05. Padrinho

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Os habitantes do Chalé das Conchas dificilmente poderiam deixar de notar que Harry, Ron e Hermione estavam tramando alguma coisa, já que passavam quase todos os momentos do dia escondidos no pequeno quarto de Griphook. Na verdade, eles só apareciam para as refeições e, sempre que o faziam, Harry meio que esperava ser separado e interrogado novamente. Mas ninguém tentou. Até Bill os deixou sozinhos, embora continuasse a observar Harry de longe, de uma forma preocupada e pensativa. Mas ele não parecia bravo, então Harry deixou passar. Ele estava acostumado a ser observado e, contanto que Bill não tentasse interferir no trabalho deles, isso não importava.

Lentamente, à medida que planejavam e planejavam os dias de folga, os cativos da Mansão Malfoy começaram a se curar. Olivaras, ainda muito frágil, foi enviado para a casa da tia Muriel de Ron, para onde a maioria dos Weasley havia fugido, e Luna e Dean pareciam quase voltar ao normal. Luna, pelo menos, parecia tão normal como sempre foi, e conversava sem parar sobre todo tipo de coisas bizarras. Foi bom, quase como umas pequenas férias de volta à vida antes da guerra. Wrackspurts e ameixas dirigíveis e Snorkacks de chifre enrugado e tudo mais.

Então, numa sexta-feira à noite, os demais moradores da casa conversaram um pouco na sala de estar. Até Griphook desceu de seu quarto, embora parecesse ainda menos impressionado com a tagarelice de Luna do que os outros.

— Papai está tentando recriar o diadema perdido da Corvinal — ela estava dizendo, e Harry e Ron sorriram um para o outro pelas costas dela. Eles tinham visto aquela coisa ridícula na casa de Xenophilious e duvidavam que isso pudesse tornar alguém ainda mais inteligente. — Ele acha que identificou a maioria dos elementos principais agora. Adicionar as asas da peruca realmente fez uma diferença...

BANG BANG BANG.

Todos na sala se levantaram e apontaram suas varinhas para a porta, exceto Griphook, que silenciosamente deslizou para o chão atrás da mesa de centro. E Harry, claro, que não precisava de varinha. Bill ergueu a mão para silenciar os outros e se aproximou, com a varinha em guarda.

— Quem é? — ele gritou através da floresta.

— Sou eu, Remus John Lupin! — veio a resposta, quase inaudível por causa do vento do mar uivando nas vésperas. — Eu sou um lobisomem, casado com Nymphadora Tonks, e você, o Guardião do Segredo do Chalé das Conchas, me disse o endereço e me pediu para vir em caso de emergência!

Ron e Hermione olharam para Harry, parado entre eles, e depois de volta para Bill.

— Mas... Lupin? — Bill engasgou, abrindo a porta. — Lupin! O que aconteceu?

Remus caiu na soleira, varrido pelo vento e com o rosto branco, e quando se endireitou, abriu bem os braços e gritou sua emergência.

— É um menino! Nós... nós o chamamos de Ted, em homenagem ao pai de Dora! Teddy! Teddy Lupin! Um menino!

Hermione gritou e a sala explodiu em parabéns. Harry apenas assistiu da beirada, silencioso como uma estátua, enquanto Bill abraçava Lupin e segurava sua mão, e Luna e Fleur se abraçavam e gritavam de alegria. Harry se sentiu congelado na indecisão. Ele deveria ir embora? Subir ou sair? Ou ele deveria fingir que estava tudo bem? Parabenizá-lo e retirar-se? Pelo menos a marca em seu pescoço já havia cicatrizado. Pequena misericórdia.

Ron tocou seu ombro e pulou.

— Cara — Ron sussurrou. — Faça sua coisa com o braço. Vamos lá. Ele não tentará nada. Ou, se ele fizer isso, eu cuidarei disso como fiz antes, ok?

— Certo — Harry sussurrou, mas quando ele se moveu para tocar seu ponto de gatilho, ele percebeu com um pequeno sobressalto que não precisava disso. Não houve nenhuma onda de pânico ameaçando dominá-lo. Não havia brilho em seus olhos e ele respirava bem. Ele ficou meio... surpreso.

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