10. Prata

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Potter não acordou novamente até a uma e meia da tarde de sábado, e Severus teve de torcer para que ele não tivesse tido nada para fazer, porque, se tivesse, certamente estava perdendo o que quer que fosse.

Severus tomou banho e fez a barba. Enviou ao Diretor um bilhete dizendo que Potter estava em seus aposentos. Trabalhou em seus planos de aula e leu. Não querendo deixá-lo sozinho, foi buscar o almoço. Pegou a caixa que Albus lhe dera no dia da festa, abriu-a e fechou-a novamente. Abriu-a e fechou-a três vezes antes de tirar os círculos de prata e inspecioná-los. Virou-os em suas mãos e, em seguida, deslizou um deles sobre o braço esquerdo e bateu nele com a varinha, apertando-o para que se ajustasse ao braço logo após a saliência do pulso e abaixo do contorno vermelho de sua Marca Negra. Perfeitamente sem costuras, caberia facilmente sob uma manga comprida.

Ele o deixou colocado, abotoou o punho e colocou a segunda pulseira no bolso.

Ele leu novamente, desejando ter algumas provas para corrigir e pensando que deveria dar mais lição de casa. Mas então, finalmente, justamente quando estava começando a ficar muito preocupado, ele ouviu leves movimentos vindos de seu quarto. Finalmente.

Ele ficou imóvel onde estava, em uma das poltronas diante da lareira, e esperou, e depois de um tempo, a porta do quarto se abriu e Harry apareceu. Ele estava vestido apenas com a calça do pijama. Descalço e com o peito nu.

— Bom dia — ele disse incerto, demorando na porta.

— Tarde — Severus o corrigiu, e Harry esfregou os olhos sob os óculos.

— Merlin — ele disse. — Quanto tempo eu dormi?

— Um pouco mais de doze horas. Perfeitamente normal para um adolescente.

— Que horas são?

— Uma e meia. Como você está se sentindo?

Harry se espreguiçou e estremeceu. Severus podia ver seus ossos se movendo sob a pele e a delicada mudança dos músculos deslizando uns sobre os outros.

Meu.

O pensamento era quase um grito em sua cabeça. Severus fechou o livro e cruzou as pernas.

— Estou... muito dolorido — disse Harry.

— Acho que sim — respondeu Severus. — E além disso?

Harry considerou. — Acho que... estou com fome?

— Tome um banho então, e eu mandarei buscar comida. E suas roupas.

— Obrigado. — Ele se mexeu desajeitadamente e olhou para o chão. — Estou... com um pouco de medo de ver como estou — disse ele, e juntou as mãos.

Você se parece com algo que eu não deveria ver. Nunca.

— Chega de Príncipe Bruxo, presumo. — Severus se levantou e foi até ele. — Tenho certeza de que você está bem preto e azul.

— Parece. — O rubor de Harry estava florescendo lentamente em suas bochechas e descendo por sua garganta, e ele recuou quando Severus se aproximou dele. A simples visão disso fez com que a pele de Severus ficasse esticada em seu corpo, e ele estendeu a mão e tocou as pontas dos cabelos de Harry, onde eles roçavam sua nuca, e os alisou.

— Eu fui um pouco mais longe do que pretendia — ele começou. — Você tem certeza de que não machuquei você? — A respiração de Harry ficou presa e seus olhos permaneceram baixos. — Responda-me.

— Sim, eu... — Ele parou e engoliu em seco. — Eu me sinto bem, apenas... diferente.

Tímido. Submisso.

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