Medo

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O beijo durou um bom tempo, até os dois não conseguirem respirar mais. Ao se separarem, Izuku, que estava vermelho como um tomate, não conseguiu olhar Bakugou diretamente. O silêncio permaneceu no ar por um tempo, ate Bakugou resolver falar.

— Você entendeu, não é? Eu gosto de você. Sinto muito por ter te beijado assim, sem aviso. — Falou rouco, parecia receoso.

— K-kacchan, eu... eu... não me toquei qu- — tentou falar, estava tão envergonhado que só conseguiu fechar os olhos com força.

— Faz pouco tempo que descobri, foi depois de ficar sem você. Eu não quero te pressionar a nada, por isso... pense a respeito. — Pediu, em um murmuro suplicante.

— Eu vou, juro. — Ergueu seu olhar para encarar o loiro, falando o mais sério que conseguia.

— Acho que agora você precisa ir, Tsuyu te espera. — Bakugou falou, colocando sua mão no topo da cabeça de Midoriya.

— É... — resmungou de volta, sem sair do local. Queria conversar sobre aquele beijo, sabia que não teria tempo depois de se retirar.

— Que foi? Quer outro beijo? — Bakugou riu e se aproximou.

Midoriya se levantou em um pulo, antes de sair, mostrou a língua em provocação. Bakugou ficou com um sorriso bobo por um tempo, finalmente tinha provado daquela boca e, sem dúvidas, queria mais. Do lado de fora, Izuku se aproximou dos garotos.

— Todoroki? Você me leva de volta? — perguntou, olhando seu comandante que conversava com Kirishima.

— Ele acordou? — o ruivo perguntou, sorrindo em expectativa.

— Acordou sim, e está bem animado. — Ironizou o garoto, com um sorriso de lado.

...

Na barraca de Tsuyu, Todoroki trouxe o garoto ate ela, ajudando ele a manter equilibrado as vezes, para que não caísse. Depois de deixa-lo sentado, se retirou. O comandante era educado o suficiente para saber que eram questões familiares, que não lhe diz respeito.

— Como você está? — perguntou Midoriya, antes que ela falasse qualquer coisa.

— Eu? Ótima! Mas, e você? — respondeu no automático, estava aliviada de ver seu amigo bem.

— No momento, perdido e com medo. — Suspirou, pensando em Bakugou.

— Fala da floresta? Vai ficar tudo bem. — Falou a chefe, colocando uma mão no ombro do amigo.

— Na verdade... estou falando do Kacchan. Ele me beijou. E-eu não sei como reagir a isso, eu nunca tinha pensado nele assim. Eu estou com medo de ficar tudo estranho, de eu acabar perdendo ele. Você sabe, ele é a única pessoa que me conhece completamente, eu não suportaria ficar sem ele. Mas eu não tenho certeza se quero me relacionar desse jeito. E se eu machucar ele? Ou pior, e se eu iludir ele? Além de sermos homens, Kacchan nunca teria um filho se ficasse comigo. A não ser que ele queira mais de uma esposa, o que eu não tenho certeza se aceitaria. E também tem o fato de eu não ser virgem, ele se sentiria enojado? Se eu me sinto sujo, imagina ele! — Midoriya falou tudo muito rápido, deixando a garota totalmente atordoada.

— Calma. Vamos aos poucos, muita informação. Primeiramente, ele finalmente te beijou? Como foi? Ele beija bem? O que você sentiu? — Perguntou curiosa, um sorriso estampado no rosto.

— Foi como se o mundo todo parasse, foi quente, apaixonado. Ele é bom com a boca, eu me senti... hehe. — riu Midoriya, envergonhado.

— Que safadinho. — Zombou ela, rindo um pouco — sobre suas preocupações, eu duvido muito que Bakugou te abandone. Você pode enfiar uma flecha na garganta dele que o bobão vai continuar com aquele olhar apaixonado. Posso não ser próxima, mas observei vocês por um longo tempo. Eu sei e eu sinto a conexão de vocês. Tome seu tempo para pensar, depois fale com ele. E sobre se sentir nojento, Midoriya Izuku, nunca pense assim. Qualquer ser vivo seria abençoado de ter você na cama, com sua permissão, é claro. — Falou séria, segurando as duas mãos do amigo. Tsuyu agia como uma irmã mais velha, o que acalmava Izuku.

— Obrigado, Tsuyu. Eu amo você. — Suspirou, sorrindo um pouco.

— Você sabe que eu sinto o mesmo. — Sorriu de volta, parecendo contente.

Depois disso, ela atualizou Midoriya sobre o assunto urgente: a carta.

— Qual sua opinião sobre isso? — Perguntou ela, com uma expressão preocupada.

— Sinceramente? Eu estou com medo. Eu acho exagero da nossa tribo achar que é uma armadilha e, ao mesmo tempo, concordo que todos tem que ficar alerta. Precisamos nos preparar para o pior, mesmo que o rei só queira conversar sobre tempo. — Midoriya falou, tenso.

— Eu concordo, o que nos espera pode ser terrível ou não. Deixando isso de lado, você vem junto? Por mais que eu adore sua companhia, você está muito mal. — Ela franziu as sobrancelhas, observando o garoto respirar pesadamente.

— Estou bem, eu vou junto. Só preciso me despedir de Kacchan antes, e avisar meu capitão. — Midoriya nem hesitou em responder, já pensando em juntar sua coisas.

— Tudo bem, eu prefiro ficar de olho em você mesmo. Só não se esforce, e dessa vez eu quero que me prometa se cuidar. — Tsuyu suspirou, só ela sabia o quanto se sentia culpada por tudo que aconteceu ao amigo. Foi um erro concordar com a distribuição dos seus homens. Se todos ficassem juntos, ele jamais chegaria a se machucar.

— Eu juro não exagerar em nada, ficarei o tempo todo com você. E caso me sinta mal, avisarei imediatamente. — Midoriya sorriu, e colocou a mão sobre o peito, demonstrando seriedade na sua promessa.

— Tudo bem, confio em você, senhor beijoqueiro. — Riu ela, se sentindo mais tranquila.

...

Ao anoitecer, Kirishima foi repassar as atualizações e relatórios a Bakugou. Deixando para anunciar a partida de Midoriya por último.

— Você está ouvindo? — reclamou, irritado com o rosto bobo de Bakugou. Em nenhum momento ele pareceu ouvir, só continuava a encarar as próprias mãos com um sorriso idiota.

— Desculpe? — perguntou o loiro, confuso.

— DeScUlPe. — Imitou, sacudindo ao ombros.

— Por que está bravo? Um dia lindo desses. — Riu Bakugou, como se o mundo fosse feito de rosas.

— Já anoiteceu, Bakugou. O que diabos aconteceu com você? — resmungou, olhando para fora.

O silêncio se instalou por alguns segundos, depois de algumas risadas estranhas o loiro respondeu:

— Eu beijei ele.

jovem guerreiro | Tododeku | Bakudeku Onde histórias criam vida. Descubra agora