𝐘𝟒: The Four Champions

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Eu sempre fui uma pessoa que gostou do primeiro dia de aulas. Não do ato de estudar propriamente dito, mas da oportunidade de recomeçar e tentar ser uma pessoa melhor do que no ano anterior. 

Harry e Ron costumavam dizer que não entendiam o motivo pelo qual eu gostava da volta às aulas, já que eu detestava ter uma rotina fixa e achava cansativo fazer as mesmas coisas todos os dias. Nem eu me entendia direito, para falar a verdade; apenas achava satisfatório ter tudo sob o meu controle desde o início.

Sem tarefas acumuladas. Sem milhões de conteúdos para colocar em dia. Sem pontos da Grifinória perdidos. 

O primeiro dia de aulas era quase sinônimo de perfeição e eu, como a pessoa extremamente detalhista que era, amava isso.

Talvez fosse por esse motivo que eu amava tanto a arte. O fato de que as cores, formas e sons se misturavam perfeitamente sempre foi algo gratificante para mim. Era bom sentir que eu tinha algum tipo de controle sobre o que acontecia ao meu redor, como se as coisas fossem de fácil acesso e descansassem sobre a palma da minha mão. Eu poderia prendê-las com as pontas dos meus dedos sempre que desejasse e afirmar para mim mesma que os fatos aconteciam conforme a minha vontade. 

Naquele dia em específico, Hermione e eu acordamos cedo. Sempre tivemos o costume de nos arrumar um pouco mais do que o habitual para o início das aulas, embora eu não soubesse bem o porquê. Era apenas algo que nós fazíamos, e ponto. 

Trocamos os nossos pijamas pelo costumeiro uniforme da nossa Casa, arrumamos os nossos cabelos, calçamos os nossos sapatos e agarramos as nossas respectivas mochilas por uma das alças. 

— Você conferiu se nós pegamos todos os livros? — Hermione perguntou pela milésima vez. 

— Relaxe, Hermione — falei. — Está tudo aqui. Deixe para se estressar quando os professores começarem a passar os deveres de casa.

Ainda meio receosa, ela permitiu que eu a puxasse pelo braço para que pudéssemos descer as escadas do dormitório feminino.

— Você acha que eles já foram? — perguntei. Ela sabia que eu estava me referindo à Harry e Ron.

— Do jeito que eles são? Não. Ron provavelmente ainda nem acordou. 

Suspirei, cruzando os braços, e me encostei na parede de pedra que separava o dormitório masculino do feminino, localizada entre dois lances de escadas. Hermione ficou de frente para mim, encarando o sorriso malicioso que se formava em meus lábios. 

— E como é que você sabe que ele demora para acordar?

A garota ficou totalmente vermelha.

— Eu não disse isso.

— Aham, sei — falei. — Escute, Hermione. Eu acho que você gosta dele.

— Eu? Gostar do Ronald? Ah, conta outra.

A única coisa que eu pude fazer foi rir.

— E depois sou eu quem não quer admitir que gosta de alguém. 

Eu realmente não queria. Passara tanto tempo tentando convencer a mim mesma de que não sentia nada além de amizade pelo Harry que realmente comecei a acreditar nisso.

— Não sei se você percebeu, mas você acabou de admitir que gosta do Harry — Hermione disse enquanto olhava para as próprias unhas distraidamente.

— Eu não disse isso. 

Ela sorriu como se houvesse acabado de ganhar um prêmio.

Touché.

𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potterOnde histórias criam vida. Descubra agora