𝐘𝟓: Harry, My Harry

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Harry e eu não chegamos a anunciar que estávamos juntos, mas os nossos amigos souberam assim que voltamos para a Torre da Grifinória de mãos dadas. Não havia muita gente ali fora Ron e Hermione, então o nosso relacionamento não se tornaria algo público tão cedo. É claro que não esconderíamos o fato de ninguém, até porque ambos queríamos trocar pequenos gestos durante os intervalos das aulas, mas também não sairíamos anunciando por aí que éramos um casal.

Hermione quase teve um derrame cerebral quando Harry e eu trocamos um selinho antes de irmos para os nossos respectivos dormitórios, e Ron também ficou muito feliz por nós; mas eu não pude deixar de rir quando o ruivo ameaçou Harry de morte, caso o garoto me machucasse de alguma forma.

Fora as detenções insuportáveis da Umbridge, tudo era perfeito. Harry sempre beijava o topo da minha cabeça quando me desejava um bom dia, me abraçava e me dava atenção quando eu precisava e me ajudava a estancar o sangue que escorria pela minha mão sempre que saíamos da sala daquele projeto de Vaca Rosa. Ele era tudo o que eu sempre quis e, agora que tínhamos um ao outro de todas as formas, eu sentia que estava completa.

Não chegamos a falar com Hermione sobre os castigos de Umbridge porque sabíamos que ela iria se preocupar, mas eu não achava que conseguiríamos esconder tal fato dela por muito tempo. Hermione era inteligente demais, e nos conhecia há mais do que eu podia contar. Mentir para a garota seria o mesmo que tentar esconder os meus cabelos azuis sob um chapéu.

Na quinta-feira, comparecemos à nossa antepenúltima detenção. Cada sessão de tortura era pior do que a anterior porque era como se um novo corte fosse desenhado sobre o primeiro; e ainda havia o fato de que a Umbridge descobrira que éramos o ponto fraco um do outro. Ela me usava para torturar Harry primeiro, mas a pior parte era ter que observar as gotas de sangue escorrendo pela mão dele sem que eu pudesse fazer nada.

E não era apenas algo psicológico. Era como se eu pudesse sentir a dor que ele estava sentindo também.

Fomos dispensados mais ou menos às oito e meia da noite — três horas após o horário marcado. Os corredores estavam praticamente vazios, e a pouca luz que iluminava a nossa passagem era proveniente de um conjunto de archotes que enfeitavam as paredes. Esfreguei as palmas das mãos uma na outra e apertamos o passo.

Com excessão de alguns alunos do sétimo ano, a Comunal estava vazia. Nos acomodamos no sofá que ficava diante da lareira, e eu coloquei os meus pés, agora descalços, sobre o colo de Harry. O garoto permitiu-se descansar e começou a fazer uma massagem relaxante nos músculos tensionados do meu tornozelo e calcanhar.

— Ela está tirando a minha sanidade — comentei, levando os dedos às têmporas e massageando o local. — Como uma pessoa consegue ser tão má?

— Eu me pergunto isso todos os dias — disse Harry. — Mas veja pelo lado bom: apenas mais duas, e nós estaremos livres dela.

Olhei-o com uma expressão pensativa estampada no rosto.

— Não sei se acredito muito nisso — falei. — Mas se você diz...

Deixei-me afundar nos travesseiros macios do sofá e fechei os olhos enquanto apreciava a sessão de massagens que o meu namorado proporcionava a mim.

Meu namorado. Meu Harry. Meu Hazz. Tais palavras eram muito mais acolhedoras do que eu sequer ousara imaginar que seriam, e eu nunca estive num estado tão puro de felicidade.

Harry era perfeito até quando estava sendo imperfeito. O jeito com o qual as bochechas dele ficavam vermelhas sempre que eu roubava um beijo seu, ou a maneira com a qual as nossas mãos se entrelaçavam por baixo da mesa quando estávamos fazendo algum dever de casa; ou, ainda, quando o garoto me abraçava e me acolhia em seu peito; e era como se o meu sangue estivesse impregnado com cada pequena partícula cósmica de Harry, e que estivéssemos em nosso mais puro estado de magnificência transformação.

𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potterOnde histórias criam vida. Descubra agora