Turbilhão (Livro 4 da Série Akai ito)

Saudades

Quinta-feira
Ponto de vista de Breno

Eu não consegui pregar o olho à noite, pensando em Lucca. E passei o dia no trabalho meio distraído, olhando discretamente o telefone e esperando mensagens dele. Mensagens que não vieram. Um sentimento ruim se apossa de mim. Ele me disse que não desistiria de mim, que me queria e que, para ele, eu era uma linda canção. Então por que não me procura? Bem que eu sabia que um homem como ele iria perder o interesse assim que visse a pessoa desinteressante que eu sou. Uma enorme tristeza me invade e eu me deixo afundar em autopiedade.

Bem feito, Breno! Quem mandou sonhar com um deus lindo daqueles? Isso é para você aprender o seu lugar!!!! A noite de ontem foi tão boa! Apenas porque ele estava comigo. Mesmo eu querendo muito tocá-lo, ficar ali com ele assistindo filme e conversando foi mágico. Foi tão natural! E quando ele foi embora eu senti um enorme vazio. Eu devia me arrepender de ter sido tão atirado e pedir para ele dormir comigo amanhã. Vai ver que foi isso que o afugentou. Só pode.

- Breno, desde ontem você está esquisito! E pela sua cara de parvo, só pode ser paixão. Mas você está diferente. Não é mais o zóinho azul? Conta aqui, quem é o desafortunado que mereceu sua atenção?

- Heitor, eu honestamente acho que você sente prazer em ser desagradável. Eu estou com problemas em casa, só isso.

- Como assim, problemas em casa? Você nem tem família!

- Uma pessoa não precisa ter família para ter problemas domésticos, Heitor. Além do mais, nem somos íntimos para você ficar fazendo determinadas perguntas e comentários.

- Me chama de desagradável, mas se comporta assim. Precisa ser tão azedo, Breno? Era só brincadeira!

- Heitor! Por favor, pode vir aqui comigo?

Essa não!!!! Philip deve ter ouvido a conversa! E vai se meter! Por que é que algo me diz que isso não é bom? Heitor não é confiável! E deseja Philip...

Ponto de vista de Philip

Eu tinha acabado de entrar no setor de IT para falar com o Rique sobre um problema com os computadores e me deparo com Heitor sendo cruel com Breno! Na minha frente não! Eu não sou um sujeito violento, mas isso não significa que eu vá permitir que alguém seja maltratado e humilhado na minha frente sem que eu faça alguma coisa! Principalmente alguém como Breno, que não merece este tipo de tratamento!

Heitor me segue até a minha sala. Eu fecho a porta atrás de mim e indico a cadeira para que ele se sente em frente a mim. E eu começo, sem rodeios.

- Heitor, por acidente eu acabei de escutar a sua conversa com Breno e devo dizer que estou muito decepcionado com você.

- O que foi que eu fiz, Philip?

- Você o estava espezinhando por ele não ter uma família. Além de provocá-lo dizendo que ele está apaixonado. Fora o fato de sugerir que qualquer pessoa por quem ele se apaixone é sem sorte. Esse tipo de conduta não é admissível aqui na empresa. Aliás deve ser inadmissível em qualquer lugar, não acha?

- Ora, era apenas uma brincadeira! O Breno já está acostumado.

- Me desculpe, mas eu não consigo ver brincadeira nenhuma em suas palavras. Aquilo foi simplesmente cruel.