𝐘𝟒: Everything Changes

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Eu estava certa, afinal. O único filho do Sr. Crounch realmente era o principal culpado da história e havia se escondido sob os nossos narizes durante todo esse tempo.

Segundo Harry, depois que Dumbledore desmascarou o impostor e descobriu que o verdadeiro Olho-Tonto Moody havia sido mantido como prisioneiro pela maior parte do ano, Bartô Crounch Jr. foi reenviado para Azkaban. Isso não mudaria os acontecimentos do Torneio Tribruxo, mas já era alguma coisa.

Na manhã seguinte, houve o funeral de Cedric. Os meus pais insistiram muito para que Harry e eu voltássemos para casa mais cedo, mas nós optamos por prestar as nossas homenagens ao garoto e concluir o ano letivo. Faltava apenas um dia e meio para as férias começarem, de qualquer maneira.

A cerimônia foi triste, mas extremamente linda. Dumbledore compartilhou a verdade sobre o que aconteceu a todos os presentes e nos lembrou de que a amizade e a união seriam cruciais durante os anos que viriam a seguir. A morte poderia estar batendo na soleira da nossa porta, mas lidar com os nossos problemas de frente era muito importante. Cedric Diggory morrera assim, e seria lembrado como um herói por muito, muito tempo. Eu faria questão disso.

Agora, parada diante da porta do dormitório masculino, respirei fundo e bati três vezes. Não houve resposta.

— Hazz? — chamei. — Sou eu, Hazz. Eu só queria saber se você está pronto. O trem parte daqui a duas horas.

Atrás da porta, ele soltou um murmúrio baixo. Entendi como um "pode entrar" e girei a maçaneta com cuidado.

Harry estava sentado sobre as cobertas macias da sua cama de dossel vermelho quando me viu. Notei que ele tentou sorrir, mas a única coisa que o garoto conseguiu fazer foi desviar o olhar para o chão e encarar a própria bagagem aos pés da cama.

Suspirei de maneira compreensiva e me aproximei devagar, tomando cuidado para não invadir demais o seu espaço pessoal. Harry não olhou imediatamente para mim, mas não reclamou quando eu passei as pontas dos meus dedos delicadamente por entre os fios negros de cabelo dele.

— Como você está?

Harry fez um gesto inexpressivo com as sobrancelhas.

— Já estive melhor.

Não estranhei o jeito com o qual ele respondera à minha pergunta porque eu entendia a necessidade de ser alguém frio e calculista. Às vezes, a única maneira com a qual o ser humano consegue lidar com a dor sem deixar que ela o consuma por completo é fechar-se ao mundo. Provavelmente seria assim daqui para a frente, e estava tudo bem.

Puxei uma perna para baixo da outra e abracei a minha própria barriga com leveza. Era algo que eu fazia sempre que me sentia apreensiva.

— Sabe... Isso tudo não é sua culpa, Harry.

Hesitante, ele olhou para mim.

— Eu não disse que era.

— Mas eu te conheço bem o suficiente para saber que é nisso que você está pensando.

Dessa vez, Harry conseguiu sorrir minimamente.

— Eu só... Ele estaria vivo se eu não tivesse dito para ele tocar na Chave de Portal junto comigo, S/A. Era algo que poderia ter sido evitado facilmente.

— É — concordei. — Talvez. Mas ninguém sabia que o Voldemort estava esperando por você do outro lado.

— Eu tive sonhos — argumentou Harry. — Eu venho sonhando com um cemitério há semanas, na verdade. Eu sabia o que ia acontecer antes mesmo de ser real.

— Não, você não sabia. Você está apenas supondo isso porque está se sentindo culpado pela morte dele, Harry, mas não foi você quem o matou.

𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potterOnde histórias criam vida. Descubra agora