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"Pânico, Marilia sentiu o pânico tomar conta de si."

*

(...) As crises de choro de Marilia continuaram durante toda semana, um pouco mais contidas, um pouco menos desesperadas, mas continuaram. Sempre que estava prestes a chorar, tentava dar um jeito de fugir de Maraisa, preferia chorar sozinha, preferia sofrer sozinha, era mais fácil desse jeito. Se sentia cada vez mais culpada, cada vez mais errada quando a morena lhe pegava chorando, e chorava junto enquanto tentava a consolar sem saber o verdadeiro motivo. Algumas vezes até tentou falar a verdade, mas fracassou em todas essas vezes, então começou a adiar de um dia para o outro, e o tão temido momento acabava nunca acontecendo.

Maraisa já não sabia mais o que pensar sobre as crises da namorada. As vezes achava que ela estava daquele jeito, porque mais dia, menos dias, a morena teria que ir embora, e ela teriam que se separar, mesmo que temporariamente. Outras vezes achava que não era exatamente aquele o motivo das choradeiras, as vezes tinha quase certeza que Marilia não estava lhe contando algo, e era esse algo, que estava a deixando daquele jeito.

Tentou de todos os jeitos possíveis descobrir se existia mesmo alguma coisa. Mais dúvidas foi tudo o que conseguiu. Por fim, resolveu desistir, antes que acabasse fantasiando coisas que não existiam e brigasse com Marilia por tal motivo. Se existia mesmo alguma coisa de errado, uma hora ou outra, Marilia acabaria contando, não conseguiria sofrer daquele jeito sozinha por muito tempo, então tudo que Maraisa precisava fazer era ser paciente, e esperar até o momento de desabafo.

Mais um domingo tinha chego e mais um domingo as duas se atrasaram para as visitas, coisa que acontecia cada vez com mais frequência e que deixava Danilo muito irritado. Maraisa não fazia por mal, odiava se atrasar, odiava fazer o que estava fazendo com o marido, ele não merecia aquilo, mas simplesmente perdia a noção da hora. Ao avistar o homem ela abriu um sorrisinho de desculpa, e caminhou rapidamente até ele, lhe deu um breve abraço e um beijo no rosto, e antes que ele tentasse um contato maior, ela sentou-se.

O homem suspirou, coçou a cabeça, e lançou um olhar mortal em direção a Marilia, que tinha acabado de sentar à mesa com os pais. Não pôde deixar de sorrir para a loira, ao vê-la olhando em sua direção. Não estava nem um pouco feliz com o atraso da mulher, e ficava ainda pior sabendo o motivo de tal atraso, mas não se permitiria ficar irritado naquele dia, já que enfim, veria Marilia se dando mal. Dali alguns minutos, a maldita loira voltaria a ser passado, e ele faria de tudo para que ela jamais saísse de lá outra vez. Em sua mão, segurava um envelope amarelo, dentro dele, estava a destruição de Marilia Mendonça. Segurou o papel com força, antes de sentar-se de frente para sua mulher e sorrir parar ela.

– Está tudo bem? Cadê Léo? – Estranhou a ausência do filho, e seu lado paranoico protetor, já a fez pensar que tinha acontecido algo com o garoto.

– Está tudo ótimo, querida. – Voltou a sorrir. – Léo está esperando lá fora, tenho alguns assuntos para tratar com você e não acho interessante ele presenciar. – Desconfiada, Maraisa assentiu com a cabeça. Manteve os olhos no marido tentando imaginar quais assuntos seriam esses. Marilia logo veio em sua mente, mas pelo semblante tranquilo do homem, teve quase certeza que não se tratava da loira.

– E que assuntos seriam esses? – Indagou com curiosidade. O homem lhe estendeu as mãos, pedindo pôr as dela. Ao recebe-las ele as afagou com os polegares.

– Tenho dois, um ótimo e outro nem tanto. – De novo ela assentiu. – Vou começar pelo ótimo, pode ser? – Concordou.

– Fala logo, homem! Esse suspense está me matando. – Ele sorriu.

– O próximo domingo vai ser seu último domingo aqui. – Contou com empolgação. Ao ouvir tal coisa o pequeno sorriso da morena desapareceu, e o coração dela acelerou. – Dia sete, uma quarta-feira, as 13:00 horas, você se tornará uma mulher livre novamente, querida. Dez dias, apenas dez dias separam você da liberdade. Isso não é incrível?

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora