Durante quatro dias, Severus ficou felizmente sozinho. Descobriu, no entanto, que não se sentia muito confortado com isso. Potter o havia irritado bastante e, à noite, ele se via esperando - com uma mistura mortificante de medo e ansiedade - que Potter viesse até ele. Ele evitava as refeições o máximo possível, não querendo ser visto no mesmo cômodo que o garoto. Quem sabe o que Potter poderia revelar apenas pela linguagem corporal? Ele nem sequer fazia contato visual com Potter durante o dia e, à noite, não ouvia seus passos na casa silenciosa. A poção para dormir que ele havia dado ao garoto era muito forte. Mas um frasco não duraria para sempre, então, nesse meio tempo, Severus se ocupou em preparar doses extras. Doses muito fortes, aliás. Algumas dessas doses ele mesmo usava, para passar a noite sem sonhar.
No quinto dia, eram quase duas da manhã quando Severus ouviu uma batida silenciosa em sua porta.
— Entre — disse ele, sem se mover de onde estava reclinado na cama, com os pergaminhos empilhados ao acaso sobre a mesinha de cabeceira. A porta se abriu com um rangido e lá estava Potter, com a cabeça despenteada e descalço como sempre. Seu rosto estava desenhado, com a aparência de manchas escuras sob os olhos.
Severus se sentou contra a cabeceira da cama.
— Como posso ajudá-lo, Potter? — perguntou ele.
Harry se mexeu de um pé para o outro e pegou a camisa de dormir. Ele estendeu o frasco vazio. — Não estou conseguindo dormir — disse com um sorriso pequeno e envergonhado.
— Pergunte com jeitinho — respondeu Severus, e Potter corou, uma cor rosa bastante atraente que subiu de sua garganta para as bochechas.
— Você pode, por favor, me drogar um pouco mais, senhor? — disse ele, revirando os olhos para o teto. Severus passou a ponta dos dedos e um frasco novo voou para sua mão.
— Sono sem sonhos — disse ele. — Um dos verdadeiros luxos da vida. — Ele o estendeu e Harry deu um passo cauteloso em direção à cama, como se não tivesse entrado por ali apenas alguns dias antes. — Vá em frente, Potter — disse Severus, mexendo no frasco.
Harry olhou ao redor do quarto e depois para o chão. Severus inclinou a cabeça para trás contra a cabeceira da cama e suspirou.
— Tem mais alguma coisa?
Harry raspou os dentes sobre o lábio. Abraçou os cotovelos.
— Não posso - tudo bem se eu ficar aqui por um tempo?
— Claro que não. — Severus olhou novamente para o pergaminho em suas mãos e relaxou o aperto. Ele o estava esmagando.
— Não vou fazer nada desagradável, prometo.
— Por que tipo de tolo você me toma?
— Só até eu cair no sono?
— Não.
Potter encolheu os ombros e se virou para a porta, parecendo abatido. Severus estava agitado. No último momento, ele vacilou.
Não faça isso. — Potter, espere — disse ele, sem rodeios. Droga. Harry parou na porta e se virou para olhar para ele. — Tome a poção, aqui onde eu possa vê-lo. Quando você adormecer, eu o levitarei para a sua cama. — Ele fez uma pausa. — Você está horrível.
Harry sorriu para ele. — Tudo bem — disse ele.
Aproximou-se da cama e pegou o frasco da mão de Severus. O hematoma em seu rosto havia desaparecido. Seu lábio inferior estava cicatrizado e macio - perfeito, novamente - quase como se nada tivesse acontecido.
— Tudo — disse Severus. Harry pareceu, por um momento, que poderia protestar, mas, em vez disso, simplesmente abriu o frasco e bebeu, fazendo uma careta ao terminar. Severus desviou os olhos enquanto engolia, fingindo voltar ao seu pergaminho, agora bastante maltratado. Mas então, para seu horror abjeto, Harry se arrastou por cima dele até o outro lado da cama.
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Pacify | Snarry
FanfictionPacificar: 1. Acalmar a raiva ou a agitação de 2. Reduzir a um estado de submissão Ele cumpriria seu dever. Salvaria Draco, se pudesse. Protegeria os alunos, se e quando a escola caísse nas mãos dos Comensais da Morte. E Potter. No que lhe dizia res...