03. O Campo

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— E como estão indo seus exercícios respiratórios? — Severus perguntou. Era fim de tarde, num domingo gélido e chuvoso de final de fevereiro. Severus estava sentado no sofá e Harry estava sentado no chão, recostado nas pernas. Ele estava com o texto de Transfiguração aberto no colo, mas Severus tinha certeza de que ele estava cochilando.

— Hum? — Harry perguntou vagamente. — Minha coisa de respirar? Tudo bem.

— Você tem praticado?

— Sim. Todas as noites, praticamente. Eu sempre faço o que você me diz.

Severo zombou. — Bem, como isso está de acordo com você? Você não pede um sono sem sonhos há quase duas semanas. — Doze dias, na verdade. Severus estava acompanhando.

— Está bem. Às vezes, tenho que passar por isso mais de uma vez. Se eu acordar ou, você sabe, tiver um pesadelo.

— Bem, se está funcionando tão bem para você, gostaria de tentar algo novo com você hoje.

— Uma coisa mágica? Ou uma coisa de cores?

— Nenhum dos dois — Severus respondeu. Havia um elemento mágico, ele supôs, mas a parte difícil era o foco. Harry se virou um pouco para olhar para ele com uma pergunta nos olhos. — Você está indo muito bem — Severus continuou. — Sem ataques de pânico. — Não desde aquele primeiro dia do semestre. Sua melhora foi tão acentuada que Severus pensou que talvez nunca houvesse melhor momento para realmente desafiá-lo. Quanto mais eles esperassem, mais provável seria que algo o colocasse de volta na estaca zero. Alguma tragédia, mesmo que não tenha sido culpa de Severus.

— Sim. Nada que mereça pânico está acontecendo — Harry respondeu levemente. — Não desde que Hermione decidiu que nosso amor é puro e inocente.

— Que doce.

— Ela também disse isso. — Harry sorriu.

— Bem. Deixando de lado as opiniões dos seus amigos sobre mim, há algo que quero que você aprenda. Você está familiarizado com a hipnose?

— Hipnose? — Harry perguntou, erguendo as sobrancelhas. — Isso não é... coisa de mágico trouxa?

— Não. Bem, suponho que os trouxas possam praticar uma versão mais fraca. No entanto, este não é um truque de festa. É um método poderoso de auto-apaziguamento que usei com grande efeito na minha juventude.

— Sua juventude — Harry zombou. — Quantos anos você tem? Trinta e seis?

— Trinta e sete — Severus respondeu. Harry revirou os olhos. — Preste atenção agora. Quando cheguei a Dumbledore para evitar o assassinato de seus pais e comecei meu trabalho para a Ordem, a pressão era imensa. Tive muita dificuldade em conter minhas emoções. Ocluir meus pensamentos do Lorde das Trevas era tão difícil que regularmente me deixava fisicamente doente. Assim que saísse do lado dele, eu desmaiava devido ao esforço.

— Então, o que, essa coisa de hipnose ajudou você?

— Sim. Isso me salvou, tenho certeza.

Harry se virou um pouco mais, cruzou os braços sobre as pernas de Severus e apoiou o queixo nelas. — Parece difícil.

— Isso é. Mas acho que está na mesma linha da magia que chega tão facilmente a você.

— Então você acha que posso aprender a me acalmar com isso?

— Sim, eu acho.

Harry procurou seus olhos. — Por que preciso aprender a me acalmar?

Severus estendeu a mão para colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha de Harry, e Harry fechou os olhos, mas depois os abriu novamente e franziu a testa. Ele parecia saber que Severus estava tentando desviar sua atenção, e Severus estava tentando fazer isso, então ele parou.

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