Akira e seu futuro

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Dia da partida de Akira para o Japão
Ponto de vista do mesmo

Finalmente chegou o dia. Para meus irmãos eu contei tudo e eles me apoiam. Já meus pais ficaram na ignorância mesmo. Melhor assim. Eles que façam o que as tradições mandam. Só tenho pena de nosso pequeno Seiji, sempre tão amoroso e preocupado com todo mundo. Meus pais jamais o aceitarão sendo gay. A intolerância deles é maior que o amor que dizem sentir por nós. Iori foi quem tomou a atitude correta. Se apaixonou por Júlia e nada os separa.

Quando Iori nos contou sobre os dons de Júlia, confesso que me assustei. Mas ter uma pequena feiticeira na família não é tão ruim. Quem sabe ela não veja alguma esperança para seu irmão mais velho que vai morrer solteirão.

O único que sabe dos meus planos é ojisan Kenichi. Não porque eu não confie em meus irmãos e primos, mas porque não saberei lidar com a frustração deles se eu falhar mais uma vez. Se bem que, depois de quinze anos, eu não posso e nem devo esperar muita coisa. Mas eu ainda assim preciso agir. Preciso me retratar, porque a culpa me consome. Aisha é meu sonho mais doce e minha tristeza mais profunda.

- Irmãozinho? Vai dar tudo certo. Tenha coragem e persista! - E me abraçando, sussurra em meu ouvido: - Quando vocês três voltarem, não haverá mais impedimento. 

Júlia é mais nova que nos três e chama a mim e a Seiji de irmãozinho. Fico muito feliz por Iori. Júlia é perfeita! Mas o que ela quis dizer com isso? Será que nossos pais vão acabar aceitando nós três? Não seria nada mal. 

- Obrigado, irmãzinha. Venham me visitar, sim? Tóquio tem muitas coisas interessantes, fora as belezas naturais do país. Podemos passear bastante!

- Iremos sim! Não é, amor? E arrastaremos o Seiji conosco.

- Quem vai me arrastar? Eu tenho duas pernas, Iori! Posso andar por conta própria. Que mania que todo mundo tem de querer me arrastar!

- Seiji você anda tão azedo!

- Iori, amor, deixa o irmãozinho em paz.


Ponto de vista de Júlia

Tirando Iori, Seiji e Akira estão num estado de total caos emocional. Seiji por estar tão próximo de seu destino e ainda assim perdê-lo por mais cinco meses. Eu consigo sentir sua frustração e tristeza. Seiji merece o amor que ele tem para dar. Digo ele porque eu realmente tenho dificuldade em ver quem é quem dos gêmeos. Mesmo sabendo que há coisas que acontecem na hora certa, me entristece ver pessoas boas como Seiji e Akira sofrendo desta maneira.

Entretanto, Akira está a caminho de seu futuro. Um futuro que ele anseia mas não ousa verbalizar. Ele se culpa pelo término, acha que foi o responsável, que não deveria ter dito nada a ela e simplesmente rompido com sua família. Cheio de dor e sentindo-se impotente, ele viu sua amada sacrificar o amor deles para não vê-lo dividido como estava. Contudo, tal sacrifício deixou-os infelizes e incompletos por anos. 

Nós abraçamos Akira, antes dele se encaminhar para a área de embarque. Ele ainda se vira uma última vez para acenar para nós. E eu os vejo. Claro como o dia. Juntos e felizes. E abro um enorme sorriso. 

- Gente, eu vou agora. Encontrar Arthur e Daichi no embarque doméstico e dizer oi e tchau aos amigos deles. 

E Seiji desaparece no aeroporto, fazendo meu coração se apertar novamente por saber que Seiji vai se desapontar e entristecer por causa de mais um desencontro. Aguenta um poquinho mais, irmãozinho! Vai valer a pena. Ele é o seu destino e vai amar você com todas as forças. 

Turbilhão (Livro 4 da Série Akai ito)Onde histórias criam vida. Descubra agora