09. Abrigo

790 44 12
                                    

Quando Harry acordou novamente, estava escuro do lado de fora da janela do sótão e o quarto estava vazio. Ele olhou em volta, piscando com força, e então, tateando o chão em busca dos óculos, quase caiu para o lado da cama.

— Porra — ele sussurrou, mal conseguindo alcançá-los com as pontas dos dedos. Ele os colocou e deitou-se, tonto. Ele ficou assim por um tempo, esperando que sua cabeça clareasse, mas quando isso não aconteceu, ele se apoiou de qualquer maneira e deslizou os pés para o chão. Cambaleando até a porta, ele esbarrou no batente e se segurou nele enquanto a sala girava nauseante ao seu redor. Ele descobriu que poderia andar se mantivesse uma das mãos na parede e, assim, caminhou lentamente até a escada e depois se apoiou na balaustrada enquanto descia até o banheiro mais próximo. Lá dentro, ele se aliviou e depois bebeu da torneira, agarrando-se à borda da pia.

Ele não se olhou no espelho. Ele tinha certeza de que estava com uma aparência horrível. Ele se sentia péssimo - tonto, enjoado, esquisito e exausto - mas obviamente só precisava dormir mais. Mas então, enquanto voltava lentamente para o quarto, um fragmento de vozes distantes chamou sua atenção. Não alto, mas...

Ele inverteu a direção, pendurando-se no corrimão e ouvindo com atenção. A escada inclinava-se ameaçadoramente sob seus pés e as paredes pareciam curvar-se e borbulhar, mas ele perseverou até o pé da escada, no andar térreo. E aí, as vozes eram muito mais claras. A voz dele. Muito clara.

— Só mais um pouco. Ele está estável há horas. Se ele não acordar logo eu vou...

— Severus? — Harry resmungou. Talvez ele ainda estivesse dormindo. Sonhando, de alguma forma, apesar das poções. Severus olhou em volta e ficou de pé tão rápido que sua xícara de chá caiu no chão.

— Você está acordado — disse ele. O Sr. e a Sra. Weasley e Gui estavam sentados nas cadeiras ao redor dele, com os rostos brancos.

— Eu estou? — perguntou Harry. Os olhos de Severus o percorreram e, antes que Harry pudesse dar um único passo para se aproximar, estava nos braços de Severus - cercado por seu cheiro familiar, por seu calor, com uma de suas mãos em suas costas e a outra em seus cabelos - e, independentemente do que Harry tivesse pensado antes, aquilo era seu lar. Era isso.

— Eu não deveria ter deixado você — Severus disse em seu cabelo. — Isso foi imperdoável.

— Está tudo bem — Harry conseguiu dizer, pressionando o rosto no peito de Severus. — Estou bem.

— Não. — Severus apertou-o com mais força e uma onda de alívio e exaustão percorreu-o, tão forte que ele sentiu que iria desmaiar.

— Como você está aqui? — ele murmurou.

— Molly me chamou de volta — Severus respondeu, e então segurou Harry com o braço esticado para olhar para ele. — Eu pedi a ela para verificar você. Quanto você bebeu?

— Eu acho... talvez... demais. — Harry estava tendo dificuldade em focar os olhos. Severus ficou borrado e se dobrou na frente dele como uma miragem.

— Cinco — Severus disse, sua voz endurecendo. — Harry. Cinco?

— Não, eu acho... quatro. Que horas são?

— Quase meia noite. — Os olhos de Severus permaneceram em seu rosto, e Harry desejou ter se olhado no espelho antes de descer. Ele não tinha ideia de como era, mas a julgar pela expressão de Severus, ele não parecia bem.

— Isso não é tanto tempo — Harry protestou. — Fui dormir logo depois do almoço. Onze horas?

— Harry — Severus repetiu, e Harry não gostou da maneira como ele disse seu nome. — Hoje são vinte e seis.

Pacify | SnarryOnde histórias criam vida. Descubra agora