Beijo

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Midoriya acordou e começou a guardar suas coisas, se sentindo muito triste por ter perdido sua espada e arcos roubados pelos soldados inimigos. Foram seus primeiros presentes, se sentia envergonhado de sair sem esses valiosos pertences. A espada que estava em suas mãos pertencia ao senhor que lhe empestou. Mesmo sem ter utilizado, poliu e afiou antes de devolver ao dono.

Por mais que não demonstrasse, estava tenso. Não conseguia focar em nada direito. Os pensamentos sempre flutuando entre preocupação com o rei e a confusão do beijo. O estado físico também não era dos melhores, o corpo ainda doía, mas já conseguia andar normalmente. O sono também não foi dos melhores, teve pesadelos com Stain e morte de Tsuyu. Estava com medo de perder sua nova família, de perder Bakugou por causa do beijo, de perder tudo.

Ao terminar de arrumar sua barraca, apenas deixando a mesa e cadeiras no local, saiu para tomar seu café. O esquadrão, que já se acostumou com Midoriya se sentando com Todoroki, esperava o mesmo hoje. Mas, depois de pegar algo para comer, ele se dirigiu para uma mesa vazia. O esquadrão ficou em silêncio, pensando que seu comandante tinha feito algo. Até Todoroki pareceu incomodado, depois de alguns segundos foi ate a mesa de Midoriya.

— Tudo bem? — perguntou, preocupado.

— Hã? Sim, tudo bem. — O perdido Midoriya respondeu, tomando um gole da bebida amarga. 

— Tem certeza? Você nem tocou na comida. — insistiu, apontando para o pão na mesa.

— Você é surdo? — respondeu Midoriya, ríspido.

— ... — o esquadrão ficou em silêncio, nem a respiração deles podia ser ouvida. Midoriya percebeu isso, e se apressou em dizer:

— Desculpe, eu sinto muito. Só estou preocupado, não deveria ter falado assim com meu superior.

Todoroki sentiu uma apunhalada do coração, Midoriya parecia pensar nele apenas como seu chefe.

— Tudo bem, posso me sentar com você? — perguntou, forçando sua voz a permanecer indiferente.

— Claro. — Concordou Midoriya com um sorriso nervoso.

— Preocupado com a carta do rei? — Todoroki continuou a puxar assunto, tentando demonstrar se importar.

— Sim, eu não consigo pensar em estar na capital real. Eu vou ao palácio, ao p-a-l-á-c-i-o, você consegue entender? E isso pode ser uma coisa ruim. Eu, sinceramente, não queria ter que ir lá. Mas não posso abandonar minha tribo, eu sou parte deles. Também tem essa batalha, que eu não vou mais participar. E o beijo do Kacchan... — Midoriya tagarelou, falava rápido e baixo. Todoroki estava bem interessado no início, até chegar no beijo.

— O que? Beijo? — Todoroki perguntou, não conseguindo esconder seu choque.

— Eu falei beijo? Que vergonha, que vergonha! — resmungou Midoriya, colocando as mãos na frente dos lábios.

— Bakugou te beijou? — insistiu no assunto, olhando intensamente a expressão envergonhada do garoto.

— Eu acabei. Vou para minha tenda, eu partirei enquanto você estiver no campo de batalha. Então, eu acho que isso é uma despedida. — Midoriya se levantou as pressas, se curvou e correu em retirada.

...

— Cadê Kirishima? — perguntou Bakugou a um soldado que trazia pergaminhos de relatórios nas mãos.

— O general pediu para ele liderar o esquadrão hoje, já que o senhor está inapto a se juntar na linha de frente. — O homem relatou.

— Hm. — Resmungou Bakugou, indicando ter entendido.

jovem guerreiro | Tododeku | Bakudeku Onde histórias criam vida. Descubra agora