Bakugou já tinha conversado com seu esquadrão, como eles estavam com apenas cinquenta homens, foi dado quinze para Bakugou e para Kirishima, os outros vinte formaram um grupo.
Não era um segredo que Stain era um rato que se infiltrava entre os soldados, e no meio da batalha, matava o comandante que estivesse bobeando por ai. Como é difícil prestar atenção em alguém no meio da confusão, era um plano perfeito, ninguém procuraria um general no meio de vários homens comuns.
Bakugou chutou que, se Stain fosse atacar um lugar, seria a infantaria¹. O loiro usava suas antigas roupas, trapos de escravo, para passar despercebido pelos aliados e inimigos. Ele teve que descer do seu cavalo, e lutar no chão. Como seu esquadrão já era de infantaria, seus homens só precisavam agir naturalmente.
O loiro esperava algo grande hoje, principalmente depois da carta de Tsuyu. Sem saber quem Stain atacaria, se é que atacaria, ele colocou apenas os maiores comandantes, dos seus respectivos postos, em seus olhos. Bakugou ficou no centro do exército, para ter maior mobilidade entre os campos de batalha. Kirishima foi para a esquerda, ele era o único que tinha permissão para entrar em conflito com Stain, caso algo desse errado. Os outros se infiltraram no campo de batalha na direita. Cada uma das equipes tinha alguém a cavalo, para chegarem rápido ate Bakugou. Suas ordens eram que, assim que encontrassem alguém parecido com Stain, eles deveriam observar de longe, não era para entrarem em combate. Se o suspeito demonstrasse uma certa qualidade em esgrima deveriam correr para avisar seu capitão.
Algum tempo depois de se dividirem, ele viu um homem a cavalo, que pertencia a sua unidade. Ele apontava para o campo de batalha onde Kirishima estava, Bakugou entendeu imediatamente.
— Te encontrei, seu verme imundo. — Bakugou falou, seus lábios curvaram para cima, em um sorriso assustador. Ele saiu cortando todos da frente, abrindo passagem.
...
A batalha estava intensa na floresta, Tsuyu estava indo em direção de Midoriya. Ela assoviava pedindo a posição dele, no começo ele respondia, depois de um tempo ele não deu qualquer sinal de vida. Ela estava muito agitada, sempre tinha alguém no caminho, ela não conseguia chegar ate ele.
Os outros esquadrão continuavam a assoviar, indicando quantos mataram ou quantos escaparam, além de dar sua localização. A falta de resposta de Midoriya foi notada por todos, eles deveriam ficar de olho se encontrasse ele. Depois de um longo tempo, Tsuyu chegou no local onde Midoriya deu o primeiro sinal. Ela viu os corpos no chão e franziu a sobrancelhas, achando aquilo estranho. Midoriya não errou uma flecha sequer.
Então, qual o motivo do pedido de socorro?
Sua expressão ficou sombria, ela seguiu os rastros e foi encontrando corpos ao longo do caminho. No começo eram contidos, com cortes limpos e flechas certeiras. Depois de um tempo, os corpos mostravam golpes desnecessários. Era natural ver braços decepados ou dedos arrancados. Midoriya não lutava dessa maneira, ele matava na hora, para não fazer com que sofressem.
Um grupo de corpos chamou sua atenção em especial, os homens estavam com armaduras ferozes, e suas espadas eram de altíssima qualidade. Todos pareciam incrivelmente fortes, eram soldados de elite. Irônico como eles morreram igual a todos os seus companheiros, fatiados feito carne, e por um garotinho. Um dos corpos estava totalmente desfigurado, parecia que Midoriya tinha algum ressentimento com essa pessoa em específico. Seus olhos tinham sido perfurados, sua mandíbula arrancada, seu corpo tinha vários cortes, mas nenhum em pontos vitais, Midoriya tinha deixado ele sangrar ate a morte. Se Stain estivesse aqui, reconheceria a espada desse soldado, pertencia ao homem que capturou Midoriya.
A urgência aumentou ao longo do caminho, ela encontrou ate uma orelha perdida em um galho. Parecia que um louco selvagem passou por aqui, as marcas obvias de pegadas de sangue também poderiam ser vistas. Como tudo por aqui estava morto, ela não precisou lutar. Só focou em encontrar o amigo, que está precisando dela.
Um tempo depois ela ouviu gritos de agonia, seus passos aceleraram. Ela foi o mais rápido que podia em direção aos choros. Os gritos a deixavam tensa, aos poucos os sons foram sumindo, deixando apenas um homem chorando. Depois de um tempo ela finalmente chegou, apenas para presenciar uma cena de parar o coração.
Midoriya estava de costas, coberto de sangue. No chão, um homem chorava enquanto agonizava ate a morte. Ao redor dele, vários pedaços de corpos estavam espalhados, o chão estava coberto de sangue e órgãos. Midoriya não se movia, só ficou lá, esperando o homem terminar de morrer.
— ...Midoriya? — chamou tsuyu, cautelosa. O garoto não se moveu, parecia não ouvir. Ela desceu da árvore, mas não avançou ate ele, sentia medo dessa pessoa na sua frente.
— ...Izuku? — Tentou novamente, ele continuou parado. Tsuyu estava entrando em pânico, seu coração acelerado.
— ...Deku? — tentou mais uma vez, ela estava com medo de se aproximar e acabar se machucando. Ao ser chamado por seu apelido, Midoriya finalmente se mexeu, ele virou lentamente o corpo em direção de Tsuyu.
O rosto de Midoriya estava coberto de sangue, só dava para enxergar seus olhos verdes, que brilhavam perigosamente. Suas roupas, que pertenciam ao Bakugou, estavam em frangalhos. A espada em sua mão estava quebrada, provavelmente por não aguentar tantos golpes consecutivos, e pingava sangue.
Ao ver o rosto de tsuyu, que estava receoso e com medo, o garoto se deu conta do que aconteceu. Midoriya olhou para si mesmo, depois para os corpos no chão. Seus olhos se encheram de lagrimas, ele olhou para tsuyu novamente, como se implorasse que aquilo fosse um pesadelo. A visão das lagrimas de Midoriya se juntando com sangue era assustadora, mas isso só aliviou a garota tensa.
— Tsu... yu... socorro... — falou, trêmulo. Seus olhos imploravam por ajuda, ele parecia desejar a morte. Tsuyu sentiu uma pontada no coração, seus olhos marejaram. O Midoriya alegre e gentil surgiu na sua mente, fazendo aquela visão ficar ainda mais dolorosa. Ela correu em sua direção e o abraçou, apertando forte, sem qualquer intensão de largar.
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Nota¹: caso não saiba, infantaria é um esquadrão de combate a pé. Eles são treinados para lutar em qualquer terreno, sendo umas das "armas" mais usadas na guerra.
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jovem guerreiro | Tododeku | Bakudeku
FanfictionMidoriya é órfão de guerra, foi vendido como escravo com 5 anos e passou a ser melhor amigo de Bakugou, um escravo exemplar que servia a mesma família. A maneira como eram tratados era visivelmente diferente. Bakugou era um bom escravo, forte, sil...