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"Não é possível você ainda ter alguma dúvida."

*

(...) Já passavam das 2:00 horas da tarde na prisão feminina de Litchfield, como era domingo, as detentas tinham o dia de folga, então Maraisa e Marilia ainda continuavam na cama. A morena estava em um sono profundo, o sono dos justos. Dormia tranquilamente nos braços da namorada, que estava acordada fazia um tempo, e estava velando o sono de Maraisa. Fez cara feia para French e Maiara, quando as duas começaram a tagarelar por ali, e mesmo sem dizer uma palavra, deu um jeito de expulsa-las de lá.

Sentia parte dos ombros onde a cabeça da morena estava deitada, dormente, mas não ousava se mexer. Gostava do jeito com o qual Maraisa estava abraçada a ela, o corpo quente da morena estava praticamente todo em contato com o seu. Era como se ela estivesse abraçada a seu bichinho de estimação ou coisa assim. Marilia riu ao fazer tal comparação. Fechou os olhos e suspirou, cenas da noite passada povoaram sua mente, a fazendo abrir um sorriso enorme.

Ainda era difícil acreditar que aquilo era real, acordou muitas vezes durante a madrugada, sempre assustada pensando que tudo não tinha passado de um sonho, mas aí olhava para o lado e respirava aliviada, ao ver Maraisa grudada a si. Sim, elas dormiram na mesma cama e não, não foi por insistência de Marilia. Quando deitou-se ao lado de Maraisa para desejar-lhe boa noite, a morena simplesmente recusou-se a deixar a namorada sair de lá. Agarrou-se a ela e instantaneamente dormiu.

Voltou a suspirar lembrando-se dos toques, das caricias, das palavras sussurradas, da cumplicidade. Seu coração e seu estômago reagiriam as lembranças e ela sentiu-se tentada a acordar a namorada para criarem novas lembranças.

O bichinho da esperança que tinha sido plantado dentro de Marilia na noite passada, já tinha crescido. Ela já começava a imaginar a vida com Maraisa fora dali. Sabia que teria que ralar muito e que ganharia pouco, mas não tinha nenhum tipo de dúvida de que valeria muito a pena. Não importava o quão ferrado pudesse ser o seu dia, sabia que no final dele, quando chegasse em casa e encontrasse Maraisa, esqueceria de tudo. Acabou se sentindo ansiosa ao pensar naquilo, de repente sentiu uma vontade louca de sair logo dali e começar logo a viver.

Queria começar sua vida o quanto antes, queria conhecer algodão, queria levar Maraisa a casa dos pais e apresenta-la como sua namorada, queria um jantar em família, queria mostrar para Henrique, que Maraisa era dela, queria andar por aí de mãos dadas com a morena, queria mostrar para o mundo que estavam juntas, na verdade queria gritar isso aos quatro ventos.

Apertou os braços em volta da namorada ao pensar sobre tudo aquilo. Maraisa que estava quase acordando, com aquele ato acabou por acordar. Permaneceu de olhos fechados, e sorriu largo ao sentir os braços de Marilia em volta de si. Foi mesmo real, não tinha sido um sonho. Agradeceu a Deus por tal coisa. Se sentia tão bem, tão em paz, tão aconchegada nos braços da namorada, que teve vontade de voltar a dormir só para continuar por ali mais um pouquinho. Preguiçosamente seus dedos se arrastaram pelo braço de Marilia, o acariciando.

– Preguiça, você acordou? – Sua voz acabou quase não saindo. Maraisa estava com muita, muita preguiça de abrir a boca para responder, então só levantou o polegar. – E perdeu a língua, devo deduzir. – A morena abriu um sorriso preguiçoso e de novo levantou o polegar. – E agora, o que vai ser de mim sem sua língua? – Indagou. – Eu já estou viciada nas coisas que ela faz, Maraisa. – A morena escondeu o rosto no vão do pescoço da namorada abusada e deu um leve tapa em seu braço, a fazendo rir.

– Desagradável! – Resmungou com voz de sono.

– Ai mulher! Essa sua voz quase inexistente de preguiça, me faz ter vontade de esmagar você. – Voltou a aperta-la em seus braços. De novo a morena sorriu. Oh Deus! Estava ridiculamente, pateticamente, amando e não podia estar se sentindo melhor.

ESCAPE | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora