11. Que tipo de homem

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Não demorou muito para que Severus se justificasse em sua decisão de destruir suas próprias memórias daquela primeira noite na Mansão Malfoy. Quatro dias. Isso foi tudo. E então Draco aparentemente ofereceu algumas informações verdadeiramente deliciosas ao Lorde das Trevas em uma tentativa de se proteger do castigo. Ele realmente era um covarde, aquele garoto. Um covarde patético e traiçoeiro.

— O querido Draco, está preocupado que sua lealdade tenha mudado — foi a salva inicial de Voldemort. — Talvez você possa esclarecer, Severus. Acalme minha mente perturbada.

— É mesmo? — Severus respondeu, recostando-se em sua cadeira diante do fogo que Voldemort sempre acendia, não importa quão ameno estivesse o tempo. Nagini estava aos pés deles, enrolada em suas pernas de uma maneira que evidentemente pretendia ser ameaçadora, mas ele a ignorou. Ele estava familiarizado com essa tática e não iria funcionar com ele. — Que triste tentativa de encobrir suas próprias falhas abjetas. — Voldemort riu um pouco, com seu jeito horrível e estrangulado, e bateu os dedos parecidos com aranhas na boca.

— Ele parece pensar que você e o garoto Potter formaram algum tipo de vínculo.

— Bem — Severus começou, cruzando as pernas em absoluto desrespeito à cobra gigantesca a centímetros de suas botas. — Nós temos.

— Oh?

— Oh sim. Como tenho certeza de que você se lembra, meu Senhor, desde meu último relatório até agora, que no início do ano letivo eu consegui coagir o menino a... confiar em mim. — O Lorde das Trevas inclinou a cabeça. — Bem, ficou claro para mim depois de algumas semanas que Potter tinha uma... vulnerabilidade... da qual eu não estava ciente.

— E que vulnerabilidade poderia ser essa?

Voldemort parecia intrigado. Não, mais que isso – ele parecia fascinado – e naquela expressão Severus pôde ver sua confiança. Ele ficou animado ao ouvir que tipo de fraqueza Severus havia descoberto, sabendo que certamente a teria explorado. E Severus explorou isso, não foi?

— Seu desejo de aprovação, meu Senhor. Por... carinho. Mas não do tipo habitual. Ninguém nunca lhe ensinou que tipo de atenção era apropriada, entende? Ele teve uma infância muito conturbada. Abuso. Negligência.

— E? — As pupilas de cobra de Voldemort dilataram-se, como se a dor de Harry fosse um bom vinho, decantado para seu prazer.

— Eu descobri também que ele desejava... — Severus fez uma pausa, considerando suas próprias unhas como se não tivesse medo algum. — Atenção masculina. — A boca de Voldemort se contorceu de alegria e ele continuou. — Então, eu dei a ele.

— Mostre-me.

Severus mostrou a ele. Ele olhou calmamente para os olhos distorcidos e reptilianos do Lorde das Trevas e permitiu que sua mente fosse penetrada. Ele podia sentir isso, como sempre, e podia ver os flashes de memória enquanto eram arrastados para inspeção. A pele branca de Harry. Sua voz, implorando e gritando. Sua submissão, obediência e tormento nas mãos de Severus. Severus também achou que ele se saiu muito bem em conter sua repulsa, pois quando o Lorde das Trevas afastou a invasão, ele parecia quase eufórico.

— Oh, Severus — ele ronronou, e Severus não recuou diante da mão que se estendeu para acariciar sua mandíbula, embora ele tivesse gostado muito de fazê-lo. — Que adorável. Você se saiu tão bem. Mas, meu rapaz, eu não tinha ideia de que seu apetite ia nessa direção.

Harry nunca vai me perdoar por isso.

Ele esmagou esse pensamento antes que sua mente pudesse completá-lo, e permitiu que seus olhos se fechassem como se o elogio de seu mestre fosse tudo o que ele sempre quis. Como se fosse um bálsamo para uma ferida dolorosa, em vez de uma das coisas mais horríveis que ele já tinha ouvido. Mas então Voldemort disse algo ainda mais horrível. Algo que Severus não havia previsto.

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