Os suspeitos

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Quarta-feira

Ponto de vista de Maurício

Desde segunda-feira, tenho sido constantemente vigiado por Cláudio, que está desconfiado de mim. Apesar disso, tenho a nítida impressão de que Philip não contou a ninguém o que se passou entre nós há muitos anos. Eu ainda não sei se a desconfiança de Cláudio é apenas por ciúmes de Philip, ou se é por causa da antipatia que sempre nutriu por mim, desde que começou a trabalhar na Securitas.

Cláudio é cuidadoso, não permitindo que eu me aproxime de Philip. Mas ele nem precisava disso, já que o próprio Philip tem, propositadamente, se mantido longe. Apesar das ordens do senhor Botelho serem de que eu tenha acesso às mesmas informações que Cláudio, ele está sendo muito cuidadoso com aquilo a que eu posso ter acesso.

Ver Heitor, meu antigo colega de brincadeiras foi uma surpresa bastante agradável. Infelizmente, devido à vigilância ferrenha de Cláudio, não pude sequer trocar algumas palavras com ele. Só que hoje, Cláudio cometeu um erro enorme. Ele precisou falar com Philip e me deixou aqui no setor de IT sozinho. Desde a segunda-feira que eu tenho observados os palermas que trabalham aqui. O tal de Breno então nem se fala! Eu vejo de longe o quanto Heitor o manipula, e o babaca sem perceber, faz o trabalho de dois!

Heitor aprendeu muito comigo nos tempos de escola e provavelmente aperfeiçoou suas técnicas ao longo dos anos. Eu tenho a impressão de que ele está envolvido nas tentativas de roubo de dados. Só que Heitor, mesmo tendo se aperfeiçoado, não é tão inteligente assim. Tem que ter alguém mais por trás disso. E eu preciso descobrir quem é. Espero que Heitor ainda seja influenciável como era quando adolescente e me inclua em seus planos. Assim, se eu não puder ter Philip, pelo menos posso ficar rico sem fazer esforço.

E falando em Philip, ele hoje não pôde evitar de vir ao setor de IT e eu vi os olhares que Heitor lança para ele. Heitor o quer. Seu desejo é latente. Imagino como ele não deva estar frustrado com a distância que Philip impõe.

Eu mesmo não me incomodaria de passar algumas horas agradáveis na cama com ele. Philip sempre fora bonito e agora está lindo demais. Mas na época em que ele me seguia feito um cachorrinho, eu tinha uma reputação a zelar. Não podia agarrá-lo na escola. Não como eu fazia com as meninas.

Aproveitando a ausência de Cláudio e a distração de Breno, que aliás é um idiota completo, eu passo disfarçadamente pela mesa de Heitor, deixando com ele um papel com meu número de telefone. Que os jogos comecem...



Ponto de vista de Cláudio

Eu preciso falar com Philip. E de preferência com David também. Eu sei que estou correndo um risco deixando o Maurício sozinho lá no setor de IT. Mas o que eu preciso dizer, não pode ser na frente dele. Eu não acho que Maurício tenha a ver com os ataques à empresa, mas ele conhece quem tem. Eu vi no olhar dos dois na segunda-feira.

E a pessoa de quem eu desconfio não é a pessoa para quem as investigações e as provas apontam. Tem alguma coisa que não se encaixa nisso tudo. Meu instinto de ex policial me diz que há um mandante. Mas quem? Existem duas coisas acontecendo agora na empresa e eu não sei se são interdependentes ou se tudo é apenas uma enorme coincidência.

Eu bato na porta de Philip e espero que ele me dê permissão para entrar.

- Philip, tem um minuto?

Ele se levanta imediatamente da cadeira, enquanto eu fecho a porta. Antes que eu possa falar qualquer coisa, ele me abraça apertado e me beija. Eu me perco no carinho. Eu sinto muita falta dele em meus braços, na minha cama.

- Que saudades! Você não quer vir para casa comigo hoje? Desde domingo que não dormimos juntos.

- Amore mio, eu quero muito. Mas eu preciso trabalhar. E tenho novidades.

Turbilhão (Livro 4 da Série Akai ito)Onde histórias criam vida. Descubra agora