17. Intervenção

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Harry conseguiu chegar até os dormitórios da Sonserina, o que Severus achou um tanto surpreendente. Ele esperava que ele desmaiasse assim que saíssem do corredor. Mas isso não aconteceu e, do lado de fora da sala comum da Sonserina, ele apertou as mãos de Draco e Narcissa e lhes deu boa-noite com muita coerência. E então a porta se fechou atrás deles, e Severus pegou seu braço, e ele deu um único passo, e se encolheu todo. Aparentemente, tudo o que o mantinha ereto era a presença de um par de outras pessoas, e, sozinho com Severus, isso era tudo o que ele tinha.

— Tudo bem — Severus disse gentilmente, levantando-o e colocando-o em seus braços. — Chega de andar.

— Desculpe — Harry murmurou, virando o rosto para o peito de Severus. — Eu fiquei cansado.

— Eu sei.

Severus o carregou pelo resto do caminho até seus quartos, e o levou para o banheiro, e o sentou no balcão encostado no espelho enquanto ele ligava a água. Tirar as roupas de Harry foi um tanto difícil, já que ele estava incrivelmente mole, então, no final, Severus simplesmente as fez desaparecer. Elas estavam rasgadas e queimadas de qualquer maneira, e cheiravam a fumaça e sangue mesmo depois dos feitiços. Depois de alguma pequena deliberação, ele também desapareceu as dele. Não há necessidade de guardar nada do que eles passaram naquela noite, embora ele tenha tirado do bolso o bilhete de Harry. Então, nu, ele baixou Harry cuidadosamente sobre os ladrilhos sob a água quente e sentou-se atrás dele.

Severus lavou o cabelo e o corpo o melhor que pôde naquela posição, e deixou a água escorrer sobre os dois até passar por seus pés. Ele ignorou o curativo encharcado e o jato de água tingido de sangue escorrendo por seu pulso. Ele ignorou seu próprio cansaço e dor, e a forma como a água quente ardia sua pele em mais lugares do que ele esperava. Tudo o que importava era deixar Harry limpo e colocá-lo na cama. Teria sido melhor se ele pudesse comer, é claro, mas isso não poderia ser evitado agora. Ele poderia comer quando acordasse. Comer, falar, chorar e gritar, provavelmente. Mas nada disso iria acontecer ainda.

Harry provavelmente nem sabia onde estava.

Então, Severus o lavou. E quando ficou satisfeito com a limpeza, ele desligou a água e persuadiu Harry a se levantar e vestir uma toalha. Depois, levou-o para o quarto, enxugou-o e deitou-o na cama. Assim que se acomodou, com os cobertores puxados até o nariz, Severus convocou um copo d'água para sua mesinha de cabeceira e depois cuidou de si mesmo. Ele secou o cabelo e o corpo, tirou o curativo e conjurou um novo, e então convocou seu próprio copo de água e o esvaziou. E então ele se virou e viu os olhos verdes de Harry, com pálpebras pesadas e vidradas, espiando-o por cima da roupa de cama, e se assustou. Ele esperava que ele já estivesse inconsciente.

— Ah — Severus disse. — Você está bem? — A pergunta foi tão incrivelmente idiota que ele quase corou. Você está bem. Meu Deus.

— Com sono — Harry murmurou, e então se mexeu um pouco para tirar um único dedo dos cobertores para acenar. — Venha aqui — ele disse suavemente, e ao vê-lo fazer isso, Severus de repente sentiu que poderia realmente explodir em lágrimas. Ou desmaiar. Ou então... desintegrar-se. Mas ele não fez nenhuma dessas coisas. Em vez disso, ele puxou as cobertas e deslizou ao lado dele.

— Estou chocado que você tenha permanecido consciente por tanto tempo — disse ele, apagando as luzes, e Harry se virou laboriosamente para ele e enterrou o rosto. Severus passou um braço em volta dele para puxá-lo para mais perto e entrelaçou as pernas. Seu corpo estava bastante frio, pensou Severus, embora isso fosse de se esperar. E era para isso que Severus servia, de qualquer maneira. Para aquecê-lo. — É uma grande conquista permanecer parcialmente lúcido depois do que você fez hoje.

— Eu sou muito... especial... — Saiu como se ele estivesse bêbado.

— Sim, você é — Severus respondeu, beijando seu cabelo. — Durma agora.

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