VIII. Sex On The Beach

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⚠️: conteúdo sensível.

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Foi difícil assimilar a carta de Ginny. Quando primeiramente a li, o choque me tomou, acompanhado por uma sensação de mediocridade. Senti-me pequena em relação à enormidade dos planos que me foram reservados pelo acordo que ela fez com a Morte. Embora grata, uma pressão ruim de mim foi concebida, selando minha alma dentro de dela própria.

Era óbvio que a Morte gostara da ideia de Ginny. Uma oportunidade única de me atazanar para sempre, sem marcar presença definitiva? Era de tirar o fôlego. A Morte sabia que eu estaria condenada àquilo para sempre, e isso seria o jeito perfeito de mostrar que as rédeas nunca deixaram de pertencer à verdadeira dona. Eu apostaria a minha dignidade que o vulto encapuzado ficaria de sorriso no rosto pelo que sucedia o eterno.

Na realidade, eu podia imaginar a cena. Conseguia ver Ginny fazendo tudo isso, e escrevendo a carta em seus últimos instantes. Eu a conheci o suficiente para saber que a forma com a qual ela amava os outros era ardente em sua pura essência. Ginny queria que eu fosse feliz, sim, e por isso desejava que Harry vivesse em detrimento de sua morte certa; mas eu também sabia que uma de suas maiores motivações para aceitar o pacto fora a possibilidade de seus ossos permanecerem com a Morte para sempre, de forma que Ginny estaria pela eternidade associada a mim.

Ginny me amava. Verdadeiro ou falso? Verdadeiro, mas era mais uma paixão cega do que um amor envolto por compaixão. Ela não teria empatia por Harry se achasse que havia alguma chance de eu deixar de ficar com ele para agraciá-la.

Precisei de algumas semanas para que o choque se esvaísse. Então, uma ansiedade terrível me dominou. Harry me ajudou bastante com isso, mas havia questões com as quais eu precisaria lidar com o tempo. Chorar de ansiedade não era mais frequente como quando ele terminou comigo no início da guerra, então, apesar das várias sequelas, eu sabia que ficaríamos bem.

A viagem para as Maldivas foi marcada para o dia vinte e cinco de julho. Harry e eu pegaríamos o avião às nove e meia da manhã, e chegaríamos lá durante a tarde. Comemoraríamos o aniversário dele no dia trinta e um, como sempre, e voltaríamos para casa no cinco de agosto. Seriam ótimas férias, em todos os sentidos — eu garantiria isso.

Levamos os preparativos para a viagem com naturalidade, mas por dentro eu estava surtando de animação. Planejei alguns dos passeios que poderíamos fazer, pesquisei sobre o clima e sobre as marés, criei cenários fictícios sobre nossas noites sob o luar. Alugamos uma casa bem afastada de onde os turistas ficavam hospedados, de forma que um quilômetro de praia seria exclusivamente nosso.

Na véspera da viagem, fiquei até tarde no trabalho. Eu precisava finalizar a papelada que ficara de adiantar, pois Harry e eu fizemos um acordo com Kingsley, que agora era o nosso chefe, para prolongarmos as nossas férias. Assim, ao invés de termos quinze dias no meio do ano, do dia vinte e cinco de julho ao dez de agosto, teríamos vinte dias. Não fazia tanta diferença, mas seria bom ter um descanso com a família e com os amigos quando voltássemos para casa.

Harry já havia terminado a parte dele. Voltou para casa, assim, para preparar o nosso jantar — comeríamos churrasco, e depois veríamos algum filme com pipoca amanteigada nos acompanhando. Eu só estava no Ministério porque acabei enrolando muito ao invés de finalizar a minha papelada, mas finalmente estava terminando de verificar o último arquivo.

Quando fiz isso, dei um suspiro de alívio, reuni tudo e segui para a sala de Kingsley a fim de entregar tudo a ele. Bati duas vezes. Ele respondeu segundos depois, autorizando a minha entrada. Fechei a porta atrás de mim quando atravessei a soleira.

— Terminei com os arquivos — falei, pondo-os na mesa dele quando me foi indicado. — Setenta pastas revisadas e preenchidas.

Kingsley assentiu.

𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potterOnde histórias criam vida. Descubra agora