10. Frágil Potter

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Harry adormeceu depois, envolto nos braços de Severus, e dormiu sem se mexer até tarde da manhã. Severus supôs que seu corpo ainda estava eliminando o que restava do Sono Sem Sonhos de seu sistema. Poderia levar alguns dias para que ele se sinta completamente normal.

Bem, normal, tanto quanto isso era possível, para Harry.

E Severus tinha certeza de que Harry ainda tinha várias doses em seu dormitório também. Ele pode até ter até uma dúzia. Elas teriam que ser retiradas antes que Harry voltasse para lá. Ele teria que receber uma garrafa de cada vez a partir de agora, não importa o que ele dissesse. Pois embora Harry pudesse insistir que não pretendia se machucar, ele se machucou. E ele continuaria a se machucar e a implorar a Severus que o machucasse também. Era responsabilidade de Severus moderar a dor que ele infligia e, se possível, evitar que Harry se machucasse. Porque se Harry conseguisse o que queria, ele seria feito em pedaços. Como ele havia dito, meses atrás, ele queria ser despedaçado e queria que Severus fizesse isso. E, como ele disse mais tarde, era função de Severus acalmá-lo.

Ele estremeceu um pouco ao lembrar: Harry, recém-liberado da Ala Hospitalar, gritando com ele, tão cheio de raiva e medo que quase colocou fogo nos quartos.

VOCÊ me acalma!

Esse é o seu trabalho!

Você prometeu...

Ele havia prometido e falhado, e agora Harry estava assim.

Dormindo novamente.

E era bom que ele estivesse dormindo. Ele precisava descansar.

Severus resolveu não sair da cama até que Harry acordasse. Ele estava acordando muito sozinho ultimamente, e não havia razão para isso hoje. Ainda faltava quase uma semana inteira para o início do período letivo novamente, e depois de tudo o que havia acontecido nos últimos dias, a ideia de Harry acordar sozinho era repugnante. Então ele ficou, convocando um livro da estante e lendo-o com uma mão enquanto a outra estava presa debaixo da cabeça de Harry, ficando cada vez mais entorpecida. E então, por volta das dez e meia, Harry finalmente começou a se mexer.

— Bom dia — Severus murmurou, enquanto Harry suspirava e virava o rosto para o braço. — Como você está se sentindo? — Ele virou o rosto ainda mais, enterrando-o no peito de Severus. — Entendo.

Severus deslizou os dedos pelos cabelos e voltou ao livro, contente em esperar. E depois de um tempo, Harry falou, sua voz abafada pela pele de Severus como se ele realmente não quisesse ser ouvido. Severus podia ouvi-lo de qualquer maneira.

— Por favor, não me faça perguntas — ele sussurrou.

— Sem perguntas — Severus respondeu levemente.

Havia muitas perguntas e muita coisa que precisava ser discutida. Mas talvez não seja certo então. Talvez ele pudesse fazer uma pausa. Uma pequena pausa em todo o drama. —Podemos conversar sobre outra coisa. Ou podemos tomar banho e pedir comida, se você quiser. — A mão de Harry subiu e passou por suas costelas. — Ou poderíamos ficar na cama.

— Que dia é hoje? — Harry perguntou, ainda sem olhar para cima.

— É dia vinte e nove. Segunda-feira.

— Pelo menos estou dormindo uma quantidade normal, eu acho.

— Você deve estar livre de sua overdose esta tarde, eu espero — respondeu Severus. Harry olhou para ele e depois para longe.

— Eu não tentei me matar — disse ele. Severus beijou o topo de sua cabeça.

— Eu acredito em você.

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