"Marilia é a sua pessoa."
*
Maraisa ficou parada em frente ao enorme portão de ferro, que tinha sido fechado diante de si. Não conseguia se mover, mal conseguia respirar. As lagrimas nublavam seus olhos, e a imagem de Marilia na janela lhe acenando, não abandonava sua mente. Pensou seriamente em bater naquele portão, em fazer com que o abrissem.
Queria correr até o segundo andar, se viu desesperada para um último abraço, um último beijo, para ouvir a voz que tanto lhe trazia calma por uma última vez, mas antes que pudesse fazer tal coisa, sentiu braços a envolverem. Danilo, era ele quem lhe abraçava, enquanto ela continuava do mesmo jeito, inerte, incapaz de retribuir aquele abraço, incapaz de fazer de conta que estava tudo bem.
Léo nada disse, não sabia ao certo o motivo daquele choro, se era de felicidade, tristeza, saudade, tudo junto, mas de uma coisa tinha certeza, Marilia era um dos motivos das lágrimas da mãe. Ele a apertou o mais forte que pôde, em uma tentativa de lhe transmitir segurança, e ficou lá, agarrado a ela por uns bons minutos, só a largou quando o choro cessou e ela afrouxou os braços do abraço esmagador.
Maraisa tinha fixado os olhos na janela lateral, mas a verdade é que não fazia noção das coisas que passavam por ela. Não conseguia parar de pensar em Marilia, ficava imaginando o que estaria acontecendo com a loira naquele exato minuto. Se perguntava se a loira tinha a ouvido na enfermaria, e se tinha, por que não a deixou saber sobre aquilo?
Por que não abriu os olhos para que conversassem? Por que a deixou ir sem um último abraço? Queria saber como ela foi parar na janela da "despedida". E queria saber também se aquilo lhe causaria algum castigo. Não queria que Marilia voltasse para solitária, sentia pavor só de pensar sobre tal coisa. Pediu a Deus, para que Maiara tivesse conseguido leva-la de volta a enfermaria, e para que a lábia de French, tivesse conseguido convencer a enfermeira a relevar qualquer coisa.
– Léo, você vai na frente, preciso de um minuto com a sua mãe. – O garoto apenas assentiu e mesmo curioso sobre a conversa que teriam, não disse nada, apenas abriu a porta e foi.
– Querida, feche a porta, tenho uma coisa para você. – Maraisa rolou os olhos e fez o que lhe foi pedido, fechou a porta. A verdade é que estava sem um pingo de paciência para o marido naquele momento. Eles simplesmente não conseguiam mais conversar civilizadamente, sem uma provocação, uma discussão ou acusação.
– E que coisa seria essa? – Indagou com o marido ao voltar-se para ele. O homem lhe sorriu, e tirou a carteira do bolso interno do paletó. Maraisa soube exatamente do que se tratava ao ver aquela cena. A aliança de casamento. Entregou para Danilo minutos antes de entrar na prisão e ele a guardou exatamente lá. Agora infelizmente estava a devolvendo.
Pegou a mão esquerda da mulher, e sem dizer nada deslizou a grossa aliança de ouro branco cravejada de brilhantes pelo anelar dela. Sorriu e beijou sua mão.
– Bem melhor assim. – Enquanto ele sorria, ela tinha vontade de chorar.
– É só isso? – Questionou sem paciência.
– Por que você está brava comigo? – A verdade é que nem Maraisa sabia o motivo de estar irritada, apenas estava.
– Não estou brava. – Respondeu com rispidez.
– Eu já tirei muita gente da prisão, perdi a conta de quantas pessoas tirei de lá, mas nunca, nunca em todos esses anos, vi alguém triste, irritado, chateado, por ter que sair de lá. Se não for pedir demais, será que você pode esquecer a sua ex-namoradinha, e todo o romance lésbico que vocês tiveram, e dar um pouco de atenção para a sua família? Família essa que foi perseguida por traficantes única e exclusivamente por culpa do seu romance lésbico.
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ESCAPE | MALILA
FanfictionMaraisa foi sentenciada a 13 meses de prisão por ter cometido um pequeno delito no passado. Na prisão, ela acaba esbarrando com sua ex melhor amiga e delatora, Marilia Mendonça. Mulher que partiu seu coração ao abandona-la sem nenhuma explicação lóg...