Carta

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Na barraca de Todoroki, Midoriya estava sendo cuidado pessoalmente pelo comandante. Era fato que o garoto dormiria por um tempo, estava exausto. Com uma bacia com água quente e um pano macio, Todoroki limpou todo o suor frio e resquícios de sangue que encontrou. Adoraria apreciar a vista, mas ver hematomas, machucados, e o pior, as marcas deixada por Stain não permitiam isso. Mesmo com o general morto, ainda sentia raiva. O estranho era todo aquele sangue seco, a água logo ficou com uma tonalidade vermelha.

Entre suspiros preocupados e tristes, terminou o que estava fazendo. Pegou a pomada que ganhou e aplicou nos cortes espalhados pelo corpo magro de Midoriya, não havia muitos. Os músculos mal desenvolvidos de Midoriya se contraiam involuntariamente, sem conseguir relaxar, isso não ajudava na cicatrização, já que as feridas se abriam as vezes. A solução era esperar que isso parasse, e a tremedeira, por causa do frio, não ajudava.

A única coisa que faltava era manter o paciente aquecido, Shoto pegou suas roupas, que custavam mais que uma carruagem, e colocou no garoto. Levou ate sua cama e colocou todos os cobertores disponíveis nele. Um pequeno e convencido sorriso surgiu em seus lábios, não conseguiu evitar de pensar no garoto dormindo na barraca de Bakugou, usando as roupas dele.

— Bem melhor. — Pensou, sentindo que tudo estava como deveria.

Ainda havia coisa a fazer, mas Todoroki só foi dar uma olhada em como a tribo estava e voltou para sua barraca. Era viciante ficar com Midoriya, seu cheiro ficava impregnado no ar, trazendo uma sensação de prazer descomunal. O comandante ficou um bom tempo assistindo o garoto dormir, sem se mover. Estava tão entretido que não percebeu que estava se aproximando cada vez mais.

A ideia de beijar Midoriya rodeava a cabeça, sempre com mais e mais força. Os lábios rosados do garoto estavam levemente abertos, respirando com dificuldade. Com o corpo tomado pelo desejo, Todoroki ficou cada vez mais próximo, ao ponto de sentir a respiração quente de Izuku roçando em seu rosto. Os dois estavam a um centímetro de se beijarem quando Todoroki parou, e relutantemente se afastou.

— Vamos fazer isso quando você acordar, quero que seja bom para nós dois. — Murmurou, fazendo um carinho cheio de afeto no rosto bochechudo e com belas sardas.

Um pouco depois disso, Kirishima veio saber da situação. Ele ficou bem ocupado ajudando ao feridos, quanto terminou correu ate Todoroki. O fato de Midoriya estar sendo cuidado com exclusividade o deixou incerto. Pensou que Midoriya estava muito mal, mas não era para tanto. Um tempo depois de passar relatórios sobre a tribo, ele comentou:

— Tem certeza que vai manter Midoriya aqui? Se Bakugou acordar... ele vai te matar. — Sua voz soava bem preocupada, como se já ouvisse os gritos histéricos do loiro.

— Depois eu coloco Izu na barraca dele, por enquanto ele fica aqui. — Todoroki respondeu indiferente.

— Izu? — Perguntou Kirishima, levantando uma sobrancelha em curiosidade.

— Algum problema? — Todoroki perguntou, parecendo não entender.

— Não... nada. — Kirishima segurou o riso e saiu, sem dizer mais nada.

Enquanto caminhava de volta, não pode deixar de pensar se sentindo injustiçado:

— Midoriya tem mel no corpo, conquistou dois ótimos pretendentes.

...

Perto do acampamento de Todoroki, sendo tratada por alguns curandeiros, Tsuyu suspirava exausta. Depois de ser enfaixada, se deitou junto com seu povo para descansar. Prestou atenção nas fofocas que faziam, o nome de Midoriya era muito recorrente. Alguns elogiavam sua postura por partir atrás da chefe, outros pareciam receosos com o massacre. Mas, uma coisa era fato, todos o respeitavam, sempre se referindo a ele de maneira educada.

Quando acordou, Tsuyu se viu enrolada na roupas que Izuku usava, isso arrancou um sentimento de alívio dela. Saber que ele voltou a floresta, enfrentou o frio sem nada, apenas para salva-la mostrava sua bondade. Pelo menos ele não perdeu a essência, só estava confuso e quebrado. Um tempo sendo confortado por amigos faria ele se recuperar melhor, e ela estava ansiosa para mostrar que estaria ao lado dele.

Esse momento de reflexão não durou muito, já que um mensageiro chegou as presas. E pior, com um pergaminho diretamente da capital real. Era de conhecimento público que seu povo não sabia ler, obviamente ela aprendeu nesse meio tempo de negociações com o reino. A futura chefe não poderia, de maneira alguma, assinar um papel do qual não sabe o conteúdo. Mesmo assim, era estranho receber uma carta escrita, ainda mais vindo da capital real. O comum era passar pelo general, não ir diretamente a ela.

A carta não poderia ser sobre a batalha, mesmo que despacharem um mensageiro muito rápido, não daria tempo de saberem da morte de Stain, nem dos estoques salvos. O que significava que o pergaminho não tinha relação alguma com isso. Depois de se isolar, ela retirou o selo da família real e desdobrou o pergaminho.

“Senhorita Asui,

Estou requisitando, por meio deste, sua presença no Palácio real. Eu, o rei, espero que possa juntar seu povo e recuar o mais rápido possível. O assunto que iremos tratar não pode ser expresso por cartas, seria uma honra ter sua presença na sala do trono.”

Um arrepio passou por todo seu corpo, algo estava para acontecer. E pelo tom curto e grosseiro da carta, era algo grave. Sem esperar por mais, saiu em direção do QG. Precisava falar com o general, reunir seu povo, que estava espalhado pelo campo de batalha, fazer a contagem e ter uma reunião antes de recuar. Isso levaria dias, e alguns homens da sua tribo ainda estavam inconsciente, como Midoriya por exemplo. Sua cabeça já limitando suas ações entre 3 a 5 dias, quem ficasse para trás teria que voltar com os soldados do reino. O que, sem dúvidas, causaria desgosto em seu povo. Se juntar e depender de estrangeiros era quase uma ofensa, e essa ação vir diretamente da chefe seria o cúmulo.

— Fazer o que, é as responsabilidades de um líder.— Reclamou em um suspirou, se arrastando com dificuldade até seu cavalo.

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