Pacify | Snarry

13. VAI SE FODER

Harry se contorceu durante o sono, e quando Severus acordou e piscou seus olhos pesados, ele se orientou no espaço e percebeu que sua bochecha estava apoiada no peito de Harry, e um braço e uma perna estavam pendurados no sofá, e ele nem tinha conseguiu sair corretamente antes de cair no sono.

Clorofórmio. Ele é clorofórmio.

Ele se mexeu com cuidado, não querendo acordá-lo, mas Harry não pareceu notar quando Severus se retirou, ou quando ele lançou seu feitiço de limpeza habitual e fez desaparecer o sangue manchado em sua boca. E quando Severus levantou o feitiço de aquecimento, colocou um cobertor sobre ele e colocou-o sob seus pés, ele apenas virou o rosto para as almofadas e murmurou um pouco, e então ficou imóvel novamente.

Severus ficou parado por um momento olhando para ele, perguntando-se se deveria levá-lo para a cama e deitar-se também, ou se deveria investigar o estado do corredor lá fora. Ele duvidava que os visitantes tivessem desistido facilmente e não tinha ideia do que Harry havia feito para se livrar deles. Um tanto rude ter incitado Harry a atacá-los dessa maneira quando ele já estava tão irritado. Ele poderia tê-los aparatado no chão, ou congelado no lugar, ou feito uma barreira, ou um guardião, ou derrubado o teto, ou qualquer coisa, na verdade. Poderia ter matado os dois ou transfigurado-os em um par de tartarugas de caixa.

Bem, ele supôs que não faria mal apenas abrir a porta, não é? Se não houvesse ninguém lá, ele poderia enviar um bilhete, ou seu Patrono, e ficar com Harry até ele acordar. E se encontrasse outra coisa, então lidaria com o que quer que fosse.

Arrumando as roupas, ele foi até a porta, abriu-a e soltou uma gargalhada. Porque Harry tinha, de fato, feito uma barreira. Uma parede de luz, tal como no Ministério. Mas isso não foi tudo. Gravadas na luz, voltadas para o corredor, em brilhantes letras douradas com um palmo de altura, estavam as palavras: VAI SE FODER.

O que, claro, foi exatamente o que Severus lhe disse para comunicar aos visitantes. Mas Minerva e Kingsley não tinham ido se foder. Eles estavam sentados no chão das masmorras, imersos em uma conversa inaudível. E isso, Severus esperava, significava que esta iteração específica do escudo inquebrável de Harry era à prova de som, e então eles não o ouviram dizer, 'você está sentindo gosto de sangue, meu amor?' ou ouviu o barulho que Harry fez quando sua audição voltou. Ou os soluços.

Não gostaria que ninguém tivesse uma ideia errada.

Temendo ser queimado ou dissuadido de qualquer outra forma, ele tocou a barreira com as pontas dos dedos, mas descobriu que era quente e lisa como vidro de estufa. Apenas uma parede, então.

Ele bateu levemente com os nós dos dedos. Nenhuma reação. Ele olhou de volta para o sofá e bateu com um pouco mais de força. Ainda nada, então ele tentou acenar, e então seu cérebro se reconectou e ele puxou sua varinha e lançou lumos.

Minerva viu a nova luz na parede e olhou em volta, e Severus observou os dois se levantarem e começarem a gesticular e apontar, seus lábios se movendo de uma forma que o deixou bastante certo de que Minerva, pelo menos, o estava repreendendo. Kingsley não parecia tão irritado quanto ela, entretanto, o que Severus achou que demonstrava uma autoconfiança admirável. Principalmente porque Harry humilhou seus ex-subordinados de uma forma verdadeiramente espetacular e depois disse-lhes para se foder.

Minerva, no entanto, era perfeitamente capaz de dar passos largos em um discurso inflamado e se tornar imparável. Então, quando ela parecia estar fazendo isso, Severus abriu as mãos, gesticulou para o ouvido e encolheu os ombros, e ela ergueu as próprias mãos e olhou para o teto como se estivesse implorando a Deus por moderação. Então ela conjurou um pedaço de pergaminho e uma pena.

Solte o escudo, escreveu ela, e depois ergueu-o para ele ler.

Ele conjurou o seu próprio.

Não posso.