Ponta solta

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Bakugou estava confuso, os sons ao seu redor estavam variando de extremamente altos para sussurros distantes. Gotas de suor gelado escorriam de seu rosto, se sentia fraco e impotente.

— Nem... eu achando... mataria ele. Bom... vocês que... cortar... cabeça de Stain. — Midnight ria, uma risada que doía nos ouvidos de Bakugou. Ele estava lutando para se manter focado, de pé. Depois da adrenalina passar, o cansaço veio com tudo.

— Eu... melhor... Bakugou. Foi ele... matou... — falou Todoroki, que, mesmo estando ao lado de Bakugou, parecia distante. Por mais péssimo que estivesse, ele entendeu. Queriam que ele fizesse a honraria de arrancar a cabeça de Stain. Era comum enfiar ela em uma estaca e sair por ai desfilando, mostrando que já acabaram com seu general. Isso baixaria a moral do inimigo, algo importante na guerra.

Dando um sorriso de lado, Bakugou fez um movimento de ir para frente. Isso acabou com suas últimas forças, a espada em sua mão fez um baque ao cair. Seu corpo despencou junto, duro no chão. Nem deu tempo de sentir nada, já tinha perdido a consciência.

— Mas, que..? — Todoroki perguntou, assustado. Depois lembrou que o companheiro tinha perdido metade do sangue no confronto, era normal ele estar fraco e cansado.

— Pobre garoto, me de ele. Vou voltar, aproveito para deixar ele sob os cuidados dos meus homens. — Midnight fez uma expressão de pena, mas não parecia preocupada. Confiava em seus curandeiros, e caso eles vacilassem, poderia usar alguém da tribo dos sapos. A fama das suas variações de pomadas deixava ela curiosa, queria aprender também.

Sem esperar muito, Shoto pegou o homem desacordado no colo e colocou no cavalo de Midnight. Ele gostaria de voltar e descansar também, mas precisava ver como Kirishima estava. Abandonou sua unidade nas mãos de alguém sem experiência, isso foi imprudente.

...

Os soldados da tribo assistiram de longe Izuku, o garoto doido, se afastar em alta velocidade. Ninguém tentou para-lo, só se retiraram de seu caminho. Obviamente, seu destino era as profundezas da floresta, onde Tsuyu se encontrava. Todos presentes queriam salvar sua chefe, pena que suas ordens não permitiam deixar seu posto. O garoto estava dormindo na hora do ocorrido, tecnicamente, não esta desobedecendo nenhuma ordem.

Depois de pouco tempo, Izuku já sentia seu corpo doer, sua cabeça girar, a fadiga diminuiu seu ritmo. Quando chegou no local do seu primeiro surto, prendeu a respiração, com nojo do que havia feito. Uma vontade incontrolável de chorar ficou presa em sua garganta, a prioridade é a Tsuyu, depois estaria livre para lamentações. Izuku sabia que ela estaria por perto, então seguiu os rastros de corpos que sua crueldade deixou mais cedo.

A futura chefe da tribo era muito boa em apagar rastros, era quase impossível saber onde ela esteve. Mas, as coisas eram diferentes dessa vez. Ela estava ferida, cansada e preocupada. Os respingos de sangue nos galhos das arvores eram seu caminho até ela, que não deveria ter ido tão longe.

Midoriya travou por um momento, o barulho de um rugido veio da sua esquerda. Com calma, ele localizou o urso, que tinha metade de uma pessoa na boca. A cena ao redor era feia, Izuku sabia que metade dos corpos destroçados no chão eram sua culpa. De qualquer maneira, o animal tinha feito um estrago grande nos soldados que encontrou, só não parecia com vontade de perseguir os que fugiram. Era gordo e preguiçoso, já tinha o suficiente para uma boa refeição.

Os lobos interceptavam fuga da maioria dos soldados, os que fugiam na direção oposta dos uivos iam em direção do armazém, onde uma tribo estava a espreita, além de varias armadilhas. As coisas estavam sobre o controle, só faltava encontrar sua líder. Izuku não demorou, virou as costas ao urso e voltou a procurar a garota.

Quando o sol estava sumindo no horizonte, Midoriya finalmente encontrou a amiga. Que estava enfiada em uma árvore oca, desmaiada. Ela não parecia tão ruim, só muito pálida. Ao tocar em seu rosto, percebeu que estava muito gelada. O clima ainda não estava tão frio, já que não anoiteceu completamente, Izuku sabia que ficaria pior com o passar do tempo. Então, tirou a camisa que usava, abriu no meio e enrolou Tsuyu como um bebê.

A roupa pertencia a Bakugou, que era mais alto que ele, quando vestido é perceptível a diferença de altura e largura. No começo, Izuku pensou em tirar antes de entrar na floresta, por medo da roupa se enroscar nos galhos. Agora pensava diferente, já que por causa da roupa, Tsuyu ficaria quentinha. Depois de cuidar disso, pegou ela no colo e, com dificuldade, refez seu caminho de volta.

...

No QG, o mensageiro estava ajoelhado na frente do general. Vários relatórios estavam chegando, de todos os locais do campo de batalha. Vlad já tinha despachado seu tenente para reforçar o flanco direito, onde foi visto um dos tenentes inimigos. Agora só precisava saber qual era o problema do flanco esquerdo, que nunca mandavam um relatório decente.

— Midnight já esta recuando? — Perguntou o general Vlad, irritado.

— Sim, senhor. — Respondeu o mensageiro da comandante, com a cabeça baixa.

— Essa mulher não desgruda. — Suspirou, se sentindo cansado.

— Hm... senhor? — O mensageiro chamou, parecendo incomodado.

— O que? — perguntou o general, olhando para sua direção.

— Eu ouvi murmúrios sobre algo estar acontecendo na floresta, o senhor não deveria ficar preocupado com nossos estoques? — O homem perguntou, corajosamente. Ele era o mensageiro mandado por Midnight, que entrou na floresta junto com os soldados. Ele não ficou muito tempo lá, quando o resgate foi feito, pegou seu cavalo e voltou para relatar a sua chefe. Mesmo assim, sabia onde permaneciam os estoques, e ficou se perguntando o motivo de ainda não terem mandado um esquadrão para proteção do local.

O general franziu as sobrancelhas, depois direcionou seu olhar ao seu estrategista. O homem engoliu seco, sentiu um arrepio na espinha. Deixar uma ponta solta foi algo idiota, mas agora era tarde de mais para pensar assim. 

jovem guerreiro | Tododeku | Bakudeku Onde histórias criam vida. Descubra agora