Tribo dos sapos

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Já fazia cerca de duas semanas que Bakugou partiu, Midoriya continuou com sua vida normalmente. Quando perdeu seu companheiro de luta, passou a treinar no celeiro, isso economizaria tempo de ir e vir da floresta.

Depois de outro dia cansativo, Midoriya estava se preparando para dormir quando ouviu algo se mexendo do lado de fora. Ficou com medo, não era normal ter movimento por perto, já que o celeiro é localizado longe da casa do seu mestre, em um local relativamente solitário.

Como o barulho soou por perto, levantou e ficou em silencio para ouvir melhor. O som de algo andando soou novamente, dessa vez perto da porta. Izuku pegou sua espada de madeira e se aproximou com cuidado, chutou a porta e se preparou para atacar. Antes de fazer qualquer coisa viu uma garota de cabelos verdes, que o encarou surpresa, aparentemente se assustou. Diferente do que Izuku esperava, ela sorriu, como se visse um velho amigo.

— Eu achei que você estivesse doente, talvez morto. — A voz doce da garota disse com um tom brincalhão.

— E-eu te conheço? — gaguejou Izuku, achando aquilo um pouco estranho.

A garota, que estava encolhida no chão parecendo um sapo, riu e respondeu:

— Não, creio não. Nunca me apresentei, só observei. Meu nome é Tsuyu Asui, me chame só de Tsuyu.

— Observando o que exatamente? — Midoriya perguntou cauteloso.

— Cadê seu amigo? O que grita e ri histericamente. — Tsuyu, que não parecia querer explicar, olhou ao redor e perguntou.

— Kacchan? Compraram a liberdade dele. — Izuku ficou surpreso pela garota sapo saber quem era Bakugou.

— Entendi, ele te abandonou, que coisa triste. Então vamos voltar para nossa tribo, já chega de ser escravo. — a garota de cabelos verdes falou com um sorriso nos lábios.

— Pfft, você é engraçada. — Midoriya riu um pouco — Não é como se eu quisesse ser escravo, precisão pagar pela minha liberdade, só assim posso partir.

Como não sentiu malicia vindo de Tsuyu, abaixou a espada de madeira.

— Eu sei, vou cuidar disso. Nossa tribo já não ignora mais você. Estamos aceitando melhor o relacionamento com forasteiros, estou envergonhada pelas ações de meus pais no passado. — A garota, que estava em pose de sapo, se levantou e se curvou levemente.

— Quem é você, e o que diabos está acontecendo? — Midoriya perguntou diretamente, já não entendia nada do que a menina falava.

Tsuyu, que foi convidada a entrar no celeiro, parecia feliz por finalmente conversar com o garoto.

Sentados no chão, ela, que percebeu que Midoriya não entendia nada, resolveu explicar desde o começo.

— Nossa tribo, que tem meu pai como líder, é a tribo dos sapos. Somos guerreiros, e muito bons na minha opinião. A floresta é nossa casa, nós meio que sempre cuidamos da fronteira. Você é um de nós, filho da senhora Inko. Ela era uma ótima mulher, sinto muito pela morte dela. — Tsuyu falou em um ritmo calmo, mas cada palavra tinha um peso em Izuku.

— Sua mãe era a ultima descendente dos guerreiros com sobrenome Midoriya, ela foi expulsa por engravidar de um forasteiro, o que era proibido na época. Nós sempre ficamos de olho nela e em seu filho, não esperávamos que você acabasse sendo escravo, muito menos que ela morresse. Sinto muito por seu pai também, ele não parecia um homem ruim. Nossa tribo, recentemente, fechou uma aliança com o seu reino. Nós forneceremos guerreiros e eles nos fornecerão alimento e cavalos. Acho que em breve podemos nos chamar de moradores do reino UA haha. — Tsuyu parecia bem relaxada, explicando com com um sorriso.

— Eu não entendo, existe uma tribo na floresta? Eu sou um de vocês? — Midoriya sentia que não era real, sua cabeça rodava e vários pensamentos e questionamentos surgiram.

— Sim, sim. Nossa tribo não podia vir buscar você, sua mãe foi banida, afinal. Sinto muito que você teve que passar por tudo isso, eu estive te observando por um longo tempo. Foi inesperado que seu sangue de guerreiro fosse forte, eu não achei que você fosse treinar por conta própria. Conversei com meu pai quando você sumiu, queremos que você volte a tribo, treine e se torne oficialmente um de nós. Eu achava que seria impossível de você aceitar essa proposta, por causa do cara loiro. Nunca imaginei que ele fosse embora antes de você. Vou tentar ser uma general, esse é seu sonho também, não é? No seu reino mulheres não costumam lutar, certo? Quero ser um exemplo para elas, e, ao mesmo tempo, representar a nossa tribo.

Midoriya ficou quieto por um longo tempo, ele não tinha memorias da sua mãe e até seu pai era apenas um borrão. Mesmo assim, sempre achou seu pai admirável por ser um guerreiro e, aparentemente, sua mãe também era uma mulher incrível. A existência de uma tribo também era novidade. Midoriya suspeitava que, talvez, estivesse sonhando.

— Eai? Vai vir comigo? Eu pensei em só checar se você estava bem, nunca esperei que já pudesse te trazer comigo. — Tsuyu sorriu, seus olhos brilhando de expectativa.

— Eu gostaria, só que, você teria que pagar minha liberdade. Você tem dinheiro? E como fica o Kacchan? Eu prometi esperar por ele, se ele voltar e eu não estiver, vai ficar preocupado. Eu também nunca sai e se... — Midoriya murmurava futuros problemas em sair assim, sem avisar ninguém.

— Não se preocupe, eu deixo o dinheiro e uma carta na mesa deles. — A garota levantou e saiu, deixou Midoriya murmurando sozinho. Depois de um tempo, saiu do devaneio e se perguntou se estava ficando doido.

Não tinha nada ali, tudo parecia o de sempre. Quando pensou em fechar a porta e ir dormir, viu a garota voltar, ela sorriu e perguntou:

—Vamos?

Izuku, ainda atordoado, decidiu seguir ela. Tsuyu correu na frente e entrou na floresta, subiu em uma arvore e foi pulando de galho em galho, parecia um macaco misturado com um sapo. Midoriya não sabia fazer aquilo, apenas seguiu de perto pelo chão. As vezes olhava para trás e para frente, como se estivesse se decidindo se vai ou fica.

Não esperando por ele, Tsuyu continuou em ritmo acelerado. Izuku não teve outra escolha a não ser deixar suas dúvidas para trás e se concentrar em não perder a garota de vista.

Depois de algum tempo correndo para dentro da floresta, izuku ouviu vozes de pessoas. Seguindo o som, viu uma luz que descobriu ser uma enorme fogueira. Ao redor dela havia varias pessoas que dançavam, riam e comiam. Tsuyu sorriu, desceu da arvore, se aproximou de Midoriya e disse:

—Bem vindo, essa é sua verdadeira casa.

jovem guerreiro | Tododeku | Bakudeku Onde histórias criam vida. Descubra agora