𝐘𝟓: The High Inquisitor

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Conforme caminhávamos rumo às estufas para mais uma aula de Herbologia, não pude deixar de notar que a quantidade de pessoas que se dava o trabalho de encarar os resquícios de tinta em meu cabelo diminuiu bastante. A maior parte de seu comprimento ainda era azul, mas, na raiz, a cor natural começava a aparecer. Porém, parei de tentar escondê-lo dos olhares curiosos dos outros, que provavelmente já tinham se acostumado àquilo. A tinta era mágica, e não saía de jeito nenhum — nem se eu tentasse pintá-lo de outra cor. E acredite, eu tentei.

Harry achava que eu ficava bonita, assim. Dizia que gostava de como o azul se misturava ao tom natural dos meus fios, e que isso realçava meu sorriso. Dizia, quando notava que as minhas inseguranças começavam a aparecer, que nada mudaria o fato de que era completamente apaixonado por mim, e que queria ficar comigo, que queria ficar perto de mim.

Suas palavras eram tão doces, e me faziam sentir que era tão amada. Era como se Harry sempre soubesse o que dizer, e do que eu precisava.

Quando eu me sentia mal, Harry me abraçava com tanto cuidado que a tristeza sumia num piscar de olhos. Sussurrava coisas boas em meu ouvido. Beijava meu cabelo, e a curvatura do meu pescoço. Me deixava sentir seu cheiro até pegar no sono, e sorria quando eu o enchia de selinhos por motivo nenhum. Por vezes, dizia que podia escutar meu coração bater, e que amava isso. Amava saber que eu estava bem, e que estava viva ao seu lado, segura em seus braços.

A cada dia, a vontade de dizer que eu o amava aumentava. Preenchia meu cérebro. Esquentava meus órgãos vitais. Mas não era cedo demais para ter tanta certeza?

Por mais que eu quisesse acreditar que sim, talvez fosse mentira. Nos conhecíamos desde sempre, e cuidávamos um do outro até quando sabíamos que não era necessário. Então, eu pensava dessa maneira mesmo que não sentisse vontade — mas acontece que sentia. Eu podia amá-lo, não podia?

Acordei de meus pensamentos quando Harry tropeçou nos próprios pés e esbarrou em meu ombro.

— Desculpe, S/A — pediu ele.

— Tudo bem, está tudo bem.

Houve uma explosão de risadas em algum lugar não tão distante assim, e eu soube que o motivo pelo qual meu Harry havia tropeçado era o mesmo de sempre: Draco Malfoy e seus amigos da Sonserina.

— Olha por onde anda, Potter!

Eles estavam há poucos metros de nós, as cabeças unidas como se participassem de algum tipo de conspiração. Pansy Parkinson ria abertamente de algo que Crabbe dissera, e Draco tinha os braços cruzados junto ao peito, as sobrancelhas erguidas em desafio quando olhou em meus olhos, procurando por respostas negativas. Não encontrou nenhuma. Quando o encarei de volta, seu olhar desviou para o semblante ereto de Harry, que tinha um dos braços em torno de meus ombros.

— Olhe você, Malfoy — revidou ele. — Pelo que eu saiba, você ainda não é cego.

Tentei esconder uma risada, mas não consegui. Estávamos em desvantagem, era verdade, até porque havíamos combinado de encontrar Ron e Hermione nas estufas; mas a situação não deixava de ser engraçada por causa disso. Até mesmo Goyle riu, calando-se somente diante do olhar de advertência de Draco.

— Ah, olhe, ele sabe revidar — debochou o loiro. — Muito bem, Potter, mais cinquenta mil pontos para a Grifinória por isso. É o que o tonto do Dumbledore diria, não é? — ele começou a se aproximar. — Considerando que ele não está batendo muito bem da cabeça?

Um lampejo vermelho iluminou os olhos de Harry, e ele fez menção de dar um passo a frente a fim de respondê-lo de maneira apropriada. Impedi-o com as duas mãos, surpresa com a quantidade de força que precisei usar. Harry estava ficando ridiculamente forte com o passar do tempo.

𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potterOnde histórias criam vida. Descubra agora