Fim do dia

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A comandante entrou no QG despreocupadamente, a primeira coisa que viu foi seu mensageiro ajoelhado, confuso e assustado. O estrategista do general Vlad estava ajoelhado também, implorando por sua vida. Alguns homens ao redor apontavam espadas e flechas em sua direção, mantendo ele no lugar.

— Mande alguém até a floresta, agora! — Ordenou ele, olhando seus homens. O local estava agitado, com mensageiros entrando e saindo.

— Ora? O seu estrategista é o traidor? — Perguntou Midnight, sorrindo de lado.

— Você sabia? — O general questionou, furioso.

— O que? Que você estava sendo feito de bobo? É claro que sim. — Midnight sorriu, debochada. Fazia algum tempo que ela suspeitava de uma traição, foi por isso que mandou Tsuyu cuidar dos estoques.

As palavras dela cutucaram a ferida, o general ficou furioso, desembainhou sua espada e avançou em sua direção. Os soldados que sempre acompanhavam Midnight, deram um passo para trás, nem um pouco preocupados.

— Sua puta! — rugiu, entre dentes. Estava cansado dessa postura superior e desdenhosa dela, queria mostrar qual era seu lugar.

O sorriso de Midnight sumiu do rosto, parecia finalmente irritada. Ela pegou sua espada e parou o ataque do general, que continuou atacando com vários golpes pesados, descontando sua irá. Não foi um confronto longo, já que ela o chutou no meio das pernas, fazendo ele se ajoelhar no chão. Rapidamente colocou sua espada na garganta de Vlad, e olhou para baixo com nojo.

— Escuta aqui, seu merdinha. Eu sou muito mais forte que você, e mais inteligente. Só não fui promovida por ser mulher, se não quiser perder a cabeça fique quieto. — Ameaçou ela, com a voz fria e cruel.

O general finalmente parecia ter se acalmado, ele assentiu com a cabeça e recuou. Midnight voltou automaticamente ao seu humor normal, se sentando de pernas cruzadas na mesa do general, mordiscando um peixe seco que achou por ali. Nem parecia que agora pouco estava pronta para matar um oficial. Aproveitando o silêncio que o susto causou, resolveu dar as notícias.

— Os garotos prodígios mataram Stain. — Falou simplesmente, como se falasse do tempo.

— O que?! — O general perguntou, incrédulo.

— Oh, e eu já mandei a garota sapo para cuidar dos estoques. — Completou ela, com um sorriso carregado de desdém.

...

Na floresta, estava ficando cada vez mais frio, e estar completamente nu da cintura para cima não ajudava. Tsuyu, que estava nos braços de Midoriya, respirava fracamente. A noite já tinha chegado, mas não poderiam descansar em uma floresta com um urso e lobos a solta. O fato de Midoriya estar congelando também não ajudava, nem seus dedos sentia mais.

Era um mistério como conseguia se mover ainda, todos seus músculos estavam doloridos por conta do massacre anterior. Sem falar da dor em suas pernas, Stain não foi nem um pouco gentil.

— Merda. — reclamou Midoriya, sacudindo a cabeça em negação. Não queria pensar nessas coisas, não agora.

Depois de um tempo saltando entre galhos sem parar, ele ouviu o assovio da salvação. Algumas pessoas saíram atrás dele, procurando por algum sinal de Tsuyu. Midoriya, com dificuldade, deu um sinal de localização. Depois de alguns minutos, seu povo apareceu. Eles avançaram ate Midoriya e pegaram tsuyu de seus braços. Foi como se tivesse tirado o apoio de Izuku, já que ele despencou da árvore.

— Devemos levar ele também? Pode ser arriscado. — Um dos homens perguntou, encarando Tsuyu que parecia estar quentinha.

— Sim, a chefe gosta dele. Sem falar que ele arrancou suas roupas para manter ela aquecida, isso não me parece a ação de alguém doido. — O homem, que pegou a garota no colo, falou.

Sem questionar, um dos homens desceu da árvore e pegou Midoriya em seus braços. Não conseguiu evitar de encarar todos aqueles hematomas roxos e marcas de mordidas. Se tem uma coisa que sua tribo repudia, é o estupro. Sentiu tanta pena que tirou seu casaco e enrolou Midoriya, mantendo ele aquecido e evitando que outros vissem seu corpo marcado. Agora, os dois bebês estavam indo em direção dos estoques, onde descansariam até o dia seguinte.

...

O exército recuou, dando fim ao dia mais cansativo de todos. A notícia de Stain estar morto se espalhou como um incêndio, estavam todos comemorando. Os responsáveis por esse grande feito estavam cansados, não aparecendo depois de entrar em suas tendas. Ouviram por ai que Bakugou ainda estava dormindo, inconsciente. Todoroki parecia exausto, além de ter uma ferida ainda sem cicatrizar.

Ao redor de uma fogueira, um grupo de soldados se aqueciam enquanto trocavam informações.

— É verdade? — Perguntou um soldado velho aos homens ao seu lado.

— Que Todoroki Shoto surtou quando não achou o escravo? — Perguntou outro homem, curioso.

— Ele não é um selvagem? — perguntou outro, confuso.

— Ouvi que o filho de Endeavor queria correr para a floresta, esse novato ficou completamente doido. Sair por ai a noite, e todo machucado. — Um homem estalou a língua, mostrando seu desgosto.

— Eu ouvi que o escravo é muito amigo de Bakugou Katsuki também. — O homem velho comentou.

— Ele também era um escravo, né? — Perguntou um homem, sem esperar uma resposta.

— Tenho certeza que esse selvagem é a puta deles. Eu vi seu rosto, delicado como uma mulherzinha. — Outro homem comentou, rindo baixo.

— Desculpe interromper, vocês sabem que direção fica o acampamento de Bakugou Katsuki? — Um garoto de cabelos negros perguntou, dando um sorriso forçado.

Os homens apontaram para a esquerda, sem falar nada. Sentiram um arrepio na espinha, nem tinham percebido alguém chegar perto. Sorte não ser alguém da tribo, eles ficariam ofendidos com seus comentários. O jovem não parecia perturbado, apenas seguiu em direção do lugar.

jovem guerreiro | Tododeku | Bakudeku Onde histórias criam vida. Descubra agora