Lágrima solitária

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— HAHAHAHAH você sabe que não consegue lutar de frente comigo, idiota! — Bakugou gargalhava do garoto jogado no chão. — Use sua habilidade e reflexos ou nem vai ter graça.

Midoriya levantou e acaricou própria bunda, que estava dolorida. Não consiguiu evitar de estufar as bochechas, chateado. Olhando para bakugou se divertindo de sua cara, pensou em algo.

— O que diabos é aquilo?! — Perguntou perplexo.

Bakugou se virou para olhar, nesse momento desceu a espada e lhe acertou em cheio nas costas. O loiro ficou chocado, nao esperava por uma trapaça.

— Isso nao vale! — Gritou indignado.

— Pensar também é uma arma, kacchan. — Midoriya soltou um risada gostosa — Já recuperei meu ponto, e sem esforço algum.

— Continuo com dez pontos de vantagem, você precisa treinar muito ainda, seu merdinha. — Bakugou bufou e se jogou no chão para descansar. Amava passar esse tempo com seu bom amigo, era uma pena que já estava anoitecendo e precisarão voltar logo.

— Estamos com o mesmo placar à anos, muito equilibrado. — Midoriya retrucou.

Nesses dez anos vivendo juntos, aprenderam a se dar bem, a cuidar um do outro. No começo, Midoriya tinha um pouco de medo das lutas, então, perdia com frequência. Principalmente por fechar os olhos, ou correr desesperadamente feito uma criança. Com o passar do tempo, acabou se acostumando a levar porrada e a dar também.

— Se achando por merda nenhuma, Deku. — Bakugou não demonstrava, mas tinha medo da força de izuku. O garoto aprende rápido demais, precisou se esforçar muito para continuar sendo o mais forte — Ok, só mais uma luta e vamos voltar. — não deu espaço para Midoriya reagir e atacou antes de completar a frase.

Passando pelo local, dentro de uma carruagem, um homem loiro que lia alguns pergaminhos enquanto falava com o cocheiro.

— Já podemos voltar, as outras famílias só tem filhos pequenos ou garotas. — ao ouvir vozes, olhou curiosamente para fora. Não muito longe dali, um garoto alto, forte e loiro lutava com um garoto de cabelos verdes.

Era óbvio que o garoto mais baixo não aguentava tantos golpes pesados de frente, para evitar ser ferido, se esquivava rápido e atacava nas aberturas. O homem abriu os olhos em surpresa, esses garotos pareciam bons.

— Pare os cavalos. — Gritou, animado.

Ao sair da carruagem, foi caminhando até os garotos. Sua proximidade repentina chamou atenção do garoto loiro, que olhou para ele e acabou levando um golpe no rosto. Midoriya, que ficou confuso por ter acertado tão facilmente, virou a cabeça e viu que um homem bem vestido encarava eles. Na verdade, encarava Bakugou. Midoriya, como um tímido e educado garoto, perguntou suavemente:

— Senhor, deseja algo?

— Que merda! — Bakugou ficou furioso com a bofetada que levou por culpa do homem, acabou não se segurando e perguntou de forma ríspida — O que você quer, velhote?

Midoriya ficou assustado, Bakugou ficava cada vez mais grosseiro com o tempo. Precisava dar um jeito de corrigir isso, não era inteligente provocar um nobre.

— Me desculpe, ele é sempre assim. — Midoriya sorriu constrangido e se curvou ao nobre — Aparenta ser mais educado quando não fala. — abaixou sua voz e repreendeu o amigo — Você é estúpido? É óbvio que esse senhor é um nobre importante. Fique quieto, ou vai irritar ele.

— Aquela foi uma boa briga. — O homem ignorou a grosseira e elogiou.

— Não estávamos brigando, era um treino. E por sua culpa, Deku me acertou em cheio. Faz anos que não levo uma porrada assim. — Bakugou reclamou, enquanto massageava seu rosto.

— Anos? Vocês já lutaram quantas batalhas? — O homem riu, achando graça dessas crianças falando como guerreiros.

Midoriya franziu a testa e falou inocentemente:

— Acho que umas mil? Nós contamos a diferença de pontos, não quantas lutas tivemos. Perderíamos as contas se esse fosse o caso, não sabemos quase nada de calculo.

O homem, que ria, parou por um segundo, encarou indignado o garoto que parecia sincero.

— Somos escravos, beleza?— Bakugou percebeu que o nobre zombava deles e ficou com raiva — Queremos ser grandes generais, para isso, temos que trabalhar duro. Não somos como vocês, riquinhos, que tem tudo na mão. — bufou, pegou sua espada e saiu.

Midoriya fez uma reverência, se desculpou, e correu atrás dele.

Os garotos ainda tinham que buscar lenha, Bakugou cortou e Deku ficou encarregado de levar. Assim que retornaram para casa, a primeira coisa que entrou em seus olhos foi a carruagem do homem rico, que se encontrava conversando com o mestre dos garotos.

Midoriya entrou em pânico por ter achado que ofendeu o homem nobre de alguma maneira. Em poucos segundos, sua cabeça formou varias maneiras de se desculpar, para evitar não apanhar ou até mesmo ser morto. Quando se aproximaram ouviram a voz do seu mestre falar suavemente:

— Meu querido, Bakugou. Venha, esse nobre senhor quer conversar com você. — Bateu levemente no ombro do outro, como se fossem bons amigos. Quando Bakugou se afastou, o mestre virou o rosto para Izuku e resmungo baixo — Vá guardar a lenha, imprestável.

Midoriya achou engraçado a maneira falsa como aquele gordo tratou Bakugou, tinha certeza que o mestre esfregaria as mãos até ficarem vermelhas depois, como se tivesse tocado em esgoto.

Depois de terminar de guardar as madeiras, a curiosidade e preocupação o impulsionou. Cuidadosamente, se aproximou em silencio da sala de recepções e ouviu atentamente.

— Então, você vem comigo para trabalhar no palácio real?

Midoriya congelou, sua cabeça ficou em branco.

— E o deku? ele é tão bom quanto eu, talvez melhor. — A voz de Bakugou perguntou hesitante.

Ao ouvir isso, Midoriya sentiu um calor quente no coração. Mas, a voz fria do homem destruiu qualquer esperança. 

— Você fala do garoto de cabelos verdes? Só quero contratar você, ele não é útil para mim. Se não quiser se separar dele e continuar sendo escravo aqui, eu vou entender, é sua escolha. Mas, na minha opinião, se fossem amigos mesmo, não limitariam um ao outro. — sua voz tinha um leve tom de desprezo.

Izuku resolveu parar de ouvir. Era doloroso, e poderia acabar ouvindo algo que nao queria. Ainda atordoado, voltou ao celeiro, onde ele e Bakugou costumam dormir. Sua cabeça estava girando, não ouviu muito, mas já se sentia sem chão. Não queria se separar de Bakugou e, ao mesmo tempo, concordava com o homem. Um amigo deve ficar feliz pelo outro, não atrapalhar seu futuro.

— Vou fingir que não ouvi nada. Se ele me contar, eu vou sorrir e dar meus parabéns. Kacchan se sentirá melhor se eu não pedir para ele ficar, talvez me leve com ele quando tiver suas próprias terras. — Izuku pensou positivamente.

As emoções confusas que sentia se sobrepondo fez com que nem percebesse a solitária lágrima que escorreu pelo canto de seus olhos.

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