Azul

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Segunda-feira

Ponto de vista de Philip

David e Akito vão viajar na semana que vem para comemorar seu primeiro ano de casados. Eu e Rafael ficaremos responsáveis pela empresa neste período. No sábado passado tentaram passar pelo sistema de segurança para acessar o projeto de transmissão de dados via satélite que estamos desenvolvendo. E agora Rafael contratou uma empresa. O consultor chega hoje e quem vai se encarregar dele sou eu. Bem, pelo menos, isso vai ocupar minha mente com outras coisas.

Desde o desastre na escola com Maurício, eu nunca mais havia me permitido sentir nada por ninguém. E tivera sucesso até o dia do almoço com os amigos de escola de David, quando o primo de Fernando apareceu. Eu sentia seu olhar sobre mim. Eu não queria que ele percebesse meu interesse então eu o olhava discretamente. O homem é de parar o trânsito.

Exatamente como Maurício era, o que me deixou muito mal por perceber que ele despertava meu interesse. Homens lindos assim jamais se aproximam de mim com boas intenções. Isso é fato. Idiotice minha pensar que ele ia querer mais do que apenas se divertir comigo. Eu sonhava com meu primeiro beijo com Maurício. Ele havia deixado implícito em várias ocasiões que esse dia chegaria, apenas para me desiludir no final, me humilhando em frente a toda a escola.

Aquele almoço infeliz serviu apenas para que esse homem se infiltrasse em meus pensamentos e em meu coração, fazendo bagunça naquilo que eu, tão diligentemente, havia arrumado. Pensar nele aquecia meu corpo de tal maneira que nem banhos de água gelada resolviam meu problema. Enquanto meu corpo ardia em chamas, minha cabeça girava, num turbilhão de emoções há muito reprimidas. Mas se eu der vazão aos meus desejos e o que será de meu coração? E se eu ouvir a razão, vou conseguir voltar a ser o mesmo de antes?

- Philip! Você está me ouvindo? - Eu estou na sala de David. Estávamos conversando sobre as questões de segurança da empresa. Não sei como me distraí desta maneira.

- Desculpe, David, acho que estou um pouco cansado.

- Isso é porque você não sai do pé da Maja.

- Eu? Eu apenas cuido dela, David. Maja é muito distraída e confia demais nas pessoas.

- Enquanto isso, você desconfia de todo mundo.

- Eu não tenho motivos para confiar em ninguém além das pessoas que são próximas a mim.

- Eu acho que você devia experimentar. Você pode se surpreender. Aliás, falando em pessoas próximas, você sequer deixa alguém se aproximar de você!

- As únicas surpresas que eu espero de outros são as desagradáveis.

- Que é isso que você pensa, Philip, todos nós já percebemos.

- Não há motivos para acreditar que será diferente, David.

- Não quer fazer novas amizades, tudo bem, mas e amor?

- Amor não foi feito para alguém como eu.

- Como assim? Você tem exemplos maravilhosos ao seu redor! Eu e Akito, nossos pais, Fernando e Rafael, até nossos amigos encontraram o amor! Tirando Martin que se diz solteiro convicto. Quem sabe seu amor não entra por aquela porta?

- Eu duvido muito disso. Você está sendo exagerado agora.

- Estou? Você sabe bem como Akito entrou em minha vida. Quem garante que a pessoa que vai abalar suas estruturas não entre por ali?

Porque alguém já o fez e a probabilidade de essa pessoa entrar pela sua porta agora é nula!!! Eu realmente queria gritar isso para ele, mas batidas na porta me assustam e eu olho sobressaltado. David apenas me dá um olhar de "quem manda duvidar do destino". Mas eu tenho certeza de que é Rafael, por isso nem me mexo. Só que assim que a porta se abre, meu coração congela.

Turbilhão (Livro 4 da Série Akai ito)Onde histórias criam vida. Descubra agora