Respeito

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— Pensei que não quisesse me ver. — Sussurrou abaixando a adaga.

— Kacchan quem decidiu te deixar esperando, não eu. — Midoriya sorriu docemente, mas Todoroki sentiu todos seus pelos em pé. A luz da lua brilhou e era impossível ignorar o brilho prata da arma nas mãos do menino.

— Uma faca? — engoliu seco, por instinto sua mão se apertou na adaga.

— Ah, isso? — Midoriya erguei a arma na frente do rosto — apenas para proteção.

Todoroki sentiu suor gelado escorrendo pelas costas, nunca pensou que Midoriya colocaria tanta pressão segurando apenas uma faca.

— Sobre isso... — parou alguns segundos para pensar exatamente o que dizer, seu instinto dizia que era melhor não irritar esse menino — eu estou aqui para pedir seu perdão.

— Eu esperava por isso. — O menino se sentou na cama, despreocupado.

— É... — Todoroki estava tão tenso que não conseguia formular frases — eu não tenho como explicar o que eu fiz, fui externamente egoísta e não pensei em como você se sentiria. Eu entendo se não quiser mais me ver, mas ainda quero implorar pelo seu perdão.

— Você me assustou. — Midoriya sussurrou olhando para o quarto escuro — Eu estava com medo, e você simplesmente não me soltava.

Todoroki ficou quieto, o coração ardendo de arrependimento.

— Se Kacchan não tivesse chegado, você iria até o fim? — O garoto perguntou com uma expressão vazia.

— Não! — Todoroki falou alto, mas se controlou para não acordar os empregados — Eu, não. Izu, eu... eu perdi o controle. Mas, eu não faria mais nada. Juro pela minha vida, eu nunca faria algo como o Stain.

Midoriya observava a expressão de Todoroki, que sempre parecia indiferente. A única coisa que traia sua aura fria eram os olhos, tristes e sinceramente arrependido.

— Entendo. — suspirou aliviado — eu já imaginava isso, apenas queria uma confirmação. — Midoriya sorriu de leve — Mas, eu tenho uma dúvida. Você vai me atacar outra vez se eu decidir beijar o Kacchan?

Todoroki franziu a testa em desagrado.

— Eu gosto de você, então vou ficar triste. Mas eu jamais faria algo parecido novamente.

— Entendi. — Midoriya sorriu — Mas eu não confio em você.

Todoroki assentiu, era compreensível.

— Isso quer dizer que me perdoa? — perguntou suavemente, com medo da resposta.

— Não guardo rancores. — Midoriya suspirou — Pelo menos eu tento.

O coração de Todoroki acelerou, emocionado e em êxtase por finalmente conseguir seu perdão.

— Como você está? Ouvi muita coisa ruim, sua cabeça deve estar um bagunça. — Todoroki se aproximou e se sentou um pouco longe de Midoriya, demostrando que respeita o espaço alheio.

— Ah, estou bem. — Midoriya balançou os pés — Eu gostaria de me desculpar também, não vi, mas sei que Kacchan e Tsuyu devem ter te batido muito. Eles estavam apenas querendo me proteger, não leve para o coração.

— Eu mereci alguns tapas. — Todoroki sorriu, o coração quente.

— Já que decidimos isso, amanhã cedo você vai embora. — Midoriya suspirou aliviado — Não quero que Kacchan fique com raiva.

— Ah. — Todoroki abaixou a cabeça — Claro.

Depois de se despedir, Midoriya saiu.

No corredor, indo em direção ao quarto de Bakugou, sua expressão se tornou indiferente. Por mais que tentasse, não conseguia sentir nem ódio nem carinho por Shoto, era como se seu coração estivesse morto.

Ao entrar no quarto, finalmente sentiu algo, medo. Bakugou estava sentado no chão, encarando a porta com olhos furiosos. O brilho em seu olhos eram vermelhos e perigosos, como um animal selvagem pronto para matar.

— Você foi ver ele? — Sua foz soava acusatória, como se tivesse cometido um crime.

Midoriya engoliu o susto, sabia que Bakugou nunca encostaria nele.

— Fui. — Midoriya abaixou a cabeça culpado — Mas, mesmo perdoando ele, me sinto vazio.

A expressão de Bakugou suavizou de imediato, com calma, se aproximou e puxou Izuku para um abraço apertado e caloroso. Ficou triste ao pensar que essa pessoa quebrada ficaria um ano lidando sozinho com os próprios sentimentos.

...

O rei se sentou no trono de maneira elegante. Ao seu lado, Hakamata segurava um pergaminho fechado.

— O que é isso? — perguntou suavemente, sem olhar novamente.

— Uma carta de sua alteza real, o príncipe. — Hakamata se curvou e empurrou a carta para o rei.

— Obra e leia, me faça um resumo. — Murmurou sem expressão.

— Sim, majestade. — Hakamata voltou a postura normal e quebrou o selo, com delicadeza desenrolou o papel. Hakamata passou o olhar rápido pela carta, antes de começar a falar — Majestade, o príncipe diz que estará voltando ao palácio, e espera que sua mãe e o senhor o receba...

— O que ele quer aqui? — o rei perguntou diretamente. Sabia da natureza de seu filho, os dois eram indiferentes a família. Eles se odiavam, apesar de respeitar a inteligência um do outro.

— Sua alteza real citou preocupação com a saúde mental de vossa majestade, e pretende te ajudar com a guerra, como um bom príncipe herdeiro. — Hakamata tateou a procura de palavras doces, para não irritar tanto o rei. Na carta, o príncipe diz claramente “O rei esta velho, seu cérebro não pensa como antes, esta na hora de eu pegar meu lugar e encerrar a guerra.” se tal coisa fosse ouvida, a fúria do rei seria despejada toda em Hakamata.

— Saúde mental? Herdeiro? — O rei gargalhou — Moleque arrogante! Quando foi que e disse que minha coroa seria dele?! Ou será que ele ficou doido e esqueceu que eu o coloquei para fora por causa de sua bebedeira ridícula e indigna?!

— O príncipe diz ter parado de beber a alguns meses. — Hakamata desviou o olhar para a folha — Ele também expressa profundamente sua preocupação com a irmã mais nova, em alguns trechos diz que esta na hora dela casar e sair do palácio.

— HaHa! — O rei riu ainda mais — Da ultima vez ele levantou a mão para a princesa, preocupação minha bunda! — O rei enxugou algumas lágrimas — Vá e avise minha filha, e de permissão para a guarda dela matar todos que tentarem encostar na princesa.

— Majestade, isso não insinuaria que a princesa é a favorita ao trono? — Hakamata levantou uma sobrancelha, surpreso.

— E ela não é? — O rei sorriu, despreocupado.

...

A criança de cabelos verdes saiu da casa de Midoriya tremendo e chorando. Pela aparência, o menino não tinha mais que seis anos. Enquanto andava, todos ao redor o olhavam chocados. O garotinho segurava fortemente uma cabeça nas mãos, o sangue sujando toda a sua roupa.

Uma pessoa após a outra parou para observar, um grande círculo se formou para assistir, todos em silêncio com medo do que poderia acontecer se interrompesse a caminhada. O garotinho engoliu seco e levantou a voz.

— Tenho um aviso aos rebeldes. — gritou alto e fino — Todos vocês terão o mesmo destino, caso tentem alguma coisa. — O menino colocou a cabeça no chão e se afastou correndo, chorando e tentando limpar as mãos cobertas de sangue nas roupas que tinham ainda mais sangue.

Todos, ao mesmo tempo, lançaram seu olhar para a casa isolada. Na frente dela, um estaca exibia um corpo destruído e sem cabeça. O medo engoliu o coração da tribo, os mais corajosos se sentiam indignados e não viam a hora de matar esse “chefe”.

Uma das pessoas paradas na multidão veio junto com o senhor. A cabeça exibindo uma expressão dolorosa, o corpo coberto por ferimentos exibiam sua fidelidade com a chefe e ao plano. Silenciosamente, a pessoa se curvou em respeito total.

jovem guerreiro | Tododeku | Bakudeku Onde histórias criam vida. Descubra agora