Quatro meses depois do nascimento de Fuyuki
Quinta-feira
Ponto de vista de Seiji
Afonso se mudou para o meu apartamento há quase três meses. Na verdade as coisas dele já estavam na nossa casa, há muito tempo, para facilitar quando fôssemos fazer a limpeza para eles poderem entregar o apartamento onde eles estavam morando. Eu e Maja fizemos uma surpresa para eles. E eu nunca mais vou esquecer suas expressões de puro êxtase quando eles descobriram que Maja estava se mudando para um apartamento no mesmo prédio que eu, e que eles estariam próximos um do outro.
Claro que zoeria não faltou, principalmente a respeito das paredes finas e dos barulhos noturnos. Bernardo fez questão de fazer coro, mesmo que pelo telefone. Amanhã sairemos os quatro para jantar. Philip e Cláudio irão também, porque Philip inclusive já se mudou e eles estão morando juntos.
Eu hoje vim para o trabalho sem carro e antes de Afonso, para me preparar para algumas reuniões que tenho durante o dia. Enzo virá ao escritório pois as obras de sua nova clínica vão começar em alguns meses. Interessante pensar que, apesar de Afonso e Enzo ainda não terem se aproximado em comparação com os outros primos, a relação melhorou muito.
E Enzo já não me olha com tristeza. Eu desconfio que isso tenha a ver com a nova amizade que ele fez, o Pedro. No dia do parque florestal eu podia jurar que eles eram um casal. Mas segundo Philip, eles eram apenas amigos ali.
Aproveito para comprar um café a caminho do trabalho. Eu gosto muito de caminhadas. Estou tomando meu café e passando tranquilo por um beco estreito e sujo, quando ouço o que se parece com um gatinho miando desesperado. Será que alguém maltratou um animalzinho? Agindo por instinto, eu corro para o beco e começo a olhar por todos os cantos até que vejo algo se mexendo num saco plástico no chão próximo à uma grande e fétida lixeira.
Assim que eu chego perto e olho o saco semiaberto, meu coração congela. Um bebê? Ainda sujo de sangue e o cordão umbilical preso à placenta. Colocaram aquele pequenino ser no lixo e o deixaram ali para morrer? Sem pensar duas vezes, eu retiro meu paletó e embrulho com cuidado o menininho que chora inconsolável, correndo para o hospital mais próximo. Assim que eu entro na emergência, avisto Maja. E eu nem olho para mais nada, apenas grito desesperado.
- Maja, me ajuda!!!!
- O que houve, Seiji?
- Ele precisa de ajuda!!!!! Por favor!!!!
- Enfermeira! Vamos! Seiji, me espera aqui porque eu preciso fazer várias perguntas a você!!!!
Eu ando de um lado para o outro na sala de espera da emergência com o celular na mão. Eu primeiro ligo para a polícia. Digo meu nome, o que aconteceu e onde estou e aguardo eles chegarem. Depois eu ligo para Afonso.
- Alô amado, você está atrasado. Lembra que tem uma reunião com o Enzo?
- Afonso, preciso desmarcar tudo que eu tenho hoje! Eu não saio daqui!
- Daqui onde, amado? O que aconteceu? Seiji, você está me apavorando!!!!!
- Deixaram um bebê no lixo, Afonso, no lixo! Ele é tão pequeno e indefeso!!!! - A esta altura eu estava chorando desesperado. Afonso continua comigo na linha, aparecendo no hospital dez minutos depois, seguido de Daichi, Arthur e Alessio.
- Amado, estou aqui!!! Se acalme! Você está todo sujo de sangue.
- Ele é tão pequeno... coitadinho!
Afonso me abraça, sem se importar se suas roupas ficarão sujas também.
- Ele vai ficar bem. E eu estou aqui com você, amado. Eu te amo tanto!
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Turbilhão (Livro 4 da Série Akai ito)
RomancePLÁGIO É CRIME! Estória original, escrita por mim, com personagens de minha autoria. Proibida a reprodução total ou parcial!!!!! Há quem não busque o amor? Passar a vida à espera de alguém que vai tornar seus dias mais brilhantes, sua existência mai...