Quando abri os olhos, ainda estava escuro. Pude perceber isso porque eu não havia fechado as cortinas, quando fora dormir; e o céu tinha um aspecto tão tenebroso que, mesmo que fosse dia, seria noite. O silêncio era perturbador; principalmente depois do sonho do qual eu acabara de acordar.
Eu estava num corredor muito longo e estreito, e as paredes eram feitas de uma cerâmica preta e brilhante. Pequenas tochas iluminavam meu caminho e produziam sombras que oscilavam conforme eu passava, o fogo rugindo sobre suportes de ferro bruto e madeira em decomposição.
No fim do corredor, havia uma porta. Lembro-me de ter tentado girar a maçaneta de todos os jeitos possíveis, mas meus esforços foram em vão. Estava trancada. Entretanto, quando eu desistia de tentar e voltava pelo caminho que tinha vindo, a abertura do corredor desembocava numa sala circular imensa e cheia de portas, como nos livros que eu lera sobre o Labirinto de Dédalo e as histórias que Remus contava quando eu ainda era pequena.
Estranho, muito estranho. Harry havia me dito que seus sonhos transcorriam de maneira parecida.
Tentei dormir novamente, mas não consegui. Devia ser mais ou menos quatro horas da manhã. Então, no momento em que percebi que não tinha jeito, coloquei meus pés para fora da cama, calcei minhas pantufas de sempre e andei na direção da minha escrivaninha, na qual estavam os objetos de que precisaria para a pegadinha que estava planejando para Fred e George. Eu fizera a mistura dos ingredientes na noite anterior, na verdade, então tudo o que tinha que fazer era colocar meu projeto em ação.
Eles, com toda a certeza do mundo, iriam me adorar ainda mais depois daquele dia.
Resolvendo ocupar meu tempo com algo produtivo, sentei-me à mesa e vasculhei minhas coisas em busca de um pergaminho limpo, tinteiro e pena. Estava mais do que na hora de criar coragem para escrever para Fleur, Maddie, Remus e meus pais. Depois, quando estivesse mais perto do início das aulas daquele dia, Fred e George aprenderiam a não mexer comigo.
.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १
Algumas horas depois, ainda antes que o resto das pessoas acordasse — quando o último envelope fora selado e a minha mão já estava doendo de tanto escrever — , separei os materiais que usaria naquele dia e escorreguei o pequeno frasco que continha a solução fluorescente para o interior da minha mochila. Era de um aspecto perolado, e brilhava no escuro como algumas dezenas de vagalumes.
Antes de sair do quarto, observei meu reflexo através do espelho. Meus sapatos estavam incrivelmente limpos, as solas lavadas após algumas semanas de uso. A saia acinzentada do uniforme ia até um pouco acima dos meus joelhos, e a camisa branca que eu estava usando não fora abotoada nos dois primeiros botões, a gravata vermelha ainda meio frouxa. Usei o elástico que estava em meu pulso para prender meus cabelos num rabo de cavalo bagunçado e coloquei o suéter do próprio uniforme sobre a camisa; agarrei minha mochila pelas alças com uma das mãos e as cartas com a outra; e saí porta afora. Entretanto, ao invés de descer para o Salão Comunal, usei as escadas que davam para o dormitório masculino.
A maior parte das luzes ainda estava apagada, e não se ouvia bagulho algum. Internamente, sorri. Isso facilitaria muito as coisas.
Virei à esquerda umas duas vezes antes de encontrar a porta do quarto de Fred e George, na qual um pequeno letreiro dourado dizia: Sétimo Ano. Girei a maçaneta com cuidado e empurrei a porta, que rangeu, como naqueles filmes de terror extremamente velhos da década de setenta. Quando George mexeu-se sob os lençóis da cama, prendi a respiração. Se os gêmeos ou Lino Jordan, narrador dos jogos de quadribol da escola, acordassem, tudo estaria perdido.
Após o que pareceram horas intermináveis, nas quais meu coração praticamente disparou para fora do meu peito e Fred rangeu os dentes enquanto dormia, ousei dar um passo à frente. E depois outro. E outro. Suspirei aliviada quando nada aconteceu.
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𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potter
Fanfic𝐚𝐫𝐭𝐞. substantivo feminino ? १ 𝐢. produção consciente de obras, formas ou objetos voltada para a concretização de um 𝐢𝐝𝐞𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐛𝐞𝐥𝐞𝐳𝐚 e harmonia ou para a expressão da subjetividade humana. 𝐢𝐢. forma de agir; maneira, jeito. 𝐢𝐢�...