Eu... Me desculpe — pediu. — Eu só queria conversar.
Quando o garoto fez menção de se retirar, segurei-o gentilmente pelo pulso e o puxei de volta para o sofá. Harry olhou para mim, confuso, mas não se afastou quando eu entrelacei os nossos dedos e descansei a cabeça no seu ombro.
Eu não sabia o porquê de estar fazendo isso, mas aquela simples atitude me pareceu certa. Eu o amava e, embora nunca houvesse lhe dito isso da maneira como eu realmente queria demonstrar, desejava que ele soubesse.
— Me desculpe, Hazz — pedi. — Eu nunca deveria ter mandado você calar a boca.
Harry esfregou o seu nariz com leveza no topo da minha cabeça e deixou um único beijo no local.
— Eu que deveria estar pedindo desculpas, S/A. Eu não deveria ter gritado com ninguém, especialmente com você.
— É, não deveria — concordei. — Mas eu te entendo, sabe. Acho que eu faria a mesma coisa, se estivesse no seu lugar.
Ficamos num silêncio agradável por um tempo, apenas aproveitando a companhia um do outro.
Eu me sentia em casa, ali, e não queria estar em nenhum outro lugar. O modo como um simples entrelaçar de dedos me fazia sentir borboletas no estômago me confortava de um jeito bom.
— O que está acontecendo, S/N? — perguntou ele, preocupado. Quando eu não respondi, Harry acrescentou: — Você sabe que pode conversar comigo, não sabe?
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𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potter
Fanfic𝐚𝐫𝐭𝐞. substantivo feminino ? १ 𝐢. produção consciente de obras, formas ou objetos voltada para a concretização de um 𝐢𝐝𝐞𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐛𝐞𝐥𝐞𝐳𝐚 e harmonia ou para a expressão da subjetividade humana. 𝐢𝐢. forma de agir; maneira, jeito. 𝐢𝐢�...