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Oi, Maraisa Pereira? Oi, Maraisa Pereira? A loira descarada tinha mesmo tido cara de pau para a cumprimentar? Oi, Maraisa Pereira? Como se estivesse tudo bem, tudo certo, tudo lindo. Como se elas ainda fossem melhores amigas. Como se Marilia, não tivesse sumido da vida da morena, sem lhe dar pelo menos uma explicação plausível. Como se tivesse respondido seus e-mails, mensagens de texto, ligações, postais. Como se não tivesse fodido com os sentimentos da amiga, quando resolveu ignora-la de todas as formas possíveis. Como se a loira traidora não tivesse a delatado. Como se Regina, não estivesse ali única e exclusivamente por culpa daquela cara de pau, que um dia, ela chamou de amiga.

Não! Nenhum tipo de, "Oi, Maraisa Pereira!" faria o ódio de Maraisa, diminuir. Nem mesmo vindo acompanhado de um sorriso largo, idiota, que uma vez foi o sorriso preferido de Maraisa. Na verdade, aquela saudação deslavada, só serviu para deixar Maraisa, ainda mais possessa, estressada e irritada. Se ela já odiava Marilia, antes, aquele, "Oi, Maraisa Pereira" fez seu ódio triplicar.

Maraisa, estreitou ainda mais os olhos, ela apertava com tanta força os dentes uns contra os outros, que era possível ver uma veia alta em sua testa. Suas mãos que seguravam as porcarias das roupas de cama, estavam fechadas em punho. Pensou seriamente em largar tudo no chão e partir para cima de Marilia, mas acabou optando por não fazer, já que seu corpo todo ainda estava tremendo. Decidiu deixar a loira no vácuo e sair logo dali, mas Marilia, foi mais rápida e agiu primeiro.

– Meu Deus! Como eu senti sua falta. - Os olhos da traidora brilhavam e ela não conseguia abandonar o sorriso de jeito nenhum. Maraisa, estava mesmo ali, um pouco diferente da Maraisa que toda a noite habitava seus pensamentos. A Maraisa, parada em sua frente, tinha abandonado o ar de adolescente. Ganhou um corpo com mais curvas. Os cabelos que antes batiam no meio de suas costas, agora estavam chanel, e seus olhos, seus olhos pareciam ter perdido o brilho, a inocência. Agora eles eram tristes, inseguros e raivosos.

Marilia, queria muito abraça-la, na verdade, precisava abraça-la, sentia uma imensa necessidade de fazer daquilo. A intuição da loira dizia que os braços de Pereira, poderiam livra-la da sensação de vazio que sentia há muito tempo. Foi pensando nisso, que ela deu um passo a frente, mas instantaneamente, Regina, deu dois passos para trás, como se de repente, Marilia, tivesse uma doença muito da contagiosa. Aquilo fez o sorriso da loira desmanchar. A amiga não a perdoaria. Estava na cara que ela sequer, iria parar para ouvi-la.

– Mara, por favor, me deixa explicar. - Implorou. Se fosse preciso, ela se ajoelharia naquele chão imundo.

– Vocês se conhecem? - Ao perceber que sua ovelha perdida, não tinha saído do banheiro, Maiara, voltou e deu de cara com uma morena petrificada, e uma loira tão sorridente, que parecia ter no mínimo, ganho na loteria. Ao constatar que sua ovelha perdida não parecia bem, Maiara, resolveu interferir, naquilo que parecia um reencontro. - Você está bem? - Questionou ao tocar o ombro de Maraisa.

– O que acontece se eu bater em alguém? - A voz raivosa e ameaçadora da morena, não passou de um sussurrar. Maiara, olhou de Maraisa, para Marilia, e temeu pela loira. Mal conhecia a ovelha perdida, mas pelo o olhar mortal que a mesma lançava em direção a loira, era capaz de apostar o que tinha e o que não tinha, que a loira com olhos marejados, não duraria um minuto.

– Você vai parar na solitária. Acredite em mim, você não quer parar lá. - Tentou colocar panos quentes.

– Será? - Questionou sem desviar os olhos da traidora.

– Maraisa... - Marilia, tentou de novo e de novo, a amiga recuou.

– Não toque em mim! - Praticamente rosnou.

– Eu só quero conversar. - Ouvir aquilo fez Maraisa lhe lançar um meio sorriso sarcástico. Marilia, odiava aquele sorriso. Preferia encarar a amiga brava, do que ganhar aquele tipo de sorriso. Aquele era um sorriso de puro desprezo. Mendonça, lembrava muito bem, da última vez que ganhou um sorriso daquele. Aliás, aquela era a última lembrança que ela tinha da amiga.

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora