𝐘𝟕: Intertwined Fates

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Eu não podia acreditar no que estava acontecendo. Harry, comigo de novo, depois de ter tragicamente morrido durante a guerra contra as Artes das Trevas.

Era bom demais para ser verdade, tanto que pensei que fosse uma miragem. Ou uma aparição, um presente exclusivo da Morte. O fato é que fiquei paralisada por tanto tempo que quase esqueci de que eu precisava respirar. Lágrimas formaram-se em meus olhos, escorrendo antes que eu me desse conta. Minhas mãos tremiam. Harry percebeu isso, e levantou-se, visivelmente preocupado. Dei um passo para trás, morrendo de medo de que ele me tocasse e de que sua pele atravessasse a minha. Caso acontecesse, eu acho que me mataria. Eu definitivamente não aguentaria me despedir de novo dele.

Só que acabei tropeçando. Minhas pernas cederam. Eu teria caído com tudo no chão, mas Harry me segurou antes que acontecesse, mantendo seu corpo junto ao meu, os braços em volta de meu tronco. Seu calor familiar me atingiu como uma onda quebrando contra as rochas de uma praia, o impacto tão terrivelmente real que eu não consegui segurar o choro. Comecei a soluçar sem controle, totalmente aliviada e morrendo de medo de ele sumir a qualquer momento; mas Harry me abraçou com força, me deixando enterrar a cabeça em seu peito, me segurando com tanta convicção que eu poderia morrer ali mesmo, sabendo que meus últimos momentos seriam ao lado do homem que eu amava, que o resto não teria importância.

— Está tudo bem, meu amor — disse ele em meu ouvido, e eu chorei mais. — Estou aqui com você.

Quando Harry disse isso, e eu senti sua carne contra minha carne, foi como se uma chama acendesse dentro de mim. Meu peito pegou fogo, subitamente cheio de vida e de esperança, aliviada e ao mesmo tempo totalmente desesperada. Aquilo transcendia qualquer barreira, atravessava qualquer parede de pedra. Ter Harry de volta foi como avistar terra firme depois de meses à deriva num contêiner em meio à água, possivelmente beirando um afogamento. Embora eu não estivesse entendendo nada, e que não compreendesse como Harry de repente estava comigo no mundo dos vivos outra vez, senti que eu finalmente poderia fazer esforços para superar os horrores fatídicos da guerra. Estávamos juntos de novo, e assim poderíamos reconstruir o nosso caminho. Isso era o que mais importava.

Dei-lhe um abraço muito forte, agarrando seu pescoço. Harry me ergueu, e eu rodeei sua cintura com as pernas, ficando o mais perto dele possível. Ele me levou até a cama, sentando-se comigo em seu colo. Começou a fazer carinho em meus cabelos, sussurrando palavras doces para me acalmar. Vai ficar tudo bem, amor. Estou aqui com você. Eu te amo. Esperei tanto para ouvir aquelas palavras de novo que, quando de fato aconteceu, quase tive uma convulsão.

Consegui ficar estável depois de alguns minutos, sentindo meus olhos vermelhos e inchados. Uma ou outra lágrima ainda escorria, mas eram mínimas se comparadas às antecedentes.

Não consegui pensar no que dizer. Nada era bom o suficiente. Eram tantas as minhas perguntas — não para ele, até porque eu sentia que Harry não saberia responder — a respeito do que estava havendo, e eram tantos os meus pensamentos sobre essa questão. Parecia extremamente improvável e, ao mesmo tempo, completamente maravilhoso, que Harry estivesse de volta.

Percebendo que eu jazia imersa numa espécie de estado de choque, ele segurou meu rosto nas mãos e deu um beijo em meu nariz. Depois, um em minha boca. E meu Deus, eu quis me agarrar a esse momento para sempre.

— Não precisa dizer nada — disse ele, lendo meus pensamentos.

— Eu te vi morto — sussurrei. — Você estava dentro de um caixão e tudo. Como isso é possível?

— Houve um enterro para mim? — perguntou Harry, perplexo.

Fechei a cara e dei um empurrão em seu ombro, chateada.

𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potterOnde histórias criam vida. Descubra agora