𝐘𝟕: The Talk

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— Que tipo de brincadeira doentia é essa? — perguntou Harry, na defensiva, ficando à minha frente.

— Calma, Harry — alertou Remus. — Sei o que deve estar pensando, mas podemos explicar. Você sabe que eu nunca brincaria a respeito disso. Jamais mesmo.

— E quem disse que você é o verdadeiro Remus, ein? — desafiou Harry.

— Um número muito restrito de pessoas possui acesso à minha propriedade, então posso assegurar que é ele, sim — disse Gui. — Instalei feitiços detectores poderosos, então sei do que estou falando.

As perguntas giravam em minha cabeça em formato de redemoinho. Minhas pernas mal aguentavam o meu próprio peso. Meu pai, que há muito estava morto, de repente não estava. Parado à minha frente, com um sorriso cauteloso, nos olhava. E eu sabia que não poderia ser um impostor disfarçado pela Poção Polissuco, porque, quando papai morreu, não restou um único fiapo de cabelo. Tudo atravessou o véu — o véu da Morte, segundo dissera Bellatrix, no Ministério da Magia, quando Sirius Black fora levado de mim. "Aquele não é um véu mágico qualquer. Foi forjado pelos próprios deuses da Morte para que quem passasse por ele jamais pudesse voltar à vida. Somente um de seus ancestrais poderia fazê-lo voltar, e pela primeira vez agradeço por não ser uma".

Isso poderia significar tantas coisas. A primeira delas: a Morte se aproximava, sim, porque o retorno de meu pai só poderia significar que um de seus descendentes o libertara das garras de um destino cruel. E a última constatação de Bellatrix, a respeito de "agradecer por não ser uma ancestral da própria Morte", me fez pensar que, do que quer que fossem feitos os poderes dela, deixava a tia de Draco de cabelos em pé.

Medo, ela tinha medo de morrer. E naquele instante, embora eu sentisse os impulsos do choque de ter meu pai de volta depois de tanto tempo, uma onda de satisfação preencheu meu estômago quando finalmente descobri que eu tinha tudo de que precisava para assassinar Bellatrix de uma vez por todas: o Poder da Destruição.

Se eu era uma ancestral perdida da Morte que aparecia no Conto dos Três Irmãos, eu não fazia ideia. Mas tinha tanta raiva guardada de Bellatrix que me tornaria o pior pesadelo dela, se isso significasse que teria seu pescoço em mãos. Então, prometi a mim mesma que, quando eu a visse — porque eu sabia que a veria de novo — , faria com que ela pagasse com a vida. E nunca estive tão certa de algo, em toda a minha existência.

Sirius deu um passo à frente, hesitante. Tinha as mãos erguidas, para mostrar que era inofensivo. Quando Harry fez um movimento para pegar a própria varinha, toquei seu braço, fazendo-o parar.

— Está tudo bem.

Harry obedeceu, ainda que hesitante. Saiu da minha frente quando fiz menção de avançar; devagar, quase parando. Meu coração batia forte, meus ouvidos estavam zumbindo. Eu sentia que estava prestes a perder as estribeiras, mais do que havia perdido, porque meu pai estava aqui, parecendo mais real do que nunca, e mesmo que eu quisesse uma explicação concreta a respeito de como ele havia sobrevivido, de como tinha parado ali, não consegui dizer nada. Não consegui expressar sentimentos; talvez nunca fosse ser capaz disso.

Parei há centímetros dele. Se eu esticasse a mão, poderia tocá-lo, testar se era real. Mas tive medo. Os acontecimentos dos dias que se passaram foram tão intensos e desesperadores que eu não estranharia se estivesse sonhando, ainda em minha cama do quarto de hóspedes, com a cabeça deitada no travesseiro. Às vezes minha mente pregava truques nela mesma, e eles eram tão poderosos que, naquele instante, eu não pude dizer com certeza se a vida era real, ou não.

— Minha filha — disse Sirius, trêmulo, me olhando com muito amor. Uma de suas mãos tocou meu cabelo, mas logo se retraiu, temendo de invadir meu espaço e de me fazer ter uma síncope. — Você está tão linda. Tão crescida.

𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potterOnde histórias criam vida. Descubra agora