meu cérebro cantarola
com restos de poesia
& loucura– virginia woolf.
.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १
Perdi a conta de quando tempo fiquei tentando dormir. Virei-me na cama de um lado para o outro, querendo achar uma posição confortável, mas não consegui pregar um único olho.
Frustrada, sentei-me em meio às cobertas. Dormir sozinha depois de ter me acostumado com a presença de Harry era muito solitário. Ainda mais com tantas lembranças boas de nós dois juntos, em nossas madrugadas nos braços um do outro.
Aceitando que eu não conseguiria dormir, decidi descer até o Salão Comunal da Sonserina, para ver se eu não encontrava alguém para conversar. Talvez jogar conversa fora fosse me ajudar a relaxar um pouco, embora meus olhos ainda ardessem consideravelmente depois de tantas horas de crises de choro.
Vesti um roupão que encontrei pendurado no armário e desci. Eu até poderia usar alguma coisa minha, mas não desfiz a bagagem que minha mãe preparara, e tampouco me sentia disposta para fazer isso.
Não achei que fosse encontrar alguém junto à lareira, por mais que eu considerasse que havia uma probabilidade, mas Regulus ainda estava lá, no mesmo canto eu que eu o vira antes de subir para me deitar. Parecia na mesma posição de antes, os ombros tensos e a capa preta cobrindo seu corpo. Mesmo quando a guerra terminou, eu não o vi sem aquela capa. Talvez lhe servisse de suporte emocional.
Regulus não se mexeu quando me aproximei. Até pensei que não tivesse notado a minha presença. Fiquei pensando se era uma boa ideia conversar com ele, porque meu tio parecia imerso num mundo só seu, pensando infinitamente. Mas foi ele quem iniciou o primeiro diálogo.
— Você vai ficar parada aí, feito uma estátua? — perguntou, sem se virar.
Levemente desconcertada, forcei minhas pernas a se moverem, e por fim sentei-me ao seu lado.
— Não. Desculpe.
— Não está conseguindo dormir?
— Também não.
— Imaginei — disse Regulus.
Ele não continuou a falar imediatamente, o que me deu tempo de analisar o modo como seus olhos acompanhavam as labaredas do fogo. Observar as chamas era mesmo viciante, pois seu movimento inconstante oscilava sem um padrão concreto. Vidas inteiras, bem como mortes horríveis, jaziam no éter.
Regulus limpou a garganta. Desviei meu olhar das chamas para encará-lo, mas ele não me observava de volta.
— Fico me perguntando o que ele pensaria quando visse que estou aqui — disse.
— Quem? — perguntei, confusa.
Regulus, então, me olhou pela primeira vez sob as chamas. Se reparou resquícios de lágrimas em meu rosto, ou o inchaço de meus olhos, nada disse.
— Sirius.
Não respondi. Eu não sabia, e tinha consciência de que nunca iria descobrir.
— Nunca fomos próximos — continuou Regulus. — Não nos dávamos bem, porque no fundo ele sabia que eu havia cedido às Artes das Trevas, e que havia me alistado. Nossa família ficou orgulhosa, pois era reconhecido que eu estava abrindo mão de minha liberdade por uma "causa nobre" — então, ele me encarou nas íris. — Não há um dia em que eu não me arrependa.
— Você me parece sincero — respondi. — Não posso dizer que papai acreditaria em você, de início, porque ele era mesmo alguém intenso, e talvez até meio temperamental. Mas, acima de tudo, ele era justo. Tenho certeza de que vocês dois acabariam se acertando.
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𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potter
Fanfic𝐚𝐫𝐭𝐞. substantivo feminino ? १ 𝐢. produção consciente de obras, formas ou objetos voltada para a concretização de um 𝐢𝐝𝐞𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐛𝐞𝐥𝐞𝐳𝐚 e harmonia ou para a expressão da subjetividade humana. 𝐢𝐢. forma de agir; maneira, jeito. 𝐢𝐢�...