Tic-tac

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O gotejar constante de chuva batendo no telhado de madeira, limpou a mente embaçada de Todoroki. Havia vozes conversando ao fundo, baixas para não acordá-lo. Ouvia três pessoas diferentes, uma sendo de Midoriya. Não conseguia distinguir o que diziam, a chuva atrapalhava o som.

Quando se perguntou se deveria, ou não, chamar por água, espirrou alto. O som foi forte, e uma rodada de espirros se seguiu. A porta do quarto de madeira se abriu, Midoriya entrou sorrindo de lado.

— Esse lugar simples incomoda o nariz de vossa senhoria?

Todoroki não respondeu, espirrava como se sua vida dependesse disso. As orelhas ficaram vermelhas ao sentir meleca escorrendo. Definitivamente, sua imagem nobre foi quebrada.

— Como você pode ficar vermelho com tanta facilidade? — Midoriya deu risada — As vezes é pior que eu.

— Você não é tímido. — Todoroki reclamou de voz rouca, a garganta coçando em protesto.

— Ah, não, eu sou. — Midoriya ajudou Todoroki a assoar o nariz, sem mudar de expressão — Mas, apenas com pessoas que acabei de conhecer, ou ao ser provocado e em situações embaraçosas. Com mulheres é ainda pior, eu pareço um morango.

 — Isso é verdade? — A voz de alguém se intrometeu, brincando.

— O que? — Midoriya bufou — Você não acredita em mim?

— É engraçado, eu sempre vi você humilhar os outros. — Os cabelos pretos apareceram na porta, os olhos vermelhos brilhavam em provocação — Pensei que sua língua fosse afiada sempre. Quem diria, meu pequeno irmãozinho é todo tímido.

— Não me provoque, Tokoyami. — Midoriya corou, apertando os lábios em desgosto.

— Você fica vermelho mesmo, que adorável! — Tokoyami riu, escondendo a boca atrás do punho.

— Hm... — A terceira pessoa, Iida, entrou pela porta com uma caneca nas mãos — Midoriya, eu terminei o chá.

— Ótimo, traga aqui! — Midoriya sorriu largo por trocar de assunto, sem notar suas bochechas ainda vermelhas — Todoroki, Iida se dispôs a cuidar de você. Eu partirei ainda hoje com Tokoyami, deixarei uma lista do que fazer, não ouse burlar isso!

— Oh, eu serei obediente. Obrigado, Iida. — Todoroki assentiu, pegando a caneca estendida pelo homem.

— Não se preocupe com essas coisas, espero ser amigo de todos vocês. — Iida respondeu sorrindo, balançando uma das mãos, parecendo um boneco de madeira — Eu que preparei seu chá, se estiver muito amargo, posso adicionar um cubo de açúcar.

— Não coloque muito. — Midoriya sorriu, aconselhando — As vezes, o gosto fica pior.

— Eu não sou exigente. — Todoroki respondeu, tomando um gole e logo depois franzindo as sobrancelhas — Tem certeza que colocou açúcar?

— Vossa senhoria é mesmo exigente. — Tokoyami falou calmamente. O tom de voz soava séria demais para ser uma piada, mesmo assim, Midoriya riu.

— Então dois cubos de açúcar, vou anotar. — Iida saiu rigidamente.

— Eu preciso ir agora, Todoroki. — Midoriya se aproximou repentinamente, o que fez Shoto prender a respiração. O rosto ficou cada vez mais perto, a ponto de sentir o cheiro de grama e remédio alheio. Fechou os olhos com medo, então sentiu um toque na testa. Oh... Ele estava medindo sua temperatura... — Não está tão quente, isso é bom. Não tire as cobertas, mesmo sentindo calor. É bom transpirar. Iida vai ajudar no seu banho. Se puder se mexer, pode fazer isso sozinho.

jovem guerreiro | Tododeku | Bakudeku Onde histórias criam vida. Descubra agora