Quando o caçador vira caça...

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ALERTA DE GATILHO - VIOLÊNCIA

Ponto de vista de Cláudio

Enquanto eu dirijo feito um alucinado, recebo uma chamada de Breno, atendendo-a pelo dispositivo de bluetooth do carro.

- Alô, Breno?

- Cláudio! Eu estou no viva voz aqui na sala de David. Precisamos avisar que...

Eu estou tão nervoso que corto Breno de forma abrupta.

- Eu liguei para Lucca, Breno. A polícia está chegando aí. E eu estou indo até Philip. A polícia também está a caminho de lá.

- Você sabe onde Philip está?

- Sei. Ele tem um rastreador. Mas existe a possibilidade de os sequestradores descobrirem sobre isso, então eu preciso me apressar!!!! Pode me dizer como Philip foi sequestrado?

- Maurício o atraiu para o estacionamento coberto da empresa e dois homens armados o renderam.

- Cazzo! Quello stronzo, stupido! Vaffanculo!

Neste momento, David entra na conversa.

- As câmeras extras de segurança que você mandou instalar capturaram o momento do sequestro. Temos provas. E mais: Maurício fez parecer com que ele também fosse vítima. Então Philip não sabe que ele é o responsável por sua abdução.

- Coglione, imbecile, cretino, bastardo...

Eu continuo a usar todo o meu vocabulário chulo, até que David fala.

- Cláudio! Seja cauteloso! E salve meu lillebror, por favor.

Eu sinto toda a preocupação na voz de David e meu coração se confrange. Philip é tudo para mim. Se alguma coisa acontecer com ele...

- Eu vou trazer Philip de volta, David. Nem que isso custe minha vida.

A ligação termina ao mesmo tempo em que eu piso ainda mais no acelerador. Se alguém enconstar um dedo em Philip...


Ponto de vista de Philip

Depois que pareceu uma eternidade, sinto a van reduzir a velocidade e parar. O forte cheiro de maresia enche minhas narinas. Ouço a porta do veículo se abrir e o sujeito que estava com a arma apontada para mim, me faz levantar, me empurrando para fora. Eu perco o equilíbrio e caio no chão com um baque seco, batendo a cabeça. O impacto me deixa muito atordoado, mas eu não desmaio.

- Levanta logo do chão!

Alguém pega no meu braço com força e me faz levantar. Eu quase caio de novo, por causa da dor em minha perna e da vertigem que sinto. Sou levado, ou melhor, praticamente arrastado ainda com o saco na cabeça, e forçado a sentar em uma cadeira, onde me amarram. Eu ouço passos ao meu redor. Por que eles não falam? Será que é para impossibilitar o reconhecimento? Mas eu nem vi o rosto deles!

Eu nunca precisei lidar com esse tipo de violência. Penso então em Cláudio, insistindo para que eu aprendesse a me defender, socando aquele saco de areia. Será que se eu tivesse escutado Cláudio e feito como ele queria, eu poderia ter nos protegido e sair ileso? Mas eles estão armados. Melhor mesmo não reagir. E se eu sou o alvo, qualquer movimento meu pode causar a morte de Maurício. Não poderia viver com isso, ser o causador da morte de alguém. Será que eu consigo negociar com meus captores para que o soltem?

- Por favor, deixem meu amigo ir. Ele não tem nada com isso.

- Seu amigo? - Ouço um deles dizer com escárnio - Quem deu a você permissão para falar? Se continuar assim, nós matamos os dois! - E a última coisa que me lembro é da dor de levar um forte soco no rosto antes de desmaiar.


Turbilhão (Livro 4 da Série Akai ito)Onde histórias criam vida. Descubra agora