A tentativa

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Domingo à noite

Ponto de vista de Júlia

Iori está de plantão. O que me permite colocar em andamento o meu plano. Eu pego meu telefone e disco o número que, em apenas alguns meses, eu aprendi de cor. Eu estava cada vez mais lenta e pesada por causa da gravidez. Iori não se cansava de admirar minha barriga e me dizer o quanto eu estava linda. Realmente, correndo para o banheiro a cada cinco minutos, não conseguindo me abaixar para pegar coisas no chão... Eu estou um espetáculo. A chamada entra e eu ouço a voz familiar do outro lado. 

- Júlia, querida, está tudo bem? 

- Está sim, oba Harumi. Desculpe por atrapalhar, mas eu precisava falar com você. 

- Claro, querida. O que houve?

- Eu queria o número de telefone de okaasan Mina.

- Júlia, por que você não pede a Iori?

- Eu quero falar com ela. Mais precisamente marcar um encontro. Iori e o irmãozinho estão miseráveis com este afastamento e eu sinto que é culpa minha. Se Iori souber, vai tentar me impedir.

- Júlia, isso não é culpa sua. Iori jamais seria feliz com outra mulher que não fosse você! Minha irmã se deixou cegar por tradições e o que ela acha que é dever filial. Ela se esqueceu do amor e respeito. Eu não gostaria de ver você machucada. Mina sabe ser bem cruel.

- Oba Harumi, se eu disser que estou preparada para tudo, acreditaria em mim? Só não consigo mais ver Iori e Seiji neste sofrimento. Afonso nem conhece os sogros. E eu sei que ele quer fazer a mesma coisa que eu estou pedindo a você agora. Só que Afonso não vai tolerar que ela fala mal de Seiji.

- Nem eu, Júlia. Eu amo meus sobrinhos da mesma maneira que amo meus filhos. 

- Eu preciso tentar, oba Harumi! Por favor! Eu prometo não brigar com ela. Só quero conversar. 

- Júlia, querida, acalme-se. Lembre-se do bebê que carrega!

- É também por causa dele que quero fazer isso. Não quero meu menino afastado dos avós. Por favor!

- Está bem, mas com duas condições: eu marco o encontro e vou junto com você! Sem discussões!

- Mas e se ela for cruel com você? Eu vou me sentir muito mal!

- Querida, ela é minha irmã. Acredite em mim: não há nada que ela já não tenha feito comigo. Eu também estou preparada. 

- Está bem, oba Harumi. E obrigada por me ajudar!

- Você é minha sobrinha! Não precisa agradecer!


Ponto de vista de Harumi

Estou muito preocupada com o que pode acontecer neste encontro entre Júlia e Mina. Mesmo grávida de seu primeiro neto, é impossível prever o que Mina dirá a esposa de Iori. E Mina sabe ser bem cruel e ignorante quando quer. Às vezes, ter a "sorte" de se encaixar em todos os padrões significa não abrir a mente para o que é novo e diferente da sua própria realidade. 

- Harumi, o que houve?

- A Júlia...

- Ela está bem? Está tudo bem com o bebê?

- Ela quer se econtrar com Mina.

- Como? Mas Harumi, ela está grávida e eu duvido que Mina a poupe de comentários reprovadores! Você não concordou com isso, não é?

Turbilhão (Livro 4 da Série Akai ito)Onde histórias criam vida. Descubra agora