𝐘𝟕: The Deathly Hallows

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Era noite. Harry e eu tínhamos acabado de tomar banho juntos, visto que Ron saíra para buscar lenha e Hermione estava guardando a entrada da barraca. Não havia mais necessidade disso, embora ela às vezes insistisse.

O meio das minhas pernas ainda estava dormente quando sentei-me ao sofá para folhear o livro de Runas Antigas de Hermione, na esperança de encontrar alguma coisa útil. E como meus cabelos estavam molhados, senti frio, e enrolei-me num dos cobertores com os quais Harry e eu geralmente dormíamos.

Acabei desistindo. Não havia nada naquele livro que explicasse a respeito do símbolo que Hermione encontrara no túmulo de Ignoto, em Godric's Hollow; tampouco quaisquer informações a respeito de seu significado.

Isso me enraivecia. Dumbledore, mesmo após a própria morte, ainda conseguia nos dar dor de cabeça. Ele poderia ter explicado o que queria dizer com todas as charadas sem sentido que fazia, mas sempre fora um amante da dramaticidade. Se estávamos à deriva, perdidos em nossa missão anti-Voldemort, era culpa dele.

Sem saber direito como, acabei cochilando com o livro aberto no colo. Quando acordei, eu não estava mais sozinha: Ron, sentado numa poltrona à minha frente, brincava de apontar a própria varinha para a lamparina que enfeitava a mesinha de centro da sala da barraca. O livro fora cuidadosamente marcado na página em que eu deixara à mostra, e posto no cantinho do sofá; o cobertor, aprumado sobre meus ombros.

Esfreguei meus olhos para espantar o sono. Ainda era cedo, não fazia sentido eu estar cansada. Bem nessa hora, Harry entrou em cena, usando uma blusa branca e uma calça num tom de ocre escuro. Eu amava muito o estilo dele.

— Acabei de colocar o jantar no forno — anunciou. — Será carne assada com legumes, conseguimos muito disso em nossa última estadia perto da civilização.

— Por que não me chamou para ajudar? — perguntei. — Gosto de cozinhar com você.

— Não quis te acordar — respondeu Harry, sentando-se ao meu lado. — Marquei seu livro e o fechei para te dar mais conforto, espero que não se importe.

Não respondi, mas dei um sorrisinho e movi meu corpo de tal forma que pudesse apoiar minhas pernas sobre o colo de Harry. Ele pôs uma das mãos sobre meu joelho direito, começando a desenhar círculos invisíveis distraidamente sobre minha patela.

— Posso ajudar lavando a louça — disse Ron. Desde que retornara, semanas atrás, ele estava tentando ser o mais prestativo possível, para nos compensar pelas vezes que nos tratou com grosseria, devido aos efeitos que o medalhão de Slytherin tivera sobre ele. — Quero me sentir útil.

— Você está sendo, Ron, não se preocupe — assegurou Harry.

Ele comprimiu os lábios um no outro, mas aceitou o que lhe fora dito. Enquanto isso, Harry virou-se para mim e falou:

— Eu queria mesmo conversar com você sobre uma coisa.

— Sobre o quê?

— Não fique chateada comigo, sei que esse assunto é delicado, mas eu queria te fazer uma pergunta sobre Maddie —respondeu.

— Ah. Tudo bem.

Desde que vi minha irmã pela última vez, evitei tocar no assunto porque ainda não tinha assimilado que Maddie fora posta sob os efeitos da Maldição Imperius. Eu reconhecia que não era culpa dela, é claro, mas também não podia fingir que vê-la tentando me capturar a mando de Voldemort não me abalou. Porque abalou, e muito; era só fechar os olhos para sentir o contato da lâmina da faca de minha irmã contra meu pescoço.

— Se quiser, podemos falar disso uma outra hora — apressou-se Harry, percebendo minha expressão.

— Não, tudo bem — falei. — Não posso adiar essa conversa para sempre. O que você queria perguntar?

𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potterOnde histórias criam vida. Descubra agora