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"Diga ao Diabo que Marilia Mendonça mandou lembranças."

*

– Sabe a surra que ganhei na prisão? – A morena assentiu e antes de continuar Marilia desviou os olhos dos dela. – Ela me bateu porque eu pedi. – A confissão não passou de um murmurar, murmurar que Maraisa ouviu muito bem.

– Você o QUÊ? – Indagou perplexa.

– Eu combinei com ela antes. – Marilia baixou os olhos e os prendeu nas suas mãos. – Você não queria saber de mim, eu não sabia o que fazer. Tudo que eu queria era conversar, mas você não me dava chances. Por isso pedi para ela me bater, suspeitava que se eu estivesse machucada, você pararia para me ajudar, ou pelo menos saber se eu estava bem.

O que tinha acabado de ouvir era tão absurdo, tão inacreditável que chegava até a ser um pouco doentio. Maraisa estava completamente sem reação, ainda incrédula com tal confissão.

– E eu transei com ela um tempo depois, como "pagamento" por ela ter me ajudado. – Maraisa respirou fundo, e antes de dizer qualquer coisa, voltou a pegar seu copo de bebida o entornando. Estava enojada e com vontade de gritar com Marilia.

– Deixa eu ver se entendi direito. Ela quase matou você, porque você pediu, e como recompensa você transou com ela. – Naquele momento Maraisa xingou Danilo, pelo o que tinha a feito, já que graças aquilo, não conseguia usar o tom de voz que queria.

– Você pode me perdoar? – Marilia continuava olhando as mãos.

– Não! – Respondeu de imediato, o que fez a loira tomar coragem, levantar a cabeça e encara-la.

– Por favor? – Implorou. Maraisa bufou, pôs-se de pé e foi até o bar, fez outra dose dupla e então voltou para sua poltrona, dessa vez trazendo a garrafa de whisky consigo. – Por favor? – Marilia insistiu.

– Não agora, preciso de um tempo para digerir. – Avisou.

– Ok. – Não tinha outra alternativa a não ser concordar. – Se serve de consolo até hoje minhas constelas ainda doem. – Marilia balançou a cabeça negativamente.

– Nesse caso devo dizer, bem feito. – Deu outro gole em seu whisky. – E não, não serve de consolo. – Esbravejou. Se existia lugar no guines book para mentirosos, Marilia certamente fazia parte dele.

– Eu sinto muito... – Murmurou. – Sei que é difícil ouvir, mas... eu... eu não quero mais mentir, não para você, Maraisa. Não quero nunca mais ter que ver você me odiando, me dando as costas, por culpa de uma mentira minha. Ver você... – Sempre que pensava no fatídico dia em que Maraisa descobriu a verdade, tinha vontade de chorar. – Eu só... não quero mais magoa-la e consequentemente não quero mais magoar-me. – Murmurou com lágrimas nos olhos. Ao ouvir tal coisa, ao ver quanto aquele assunto mexia com a amiga, Maraisa suspirou, já quase vencida. Maldita Marilia, aquela mulher, como conseguia ser tão persuasiva?

– Tem mais alguma coisa que devo saber ao seu respeito? – Questionou morrendo de medo de ouvir a resposta.

– Tem. – Marilia soltou com o ar, então fixou os olhos nos de Maraisa. – Gold. – Ao ouvir o nome do patrão da loira, o coração de Maraisa acelerou. – Ele está morto. Suicidou-se. Na verdade, eu o obriguei a fazer isso.

Horas antes...

Marilia batia os pés impacientemente contra o chão do carro, em um claro sinal de nervosismo, enquanto suas mãos tiravam mais uma bala de halls da embalagem. Já tinha devorado quase todas as balas em menos de dez minutos, o que nada mais significava do que outro sinal do seu nervosismo. Levou a bala a boca, e dobrou várias vezes a embalagem, antes de guardar o que tinha sobrado no bolso do seu moletom.

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora