Reencontro

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Ponto de vista de Eduardo

Um mês antes do sequestro de Philip

Eu estou indo até a sala de Philip. Estou com uma sensação muito ruim sobre ele, mas não consigo ver o quê. Na verdade, nem há motivos para todo o meu alarme. As coisas estão calmas na empresa e as tentativas de roubo de dados aparentemente cessaram. Ainda assim, a inquietude me faz bater na porta de Philip.

- Entre!

- Philip, tem um minuto para mim?

- Claro que sim, Eduardo! Está tudo bem? O que houve?

- Eu queria pedir que você tivesse cuidado com quem você confia. Nem todos ao seu redor tem boas intenções.

- Por que está falando assim, Eduardo?

- Eu tenho um mau pressentimento. Mas não consigo enxergar com clareza. Só acho que tem a ver com seu antigo colega de escola.

- Maurício? Ele está apenas tentando se redimir...

- Então ele realmente fez algo contra você. Philip, o tempo passa e nós amadurecemos. É louvável quando temos a oportunidade de redenção, contudo, esse sujeito não parece realmente interessado nisso. Tome muito cuidado. Eu me preocupo com você. Sou seu amigo, você sabe disso, não?

- Eu sei, Eduardo! E agradeço seu cuidado e preocupação. De verdade!

Eu saio, mas a preocupação não desaparece. Pois, no fundo, eu sei que Philip não vai se lembrar de nossa conversa quando a hora chegar.


Domingo, um dia antes do sequestro de Philip
Ponto de vista de Toya
Desde ontem à noite, Eduardo está com febre altíssima, muita dor na garganta e de cama. Ele dorme a maior parte do tempo por causa da fraqueza. O pouco que fica acordado, eu o alimento e hidrato. Entretanto, além do cansaço, ele parece atribulado. Só que quando ele tenta falar, a voz sai praticamente inaudível e eu vejo temor em seus olhos. Ele está me deixando apreensivo. Mas uma coisa é certa: amanhã ele não pode ir trabalhar. Eu ligo para Daichi e peço o dia de amanhã de folga para cuidar do meu amor.

No dia do sequestro de Philip
Ponto de vista de Toya
A manhã de segunda-feira passa com Eduardo ainda com febre, se sentindo muito fraco e dormindo quase o tempo todo. Algumas horas depois do almoço ele acorda suado e agitado, dizendo o nome de Philip e me pedindo papel e caneta. E escreve as seguintes palavras: Philip está em perigo de vida.

- Eduardo, o que você quer que eu faça? Ligue para alguém?

Ele pega novamente o papel e escreve: Tarde demais. Agora só nos resta torcer para Cláudio e a polícia chegarem a tempo.

Eu vejo lágrimas em seus olhos. Eu sei que Philip e Eduardo se aproximaram e se tornaram bons amigos. Sei também que Eduardo é um homem que cuida daqueles que ama. E eu começo a torcer silenciosamente para que Philip seja resgatado.

Segunda-feira hora de almoço
Dia do sequestro de Philip
Ponto de vista de Júlia
Está cada vez mais complicado levantar para ir ao trabalho. Me sinto bastante pesada ultimamente, apesar de estar bem fisicamente.

A manhã passa cheia de afazeres e finalmente chega a hora do almoço. Eu vou até o refeitório e peço uma salada e salmão grelhado. E assim que eu me sento e começo a comer, a visão vem. Forte, nítida. Philip sendo ameaçado com uma arma e sendo obrigado a entrar em uma van. Philip amarrado, com o rosto machucado e a perna sangrando. Não!!!!

Eu não tenho o número dele! Droga! Tento ligar para David, mas o telefone está ocupado! Tento então Akito que talvez possa me dar o número de Philip, mas o telefone dele também dá ocupado. E agora? O pânico me invade em ondas gigantescas. Meu pulso acelera e eu sinto uma violenta vertigem. Sinto dois braços me sustentarem antes de perder a consciência.

Turbilhão (Livro 4 da Série Akai ito)Onde histórias criam vida. Descubra agora