II. Soft Kisses And Bad Dreams

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1° de setembro de 1998

Comecei a fazer terapia um mês antes do início das aulas de Hogwarts, logo após comemorar o aniversário de Harry num fim de semana no campo, com muita conversa boa jogada fora e nossos amigos para acompanhar.

Ao contrário do que eu pensava, a solenidade realizada pelo Ministério da Magia em homenagem ao fim da guerra não aconteceu logo nas semanas seguintes ao cessar da batalha. O ministro, que antes estava sob os efeitos da Maldição Imperius, disse que queria deixar a cerimônia para depois que o Mundo Bruxo estivesse totalmente restaurado (ou quase); e isso apenas aconteceria no final do ano letivo. Portanto, já que Ron não poderia contar com o dinheiro dos prêmios que com certeza iria receber, programamos uma viagem simples, que agradasse a todos em termos de lazer e em termos financeiros.

A princípio, o pensamento de que não teríamos que nos preocupar com nada nos deixou eufóricos; principalmente porque uma viagem era tudo de que precisávamos. Mas não foi bem assim. Estávamos tão acostumados com a tensão nos nossos ombros que ficava complicado deixá-la de lado. Além disso, tínhamos razões para recear. Os Comensais da Morte que permaneciam à solta certamente buscavam por vingança, fato que significava que poderíamos estar sendo seguidos a todo momento. Isso não era reconfortante, e tampouco ajudava no meu estado mental deplorável.

Harry havia voltado à vida, mas isso não queria dizer que meus pesadelos chegaram ao fim. Eu sempre revivia, em meus sonhos insistentes, o momento em que Harry, nos braços de Hagrid, permanecia morto e imóvel, sem nem um fiapo de vida sequer para preencher os ossos que começavam a ficar ocos. Acordava de súbito com uma dor terrível no peito, e depois misturava as sensações realistas dos pesadelos às imagens que me assombravam desde o fim da guerra, e caía no choro. Apenas os braços acolhedores de Harry me impediam de achar que eu ainda estava quebrando.

Detalhes à parte, a viagem foi super tranquila. Passeamos de barco por um riacho, fizemos uma trilha, visitamos um vilarejo bruxo que nunca tínhamos visto antes, e cantamos parabéns para Harry sob o luar. O sorriso dele quando apagou as velas do bolo que Hermione e eu fizemos foi impagável, e os beijos que me deu de agradecimento pela noite especial, quando fomos dormir, mais ainda.

Iniciei a terapia ao voltarmos, e até que eu estava gostando. O nome da psicóloga era Martha, e ela era bem mais legal do que o homem que minha mãe contratara na época em que eu estava deprimida porque Harry havia terminado comigo. Eu a via durante uma hora, em todos os dias da semana; ainda estava tendo dificuldades para me abrir, especialmente a respeito do aborto do meu bebê e sobre a morte de papai e de Remus. No entanto, aceitar um tratamento já era um começo.

No dia primeiro de setembro, acordei cedo, animada com a volta às aulas e, ao mesmo tempo, muito triste. Voltar a estudar significava ficar longe de Harry, e eu detestava essa parte. Não conhecia uma Hogwarts sem ele.

Devido à escola, minha próxima sessão com Martha seria em junho de 1999. Por causa desse tempo longe, ela consultou o psiquiatra que estava me acompanhando e pediu que eu tomasse um antidepressivo. Caso surtisse efeito, manteríamos a dose até o final do ano seguinte.

Fiquei quieta no caminho até a estação, enquanto Harry dirigia e meus amigos tagarelavam do banco traseiro. Harry tirou a carteira de motorista pouco depois de seu aniversário, e ficava brincando que ia me dar carona sempre que eu quisesse e precisasse. O carro que meu namorado comprou era bem grande, mas não o suficiente para que fosse ruim de estacionar. Era cinza escuro e tinha bancos de couro. E o melhor de tudo era que tinha o cheirinho dele.

Quando chegamos à estação, Harry fez questão de carregar as minhas malas. Ele percebeu o meu silêncio dentro do carro, e enquanto íamos até a Plataforma 9¾, foi perguntando se eu queria que ele aparatasse em casa para buscar mais alguma coisa que eu achava que iria precisar. Eu disse que não, que estava tudo em ordem. Tudo o que eu queria era relaxar por toda a viagem de trem.

𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potterOnde histórias criam vida. Descubra agora