Baby boom!

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Dois meses depois do sequestro de Philip

Ponto de vista de Rafael

Desde o casamento de meu pai que eu e Fernando resolvemos tornar nosso sonho de ser pais realidade. Por isso, dias depois demos início ao processo de adoção. Entramos no Cadastro Nacional de Adoção, pedimos a Martin que fizesse a petição no cartório da Vara de Infância, fizemos o curso de preparação psicossocial e jurídica para adoção. Depois fizeram nossa avaliação psicossocial com entrevistas e visita domiciliar. Com alívio recebemos a notícia de que nosso pedido fora acolhido e que finalemente nossos nomes foram inseridos nos cadastros.

O primeiro telefonema da Vara de Infância veio há dois meses. E no dia seguinte, estávamos a caminho para encontrá-la pela primeira vez. Nós mal conseguíamos conter o nervoso e a ansiedade. Ao chegarmos ao abrigo, nos sentamos no banco de cimento, até sermos encaminhados a uma sala reservada. Ali, aguardando sua chegada. Fernando apertava as mãos enquanto eu suava frio. E se ela não gostasse de nós? Assim que a porta se abriu, entrou a diretora com nossa pequena. Ela tem lindos olhos castanhos brilhantes e cabelos escuros e ondulados. E parecia muito receosa. Senti a mão de Fernando agarrar a minha. Assim que ela chegou perto de nós, eu comecei a falar.

- Olá! Meu nome é Rafael e este é Fernando. Como você se chama?

- Helena.

É claro que sabíamos o nome dela, mas eu queria que ela nos dissesse e que se sentisse à vontade conosco.

- Quantos anos você tem, florzinha?

E ela mostrou três dedinhos ainda acanhada.

Conversamos com ela, brincamos um pouco e, ao final da visita, ela nos deu um abraço. Saímos dali como se tivéssemos sido atropelados. Nós não havíamos levado nada conosco pois queríamos que Helena desejasse estar conosco e não com o que poderíamos oferecer. Na segunda visita, marcada alguns dias depois, ela de longe nos avistou e reconheceu. Sorrindo, correu pra junto de nós com os bracinhos abertos, como quem diz "vocês voltaram!"

Era emocionante ver como a pequena florzinha se abria para nós a cada visita. No fim, ela já estava me chamando de papai e a Fernando de papá. Foram várias semanas até obtermos a guarda provisória. Hoje, estamos indo buscar Helena para finalmente morar conosco. E no domingo, ela será apresentada a seus primos Moretti. Até minha irmã, Sara, que está no Reino Unido fazendo mestrado, planeja vir para conhecer sua pequena sobrinha. Meus pais estão nas nuvens! A primeira neta. Nem quero ver a disputa para quem vai cuidar de Helena. Mamãe Vera até fez um lindo vestido para ela! Digno de uma princesa. 

Pedimos a Seiji, depois do sucesso do quarto que ele decorou em sua casa para os pequenos, para fazer um quarto especial para nossa amada florzinha. E Seiji, com a ajuda de Daichi e Arthur, caprichou! Paredes pintadas de rosa, na cama uma linda colcha de princesas, uma estante com livros infatis e brinquedos, uma mesa de atividades e no canto do quarto, um enorme urso de pelúcia.

Aliás, o pessoal da Sato, David e Akito, Maja e Philip fizeram questão de contribuir, comprando alguns presentes de boas vindas para nossa menina. Fernando está tão babão que até usa uma foto de nós três, que tiramos durante uma das visitas, como seu papel de parede no celular.

É claro que a equipe técnica continuará fazendo visitas periódicas ao nosso apartamento até apresentar uma avaliação conclusiva e ainda falta o juiz proferir a sentença de adoção e determinar a lavratura do novo registro de nascimento. Nossa Helena será Helena Argolo Lopes Moretti.

Turbilhão (Livro 4 da Série Akai ito)Onde histórias criam vida. Descubra agora