Valsa

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Amanheceu e Shinsou se recusou em sair da cama. Não queria, de maneira nenhuma, ter que aturar Bakugou junto com Todoroki. Não sabia o motivo, mas Bakugou ficou com ainda mais ódio do filho de Endeavor após voltar da guerra. Algo lhe dizia para não se intrometer, e assim o fez.

Não poderia enrolar demais, precisava levantar mesmo contra sua vontade. Ao sair das cobertas e pisar no chão frio, sentiu ainda mais vontade de apenas morrer.

— O vidinha de merda, não posso apenas viver em uma casa no meio da floresta em paz? — perguntou a si mesmo chateado.

Arrumou-se, saiu do quarto e foi em direção aos aposentos de Bakugou. Era bom avisar logo cedo, ou seria pior depois. Assim que abriu a porta, encontrou Bakugou deitado no tapete do chão. Era realmente engraçado, o garoto sempre evita a enorme e confortável cama.

— Já disse que precisa se acostumar com a cama. — Shinsou riu olhando a cena, Bakugou olhava o sol nascer ainda no chão duro.

— Já disso que não consigo. — abriu a boca em um bocejo — O primeiro passo é conseguir dormir no sofá, depois eu tento uma cama.

— Já pode começar amanhã, não pode dormir no chão sempre. Quando casar, sua esposa jamais aceitará se deitar no chão duro e sujo. — Shinsou se escorou na porta e ironizou.

— Duvido que ligue. — Bakugou não hesitou em responder — Mas tem razão, quem eu amo merece dormir na melhor cama do reino.

— Espera. — Shinsou riu de nervoso — Você gosta de alguém?

— Claro, você não? — respondeu sem entender.

— É... — Shinsou tossiu sem jeito, não queria dizer que nunca se apaixonou ou se interessou por alguém, Bakugou certamente o zoaria por isso — mudando de assunto, Todoroki vem treinar com você.

— Que?! — Bakugou se sentou rapidamente, a expressão irritada no rosto.

— Antes de gritar — Shinsou suspirou levantando um dedo no ar — pense pelo lado bom, você vai poder bater nele.

— Mas que ideia de merda. — resmungou se levantando.

— Reclame com Hakamata. — Shinsou riu e saiu. Ainda precisava tomar seu café.

...

Tsuyu andava de um lado para o outro tensa. Nenhuma mensagem de Midoriya chegou, e isso estava distraindo sua mente. Não reparou muito na falta dele por causa do irmão, ficou o tempo todo pensando na visão infernal que teve ao olhar o corpo por completo. Ainda não conseguia acreditar que fizeram aquilo com ele e com bebês inocentes, esse jamais foi o estilo da tribo. Ainda lembrava de ao abrir as bocas costuradas receber um globo ocular com um pedaço de pele de animal com mensagens. O que, por si só, já era estranho, apenas algumas pessoas sabiam ler e escrever na tribo. 
 
Nas mensagens diziam para não atacar, para se renderem, para voltarem e se unir a eles. Também avisavam que estavam com reféns e crianças dos que fugiram, e que não machucariam eles se a cabeça de Tsuyu fosse jogada a sua porta. Todos ficaram horrorizados, a anciã chegou a se sentir enjoada e dizer que nem os Midoriyas eram tão cruéis. Foi ai que lembrou do amigo, que foi enviado ao reino e desde então não mandou nenhum mensageiro. Não queria dar uma de doida, então, mandou uma carta a Bakugou pedindo para checar a situação em seu nome. Caso nenhuma resposta chegue em duas semanas, pretende ir a capital e cortar o belo pescoço do rei, sem misericórdia. Todos os seus instintos diziam que o homem de coroa não era confiável, mas, por alguma razão, sentia que a guerra que está para começar era importante e que deveria participar ativamente de tudo.

Os pensamentos de arrependimento por ter aceito a aliança vagavam as vezes em sua mente, seu pai estava dividido e com poucas palavras conseguiu convence-lo a assinar com o nobre. Era sua culpa o irmão ter morrido, era sua culpa seu pai ter morrido, era sua culpa a tribo estar dividida. Se não tivesse se intrometido, se permanecesse neutra, tudo estaria normal. Ninguém se machucaria, nada mudaria. Mas, também, nunca teria a chance de se aproximado de Midoriya, e disso não se arrepende. O jovem é uma pessoa incrível, que em pouco tempo fez suas perspectivas de vida melhores e mais leves.

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