O silêncio foi absoluto enquanto os ecos se dissipavam, deixando Harry agarrado nos braços de Severus, Ron e Hermione jogados juntos em horror, e Minerva McGonagall parada como uma estátua, sozinha.
— Não dê ouvidos a ele — disse Ron, com as mãos cerradas nas costas das vestes de Hermione. — Não dê ouvidos, Harry. Nós vamos lutar, certo? Assim como sempre fazemos. E ele colocará as mãos em Snape por cima de nossos cadáveres, certo?
— Sim - isso - vai ficar tudo bem — Hermione acrescentou, com os olhos selvagens. — Vamos apenas – apenas ir para o grande salão – e ver quem ainda consegue – lutar.
Severus enterrou o rosto no cabelo sujo de Harry. Ele cheirava a fuligem, suor, sangue e ozônio, mas por baixo de tudo isso ainda era Harry, e isso era tudo que ele queria. — Harry — ele murmurou, enrolando uma mão na nuca, sentindo sua pele sob a areia. — Ele está com medo. Você sabe que ele está. Ele está com medo de você. As coisas que você fez...
— Eu tenho que ir — disse Harry, com a voz trêmula, e Severus abriu a boca para responder, mas Hermione chegou antes dele.
— Não! — ela engasgou. — Harry, vamos lá, ele só está tentando enganar você! É mentira!
— Sim, você não pode acreditar nele — Ron acrescentou. — Ele vai matar todos nós mesmo se você se entregar, e você sabe disso!
— Severus — Harry sussurrou. — Ele não pode ter você. Ele não pode. — Foi apenas uma respiração, mas Severus ouviu mesmo assim, do jeito que sempre ouvia os sussurros de Harry. Sussurros compartilhados na escuridão das masmorras - no casulo proibido que eles teceram juntos - sussurros como eu te amo, e não me deixe, e posso ficar?
— Não — Severus respondeu. — Ele não pode me ter.
Houve uma tosse e ele olhou para cima e viu Minerva olhando para ele como um falcão. Como se ela tivesse alguma ideia do que estava acontecendo. Como se ela tivesse algum direito de se intrometer nos momentos finais do universo.
— Seu amante? — Minerva perguntou, e Severus zombou dela, segurando Harry com mais força contra seu peito.
— Que Deus não permita que alguém o ame — ele cuspiu. — Que pecado. — Ele virou as costas para ela, decidindo ignorar todos na terra no futuro próximo. Havia apenas Harry, agora. Na verdade, só existiu Harry desde o dia em que ele nasceu. Apenas Harry e as coisas que Severus poderia ou não dar a ele. Apenas Harry em seus braços agora, ensanguentado, sujo, machucado e cansado, com centenas de vidas em seus ombros. Apenas Harry.
E as coisas que Severus podia e não podia dar a ele.
Ele queria falar. Ele realmente queria. Ele queria dizer algo sobre a magia incrível de Harry, sobre seu poder ou sobre os feitos inacreditáveis que ele já havia realizado naquela noite. Ele queria dizer alguma coisa - qualquer coisa - que pudesse consertar, melhorar ou até mesmo um pouco mais fácil, mas os olhos verdes de Harry se voltaram para ele, e as palavras morreram em sua garganta.
Aqueles olhos. O que ele poderia dizer? Tudo o que ele conseguia pensar era mentira. Conforto, desvio e mentiras.
Só havia uma coisa que poderia ser dita, a verdade.
Harry, há algo que preciso te contar.
Isso era tudo. Isso era tudo o que ele tinha a dizer, mas não conseguia dizer. Era como se as palavras estivessem presas em alguma coisa. Alojadas em seu peito como uma bola de arame farpado, mantendo-o em silêncio.
Mas então uma expressão dolorosamente familiar passou pelo rosto de Harry. Era exatamente o tipo de expressão que ele usou na noite em que Severus tentou compartilhar seu prazer, mas em vez disso revelou tolamente todo o seu coração e alma. A noite em que Harry se agarrou a ele, chorando e tremendo, e então, acalmado, olhou-o nos olhos e disse as palavras: 'Quero que você me diga por quê.' Era assim que ele parecia agora, e Severus sabia que seu silêncio havia sido mais que suficiente. Afinal, este era Harry. Harry Potter, intuitivo do conhecimento proibido. Destemido Harry, ceifador de verdades terríveis. O silêncio foi suficiente e ele estava prestes a dizer algo horrível, tal como fez naquela noite no sofá, com o vinho nas duas mãos. 'Por que há tanta dor dentro de você? Você disse que era amor, mas isso era tristeza'.
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Pacify | Snarry
FanfictionPacificar: 1. Acalmar a raiva ou a agitação de 2. Reduzir a um estado de submissão Ele cumpriria seu dever. Salvaria Draco, se pudesse. Protegeria os alunos, se e quando a escola caísse nas mãos dos Comensais da Morte. E Potter. No que lhe dizia res...