Turbilhão (Livro 4 da Série Akai ito)

Na imensidão do seu amor

Sábado à noite
Ponto de vista de Toya

Depois de sairmos do parque ainda fomos jantar com eles e aproveitamos para nos despedir de Bernardo, Miguel, SuYi, Tatsuo e as crianças. Alicia estava contente por ter feito novos amigos e os pequenos nos fizeram prometer que sairíamos juntos novamente.

Alicia tentou mais uma vez ir dormir em nossa casa, mas Ricardo já havia ligado, perguntando quando chegaríamos. Quando Ricardo e Teresa viram a sacola com coisas e mais o enorme urso de pelúcia quase do tamanho de Alícia, só faltaram brigar conosco. Tivemos que explicar que não tinha sido inteiramente  nossa culpa e que todos os adultos presentes haviam contribuído para que aquela sacola ficasse do tamanho que estava. Alícia, pelo menos, não cabia em si de felicidade! Os favoritos dela eram o urso e um leque japonês que ganhou de Akito. Precisavam ver a cara de Ricardo quando pegou o enorme balão de unicórnio das mãos de Eduardo.

Já sozinhos no carro, Eduardo coloca a mão na minha perna, fazendo uma leve massagem.

- Alícia está cada vez mais grudada em nós. Isso é bem divertido. Eu sempre tive vontade de ter uma família grande, com crianças. Mas sendo filho único, eu não tive muito contato com pequenos e sou meio sem jeito.

- Lindo, você é perfeito! Alícia é completamente apaixonada por você! Afinal você assiste com ela todos os episódios de Miraculous, várias vezes e sem reclamar!

- Maravilhoso é você, Eduardo!

- Mas agora, lindo, você deve estar cansado. Eu vou preparar a banheira com óleos relaxantes quando chegarmos em casa.

- Na verdade, eu achei que você estaria também cansado. Nós costumamos ficar com Alícia, mas hoje foram treze crianças pequenas. O mais velho só tem sete anos. Nem sei se Cláudio e Lucca costumam sair assim com eles. Se bem que, pelo que entendi, a família Moretti é bastante grande.

- A nossa também está ficando grande, lindo. Júlia vai ter seu bebê logo e nós não ficaremos atrás. Na verdade, acho melhor Daichi começar a pensar em abrir uma creche no escritório.

- Por que diz isso, Eduardo? O que você vê?

- Vejo a vida seguindo seu curso.

- Você falou para Arthur que nossas filhas serão um grude...

- E é verdade! Sakura e Yuki serão as melhores amigas.

- Yuki?

- Pelo menos foi isso que eu vi. Você sabe que eu não sou tão bom como Júlia. Talvez devamos perguntar a ela?

Eu estou com Eduardo há quase um ano e ainda assim ele consegue me surpreender com as coisas que vê e que faz. Há alguns meses ele terminou uma pintura de nós dois, que colocamos em nosso quarto, na parede em frente à cama. Na pintura, eu estou sentado em seu colo, minhas pernas ao redor de seus quadris, nossas testas se tocando, nossos corpos nus. Eu não posso deixar de sentir um arrepio sensual toda vez que olho a pintura. Mas Eduardo conseguiu transmitir mais do que sensualidade ali. É como se nossas almas e nosso amor estivessem impressos ali na tela.

E todo dia de manhã, ao me levantar, eu me pego pensando que Eduardo é a surpresa mais linda que o destino me trouxe. Temos encontrado meus pais com mais frequência e os pais dele vêm sempre que podem. Até aventamos a possibilidade de os pais dele se mudarem em definitivo para a capital, mas eles dizem gostar muito de onde moram. Talvez, com o nascimento do neto, as coisas mudem e eles venham para dar apoio à Júlia.

Amanhã é meu aniversário. Não faremos nada, mas o pessoal do escritório (principalmente John, que não pode ouvir a palavra aniversário, porque já pensa em festa) quer se reunir para almoçar. Consegui convencê-los a fazer o almoço na segunda-feira, já que planejei fazer um passeio pelo jardim Botânico com Eduardo. Minha paixão e meu refúgio encontram-se no orquidário que existe ali. Não é segredo que minhas flores favoritas são as flores do campo, pois me lembram do tempo em que passava férias com minha avó. Mas orquídeas me atraem muito por sua beleza e delicadeza. Minha favorita é sem dúvida a orquídea Laelia, delicada e majestosa.