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"Você é a única coisa certa na minha vida errada."

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– Não tem ninguém! – A ouviu resmungar e não pôde deixar de sorrir, era aquilo que ela sempre dizia quando estava de mal humor e queria ficar sozinha.

– Mas eu vou entrar mesmo assim. – Avisou ao abrir a porta e entrar. Surpresa com a visita totalmente inesperada, Marilia arregalou os olhos e seu corpo teve a mesma reação adolescente idiota de sempre. – Posso? – Pediu ao ver que Marilia não esboçava nenhuma reação.

– Claro! – Respondeu. Como não sabia o que fazer, continuo deitada. – Pensei que fosse meu irmão. – Desculpou-se.

– Encontrei com ele lá na rua, ele me deu permissão para subir. – Explicou-se enquanto fechava a porta atrás de si.

– E não se ofereceu para subir com você? – Questionou de sobrancelhas arqueadas. O ar irônico e ciumento com o qual fez a pergunta, fez Maraisa rolar os olhos.

– Não. – Foi tudo que respondeu. Tirou os olhos de Marilia, e os passou pelo quarto. O tempo parecia não ter passado ali, tudo continuava exatamente igual.

– Chega para lá. – Fez sinal com a mão para que Marilia lhe desse um espaço na cama e prontamente foi atendida. Antes de deitar-se ao lado da loira, tirou suas botas. Ficaram em silêncio por um tempo, as duas com os olhos no teto, até a morena fechar seus olhos por alguns segundos, em uma tentativa de amenizar sua dor de cabeça, foi quando o som da TV chamou sua atenção e a fez voltar a abrir os olhos, os concentrando na TV. Franziu o cenho e perguntou-se porque motivo Marilia estava assistindo a vida sexual dos macacos. – Quando é o enterro da sua avó? – Já que a loira não dizia nada, tentou puxar assunto.

– Amanhã no começo da tarde. – Respondeu. Estava nervosa, não sabia exatamente o que Maraisa estava fazendo, o que realmente significava aquilo. E estava com medo de perguntar. Se não perguntasse, podia fantasiar que a morena tinha aceitado todas as suas mentiras, aceitado a morte de Gold, e decidido lhe dar uma chance. Se perguntasse, podia ganhar uma resposta da qual não gostaria. Então decidiu ficar na ignorância.

– Por que diabos você está assistindo isso? – A morena apontou para a televisão, e ao olhar para a mesma, Marilia viu dois macacos transando.

– Ah meu Deus! Eu não estava. – Respondeu na defensiva. - Pornô no mundo animal definitivamente não faz meu tipo. – Envergonhada, tentou se desculpar e explicar, o que acabou fazendo Maraisa rir. – Eu não sei onde está o controle. – Resmungou, antes de levantar a cabeça e procurar pelo mesmo.

– Eu sei. – Estava ao lado do porta-retratos. Maraisa esticou o braço e o pegou. – Aqui. – O estendeu para Marilia, que ao pegar o controle, pegou também a mão da amiga.

– Você estava fumando? – Juntou as sobrancelhas, enquanto seu nariz farejava perto de Maraisa. Pegou a mão que estava junto a sua e ao controle e a levou até perto do nariz. – Estava. – Concluiu.

– Henrique me ofereceu e eu estava precisando muito. – Respondeu na defensiva e ganhou um olhar de advertência.

– Estou muito precisando pular de uma ponte no dia de hoje, quem sabe se Henrique se oferecer para pular comigo, eu aceite fazer isso. – Maraisa esboçou um sorriso.

– Cala a sua boca! – Resmungou.

– Pare de fumar! Além de prejudicar seus pulmões, esse cheiro em você me faz lembrar de coisas que você jura não lembrar. – Aquela talvez não fosse uma boa hora para Maraisa confessar que lembrava, não estava ali para ter aquele tipo de conversa, pelo menos não naquele dia. Sabia que se tocassem no assunto, as coisas provavelmente tomariam um rumo muito diferente do que ela tinha em mente. - O que você quer assistir? – Marilia questionou, quando o seu comentário fez o silêncio tomar conta do quarto.

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora